Clero de Rottenburg
defende o diálogo e a reforma
«Uma Igreja que nasça da vida» |
Eis
o manifesto do grupo católico Aktionsgemeinschaft-Rottenburg, da Alemanha,
publicado em seu sítio, em maio de 2012:
Somos um grupo de padres e
diáconos da diocese de Rottenburg-Stuttgart, na Alemanha:
1. que se sente comprometido
com as
solicitações do Concílio Vaticano II, do Sínodo de Würzburg e do Sínodo Diocesano
de Rottenburg;
2. que toma posição
por uma acção decisiva de verdade e de
liberdade na Igreja;
3. que quer acompanhar
de forma construtiva e crítica a vida eclesial na diocese e nas comunidades e
colocar em marcha as necessárias reformas.
Retomamos
aqui breve e concisamente algumas importantes demandas, que nos afligem
enquanto responsáveis da pastoral e que ainda estão à espera de respostas
convincentes desde o Concílio Vaticano II, o Sínodo de Würzburg e o Sínodo
Diocesano. Sobre esses temas, os membros da AGR
(Aktionsgemeinschaft Rottenburg – acção comunitária de Rottenburg) discutiram e
concordaram diversas vezes. A AGR foi fundada no dia 5 março de 1969, em Esslingen-Pliensau,
por 170 padres.
Hoje,
a AGR tem 154
membros. Membros do Conselho Diretivo: Hermann Barth, Dunningen Karl
Böck, Suttgart Stefan Cammerer, Ulm Klaus Kempter, Öhringen (porta-voz) Andreas
Krause, Murrhardt Paul Magino, Wendingen Dr. Wolfgang Raible, Stuttgart Martin
Sayer, Reute Frank Schöpe, Oppenweiler Ulrich Slobowsky, Bad Mergentheim Stefan
Spitz nagel, Ludwigsburg
Escritório: Klaus Kempter Am
Cappelrain 2 74613 Öhringen, Internet: www.aktionsgemeinschaft-rottenburg.de
Nós queremos uma Igreja:
1. que anuncie o
Evangelho de um
Deus próximo do ser humano, que queira a salvação de todas as
pessoas e que, portanto, seja a favor da liberdade e da justiça, da
misericórdia e do amor ao próximo;
2. que se conceba como
povo de Deus a caminho e, por isso, esteja disposta a acolher a vida
das pessoas de hoje e a se adaptar aos desenvolvimentos e às transformações
sociais;
3. que, por amor à
credibilidade do seu anúncio, renuncie a estruturas autoritárias e torne
possível em todos os níveis e para todas as decisões uma participação e co-responsabilidade
mais intensas dos seus membros. Por isso, nos comprometemos:
4. a que os divorciados
em segunda união não sejam excluídos dos sacramentos. Esperamos que a Igreja
encontre regras que sejam adaptadas à difícil situação de vida dessas pessoas,
como era a prática de Jesus, que se sentou à mesa justamente com os pecadores,
os fracassados, os proscritos. Não podemos assumir a responsabilidade do fato
de que pessoas cujo casamento se rompeu tenham também que suportar a rejeição
da sua Igreja. Justamente elas precisam de uma ajuda especial para o seu
caminho de fé.
5. a que os cristãos não
católicos, que conscientemente celebram a Eucaristia connosco na fé,
sejam convidados para participar da nossa mesa eucarística. Esperamos que a
Igreja leve a sério as concordâncias na fé descritas em muitos documentos e o
ecumenismo crescido na comunidade. Oferecemos a todos aqueles que trazem no
coração a unidade dos cristãos a hospitalidade eucarística. E não vetamos os
cristãos católicos a aceitar o convite à ceia do Senhor dos evangélicos.
6. a que sejam
provadas e desenvolvidas múltiplas formas de comunidade. Esperamos que
a Igreja pare de fazer com que as estruturas pastorais dependam apenas do
número dos padres e pare de formar unidades pastorais cada vez maiores. E
esperamos que se comece a se interrogar sobre os lugares de vida e sobre as
necessidades das pessoas e que, para isso, prepare e dê cargos para os serviços
pastorais adequados. Hoje precisamos de uma multiplicidade de formas de
comunidade, de uma
pastoral da "vizinhança aos lugares de
vida" e de uma pastoral da "rede orientada ao
ambiente". Enquanto portadoras e sujeitos da pastoral, as nossas
comunidades precisam de uma estreita ligação entre anúncio e serviço,
entre sacramento
e actuação
na vida.
7. a que as estruturas
diretivas da Igreja sejam fundamentalmente repensadas e reformadas.
Esperamos que a Igreja esteja pronta a dar uma nova forma às suas estruturas
hierárquicas e a possibilitar novas vias de acesso a tais estruturas: o acesso
às estruturas hierárquicas na Igreja, como serviço ao povo de Deus, deve estar aberto a
casados e a não casados, a mulheres e a homens, a quem desempenha na
Igreja a sua profissão principal e a quem trabalha voluntariamente.
IHU – INSTITUTO HUMANITAS UNISINOS
19:VI:2012
[A tradução é de
Moisés Sbardelotto]