teologia para leigos

12 de julho de 2012

FARMÁCIAS FALIDAS


1131 farmácias sem dinheiro
para repor medicamentos



Há uma farmácia em Viseu que sempre que está de serviço à noite tem de pedir a outra medicamentos emprestados para poder responder às situações mais urgentes. Antibióticos e embalagens de remédios para as dores e febre. Substâncias básicas, que deixaram de estar disponíveis nas prateleiras porque tem o fornecimento suspenso com todos os distribuidores.

De acordo com os dados da Associação Nacional de Farmácias (ANF), em Junho, 1131 farmácias – quase 40% do universo nacional – tinham o fornecimento suspenso por não terem dinheiro para pagar a pelo menos um dos fornecedores. A dívida ronda os 235,3 milhões de euros.

Consequência, dizem, da baixa constante de preços, diminuição das margens de lucro e de menos pessoas a procurar as farmácias. (…)





“A dívida aos grossistas cresceu 38,5 milhões de euros de Dezembro até Junho. O valor ascende a 235,3 milhões de euros”, disse ao DN Paulo Duarte, secretário-geral da ANF: “Todas estas farmácias estão em risco de fechar”.

O responsável não hesita em dizer que “muitas farmácias vão desaparecer”. Os resultados, apontou, são negativos. “O que se ganha com as vendas já não chega para pagar os custos fixos”. A falta de dinheiro também tem reflexos diretos nos doentes. “As farmácias têm um stock cada vez mais reduzido e as falhas são cada vez maiores. Os doentes correm cinco e seis farmácias para encontrar um medicamento”.

Os primeiros a sair da lista de compras das farmácias são os mais caros. Depois seguem-se os outros. (…)

“As pessoas têm dificuldade em pagar, mesmo com baixos preços. Vão cada vez menos aos serviços de saúde por causa das taxas moderadoras, estão a perder apoios [sociais] e há muito desemprego”, disse Isaura Martinho, dona da farmácia Marvila, em Chelas.
Muitas farmácias, acrescentou, estão a negociar com os trabalhadores a baixa de ordenados. “Tenho colegas que estão a endividar-se. Dizem ter que vender a farmácia o mais rápido possível para não perderem a casa”, lamentou a farmacêutica.

Ana Maia, in Diário de Notícias
12 Julho 2012, p. 14