teologia para leigos

17 de julho de 2012

PORTUGAL, RESERVA NATURAL... DA ALEMANHA

Serra da Malcata - ao menos, protejam o Lince...

O PAÍS ESTÁ A FECHAR
nas zonas longe do Poder

Há 27 concelhos que perderam escolas e serviços de saúde e agora estão em risco de ficar sem tribunal.
Em 7 anos, encerraram 3481 escolas, 700 extensões de saúde, 9 maternidades e 16 urgências.


As sucessivas políticas de encerramento de serviços públicos penalizam sobretudo os distritos interiores do Norte e Centro. É o Estado a fechar-se ao Interior e a recuar nas funções sociais.


PORTUGAL - Reserva Natural...

É uma tripla ameaça: perderam escolas, serviços de saúde e estão na iminência de ficar sem tribunais. A investigação realizada pelo JN identificou 27 concelhos nestas circunstâncias, onde as populações têm dificuldade crescente no acesso aos serviços públicos que garantem direitos fundamentais: Educação, Saúde e Justiça.

Foram as Maternidades, as Urgências, as Consultas à Noite, as Extensões de Saúde nas localidades mais recônditas, as Escolas Primárias isoladas, primeiro com menos de 10 alunos e, mais recentemente, com menos de 21.

Agora são 54 Tribunais e já se fala de outras Repartições Públicas. O país está a fechar no interior, nas zonas mais afastadas dos centros do poder e a função social do Estado está em causa.

O JN fez o levantamento dos serviços públicos que fecharam e abriram desde 2005, altura em que começaram a ser implementadas, no primeiro Governo de Sócrates, as reformas da Saúde e na Educação. Alegou-se que a centralização de serviços iria melhorar a qualidade dos cuidados de saúde e do ensino.

O abandono dos campos


Fecharam 3481 escolas

Na prática, foram milhares de encerramentos só escolas do 1º Ciclo foram 3481, mais de 700 extensões de saúde, nove maternidades e 16 urgências hospitalares. Embora o saldo não possa ser reduzido à frieza das estatísticas, os números ajudam a retratar um país crescentemente clivado.

A extinção de tribunais, repartições de finanças e outros serviços públicos, que o Governo prepara em nome da racionalização de recursos, é mais do que uma nova vaga de cortes. É um rude golpe nas regiões mais afetadas pela interioridade e a macrocefalia bipolar do país.

Os distritos mais afetados são do interior Norte e Centro. Só em Bragança, há cinco concelhos que fazem o pleno das perdas. Carrazeda de Ansiães, por exemplo, ficou sem as 29 escolas do 1º Ciclo isoladas, o serviço de atendimento permanente (SAP) e o tribunal está na lista dos fechos. Alfândega da Fé, Miranda do Douro, Vimioso e Vinhais estão em idêntica situação.



Portugal, 'sítio' arqueológico...


Recuo das funções sociais

“É o Estado a fechar-se ao país com o recuo evidente das funções sociais”, considera o sociólogo Nélson Dias, que alerta para o risco de as zonas rurais se transformarem em “espaços museológicos”. “Votadas ao abandono e ao esquecimento”, as populações do Interior sentem que só são lembradas “quando é para cortar”, diz o presidente da associação In Loco e promotor dos orçamentos participativos.

Para o geógrafo Álvaro Domingues, “a desarticulação de políticas” do “Estado macrocéfalo e centralista” traduziu-se em medidas dispersas que acentuam o esvaziamento de algumas zonas e as clivagens regionais que sempre existiram. “O equilíbrio regional é um mito, nunca existiu”, considera o professor da Faculdade de Arquitectura do Porto, que reconhece, porém, que os encerramentos e a falta de políticas de emprego só pioram a situação. O que está em causa, diz o autor de “A vida no campo”, é um problema mais vasto: “É a metamorfose do Estado social num modelo de Estado liberal puro e duro”.

Helena Norte
Jornal de Notícias, 16:VII:2012




Só falta encherem isto tudo de eucaliptos ou de campos de golfe...


REGIÃO NORTE PERDE 1256 ESCOLAS

O Norte perdeu 1256 escolas, 177 extensões de saúde, 27 serviços de atendimento permanente (SAP), cinco blocos de partos e duas urgências hospitalares.

Ganhou 111 centros escolares (que podem ter várias turmas e receber alunos de diversas localidades) e 172 unidades de saúde familiares (USF), mas cerca de metade destes equipamentos está concentrada no Porto.

Bragança e Vila Real que perderam um total de 56 extensões de saúde e 653 escolas do 1º Ciclo receberam apenas cinco USF e 15 centros escolares. Em Vila Real, as populações viram desaparecer 381 escolas, uma maternidade, um serviço de urgência, cinco SAP e 22 extensões de saúde e estão em risco de perder seis tribunais.

Quatro concelhos (Boticas, Mondim de Basto, Valpaços e Sabrosa) fazem o pleno das perdas.

Em Viana do Castelo, fecharam 156 escolas, seis SAP e nove extensões de saúde e devem ser extintos dois tribunais. Quanto a aberturas, foram 11 USF e 19 centros escolares.

Melgaço perdeu as sete escolas isoladas, ficou sem o SAP e o tribunal consta da lista de extinções.

Braga e Porto são dois distritos que não vão perder tribunais e ao que mais ganhos registaram em unidades de saúde e centros escolares. O Porto recebeu 97 das 172 USF abertas e 59 dos 111 centros escolares construídos em toda a região. Braga ganhou 44 USF e 18 centros escolares.

Helena Norte
Jornal de Notícias, 16:VII:2012


Nem sempre o deserto é fértil...