teologia para leigos

30 de julho de 2012

PADRES ALEMÃES PEDEM REFORMAS

Clero de Rottenburg
defende o diálogo e a reforma


«Uma Igreja que nasça da vida»



Eis o manifesto do grupo católico Aktionsgemeinschaft-Rottenburg, da Alemanha, publicado em seu sítio, em maio de 2012:


Somos um grupo de padres e diáconos da diocese de Rottenburg-Stuttgart, na Alemanha:

1.   que se sente comprometido com as solicitações do Concílio Vaticano II, do Sínodo de Würzburg e do Sínodo Diocesano de Rottenburg;
2.   que toma posição por uma acção decisiva de verdade e de liberdade na Igreja;
3.   que quer acompanhar de forma construtiva e crítica a vida eclesial na diocese e nas comunidades e colocar em marcha as necessárias reformas.


Retomamos aqui breve e concisamente algumas importantes demandas, que nos afligem enquanto responsáveis da pastoral e que ainda estão à espera de respostas convincentes desde o Concílio Vaticano II, o Sínodo de Würzburg e o Sínodo Diocesano. Sobre esses temas, os membros da AGR (Aktionsgemeinschaft Rottenburg – acção comunitária de Rottenburg) discutiram e concordaram diversas vezes. A AGR foi fundada no dia 5 março de 1969, em Esslingen-Pliensau, por 170 padres.

Hoje, a AGR tem 154 membros. Membros do Conselho Diretivo: Hermann Barth, Dunningen Karl Böck, Suttgart Stefan Cammerer, Ulm Klaus Kempter, Öhringen (porta-voz) Andreas Krause, Murrhardt Paul Magino, Wendingen Dr. Wolfgang Raible, Stuttgart Martin Sayer, Reute Frank Schöpe, Oppenweiler Ulrich Slobowsky, Bad Mergentheim Stefan Spitz nagel, Ludwigsburg

Escritório: Klaus Kempter Am Cappelrain 2 74613 Öhringen, Internet: www.aktionsgemeinschaft-rottenburg.de

 Nós queremos uma Igreja:

1.   que anuncie o Evangelho de um Deus próximo do ser humano, que queira a salvação de todas as pessoas e que, portanto, seja a favor da liberdade e da justiça, da misericórdia e do amor ao próximo;

2.   que se conceba como povo de Deus a caminho e, por isso, esteja disposta a acolher a vida das pessoas de hoje e a se adaptar aos desenvolvimentos e às transformações sociais;

3.   que, por amor à credibilidade do seu anúncio, renuncie a estruturas autoritárias e torne possível em todos os níveis e para todas as decisões uma participação e co-responsabilidade mais intensas dos seus membros. Por isso, nos comprometemos:

4.   a que os divorciados em segunda união não sejam excluídos dos sacramentos. Esperamos que a Igreja encontre regras que sejam adaptadas à difícil situação de vida dessas pessoas, como era a prática de Jesus, que se sentou à mesa justamente com os pecadores, os fracassados, os proscritos. Não podemos assumir a responsabilidade do fato de que pessoas cujo casamento se rompeu tenham também que suportar a rejeição da sua Igreja. Justamente elas precisam de uma ajuda especial para o seu caminho de fé.

5.   a que os cristãos não católicos, que conscientemente celebram a Eucaristia connosco na fé, sejam convidados para participar da nossa mesa eucarística. Esperamos que a Igreja leve a sério as concordâncias na fé descritas em muitos documentos e o ecumenismo crescido na comunidade. Oferecemos a todos aqueles que trazem no coração a unidade dos cristãos a hospitalidade eucarística. E não vetamos os cristãos católicos a aceitar o convite à ceia do Senhor dos evangélicos.

6.   a que sejam provadas e desenvolvidas múltiplas formas de comunidade. Esperamos que a Igreja pare de fazer com que as estruturas pastorais dependam apenas do número dos padres e pare de formar unidades pastorais cada vez maiores. E esperamos que se comece a se interrogar sobre os lugares de vida e sobre as necessidades das pessoas e que, para isso, prepare e dê cargos para os serviços pastorais adequados. Hoje precisamos de uma multiplicidade de formas de comunidade, de uma pastoral da "vizinhança aos lugares de vida" e de uma pastoral da "rede orientada ao ambiente". Enquanto portadoras e sujeitos da pastoral, as nossas comunidades precisam de uma estreita ligação entre anúncio e serviço, entre sacramento e actuação na vida.

7.   a que as estruturas diretivas da Igreja sejam fundamentalmente repensadas e reformadas. Esperamos que a Igreja esteja pronta a dar uma nova forma às suas estruturas hierárquicas e a possibilitar novas vias de acesso a tais estruturas: o acesso às estruturas hierárquicas na Igreja, como serviço ao povo de Deus, deve estar aberto a casados e a não casados, a mulheres e a homens, a quem desempenha na Igreja a sua profissão principal e a quem trabalha voluntariamente.


IHU – INSTITUTO HUMANITAS UNISINOS
19:VI:2012

[A tradução é de Moisés Sbardelotto]