teologia para leigos

12 de julho de 2012

BOAT PEOPLE not WELCOME


Clandestinos
morrem de sede após 15 dias à deriva


Dos 55 emigrantes que largaram do porto de Tripoli na Líbia, num barco insuflável com destino à costa italiana, só um escapou com vida: um cidadão da Eritreia, recolhido ao largo de Tunes, e que ontem contou como a embarcação andou à deriva no mar Mediterrâneo durante duas semanas, com os passageiros a morrer, um a um, de desidratação – incluindo três familiares seus que também seguiam a bordo.

O náufrago, identificado como Abbes Settou, foi avistado na segunda-feira à noite, em alto-mar, por um barco de pescadores tunisinos, que alertaram a guarda costeira.

Estava agarrado a um bidão e à “carcaça” vazia da embarcação, onde 55 clandestinos, metade dos quais eritreus e outros somalis, se meteram para chegar a Itália, no final de Junho. Sem água potável a bordo, e ao fim de três dias à deriva, os passageiros começaram a morrer – de fome, de sede, de exaustão.







Settou, que está hospitalizado na Tunísia à guarda do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, disse que o barco alcançou a costa italiana logo no primeiro dia, mas o vento voltou a empurrá-los para alto-mar. Durante os 15 dias seguintes, permaneceu à deriva, incapaz de comunicar porque o telefone satélite que levava a bordo não funcionava. (…)

Ontem, uma barca de 23 argelinos a bordo foi resgatada pela Guarda Civil de Almeria ao largo daquele porto espanhol.

O “trânsito” de emigrantes que arriscam cruzar o Mediterrâneo a partir da Líbia para vir trabalhar ilegalmente na Europa já trouxe mais de 1300 pessoas à costa italiana desde Janeiro. Em 2011, 1500 pessoas perderam a vida na travessia, e este ano já se registaram 170 mortes.

Rita Siza
Jornal PÚBLICO, 12 Julho 2012, p. 21