teologia para leigos

31 de julho de 2011

O PROGRAMA DE VIDA-PARTILHADA DE JESUS


Os cristãos preferem continuar a falar da Morte
ou decidem-se definitivamente a fazer a Vida? [Mateus 14: 3 vs. 13]


Salvação: processo dum 'ego' desesperado ou Vida em Comunidade de Partilha?

Dai-lhes vós mesmos
de comer...



Depois do discurso das parábolas (Mt 13,1-52), a comunidade de Mateus apresenta Jesus vivendo a justiça do Reino (Mt 13,53-17,27). É um projeto alternativo e oposto ao sistema de opressão romana que, por fim, crucifica o autor da vida com o apoio dos governantes dependentes do império, isto é, os sumos sacerdotes na Judéia e a família de Herodes na Galiléia.

Em Mt 13,57, Jesus já constata que não é bem acolhido em Nazaré. Na sequência, Mateus relata como o banquete dos poderosos é regado com o sangue do profeta João Batista. Ontem e hoje, o poder não suporta quem defende a vida dos mais pobres e de quem questiona as injustiças dos que estão a serviço do ídolo riqueza (Mt 14,1-12). O pai de Herodes Antipas já tentara matar o menino Jesus (Mt 2,13). E seus partidários estavam instruídos para também eliminá-lo quando adulto (Mc 3,6; 12,13). Não é por acaso que Jesus manda ter cuidado com o fermento dos herodianos, isto é, com sua ideologia e seu modo de vida (Mc 8,15).

Ao contrário do projeto de morte, a proposta de Jesus é um programa de vida e que não é possível viver no espaço onde são realizados os banquetes manchados com o suor e o sangue do povo. Por isso, ele se afasta e vai ao deserto (Mt 14,13.15), seguido pela multidão.

 Ir ao deserto é fazer memória do projeto libertador de Moisés. Depois de muitas dificuldades na caminhada por terras áridas, também ele celebrara o banquete da vida ao partilhar o maná entre todas as famílias, de acordo com a necessidade de cada uma (Ex 16,13-36).

E Jesus teve compaixão das multidões, devido às suas muitas doenças e à sua fome (Mt 14,14).

Nesta narrativa, há duas propostas para resolver a fome das multidões. Os discípulos seguem a lógica do dinheiro: [1] despedir a quem tem fome para que, de forma individualista, compre comida para si (Mt 14,15). Essa não é uma solução justa, pois certamente eram poucos os que tinham dinheiro. E o projeto dos que controlam o dinheiro não é solução para a fome do povo.

A solução que Jesus propõe é outra. E ela [2] está em nossas mãos: Dai-lhes vós mesmos de comer (Mt 14,16). Está também ao nosso alcance: temos aqui cinco pães e dois peixes (Mt 14,17). E todos sabemos que sete significa totalidade, plenitude. A saída não está em projetos mirabolantes, mas está na organização do povo: Mandou que as multidões se sentassem na relva (Mt 14,19). Convém notar que, ao copiar boa parte de Marcos, a comunidade de Mateus deixou fora a referência de Jesus à organização em grupos de cem e de cinquenta (Mc 6,39-40). No entanto, uma vez organizado o povo, Jesus pronuncia a bênção, tal como todos os pais israelitas faziam antes das refeições nas famílias (Mt 14,19). Assim também procedeu na Santa Ceia (Mt 26,26), declarando toda partilha um acto divino, um acto que torna visível a presença de Deus aos olhos dos pequeninos que entendem estas coisas (cf. Mt 11,25). Depois, partiu os pães e os deu aos discípulos, e os discípulos os distribuíram às multidões (Mt 14,19).

Convém lembrar que partir o pão e distribuí-lo não é multiplicação mágica. O milagre está na partilha. É um projecto que envolveu o povo na organização e os discípulos na distribuição.

Partilhar é um dos gestos mais divinos que há, mas também um dos mais difíceis, a tal ponto de o mundo ainda não ter aprendido, por exemplo, a fazer a partilha justa da terra, da comida e dos demais bens necessários a uma vida digna. Ou até mesmo a partilha da ternura e do abraço.

Quando há partilha, muita gente pode comer e ficar saciada (Mt 14,20). E mais. Dos pedaços que sobraram, recolheram ainda doze cestos cheios. Doze é o número do antigo Israel (12 tribos) e do novo Israel, representado pelos 12 apóstolos. As sobras significam que, no projecto do Reino, nenhuma família israelita ou cristã pode passar fome.

Já na segunda partilha dos pães (Mt 15,32-39), a sobra é de sete cestos. E isso não é pouca coisa. Revela a vontade de Deus de que haja pão não somente na mesa de Israel (12 pais das tribos e 12 apóstolos), mas de todas as famílias do mundo. Recolher as sobras é também uma lição para evitar o desperdício de alimentos, tão comum em nosso meio, enquanto em torno de um bilhão de pessoas passa fome no mundo.

É inegável a centralidade do pão partilhado no programa de Jesus. Não é por acaso que sua vida inicia dentro de uma padaria (Belém significa casa do pão).

E a partilha dos pães é o único sinal realizado por Jesus que é narrado por todos os evangelistas. Por que será que o pedido por pão é o pedido central do Pai Nosso (Mt 6,9-13)? E é pão nosso para cada dia. É pão repartido e não acumulado. Além disso, Jesus encerra sua vida pública distribuindo o pão na Santa Ceia. Na eucaristia, celebramos a justiça do Reino de Deus já presente e que é, acima de tudo, partilha. E, ao mesmo tempo, denunciamos o sistema que acumula e gera fome.


«Dai-lhes vós mesmos de comer…»


Ildo Bohn Gass
CEBI

28 de julho de 2011

SUBPRIMES - UM NEGÓCIO CRIMINOSO DO LOBBY FINANCEIRO

 


Crise do Crédito de Risco (dos subprimes),
um negócio criminoso?


Jean-François Gayraud


O banco Goldman Sachs recebeu recentemente uma citação para comparecer perante o procurador de Nova Iorque devido ao papel ambíguo durante a crise dos subprimes. Será que se perfila, enfim, um inquérito penal?

Desde o início desta crise, a finança americana assemelha-se, com efeito, a uma gigantesca “cena de crimes". Contudo, as fraudes maciças que deram origem ao desencadear da maior crise financeira desde há um século aguardam ainda os seus procuradores, os seus polícias e os seus juízes. A explicação de um fenómeno macroeconómico pelo crime pode parecer irrisória, anedótica ou até mesmo ingénua. A opinião publicada - a das elites que têm acesso aos meios de comunicação social - apressa-se, como sempre, a diabolizar uma perspectiva tão incómoda, agitando cómodos espantalhos : a teoria da conspiração, a teoria de bodes expiatórios, o efeito de diversão, o populismo. Todos querem impôr uma amável visão das causas da crise através de explicações fatalistas (a teoria dos ciclos), mágicas (uma catástrofe) ou estimulantes (disfuncionamentos dos mercados).

No entanto, poucas crises financeiras na história comportaram uma dimensão criminosa tão evidente, uma tal massa crítica de fraudes. Estes especialistas da negação são frequentemente aqueles que, durante as décadas da euforia (1980-2000), estavam cegos pela anomia crescente dos mercados financeiros. Ontem foram incapazes de antecipar a crise, hoje apressam-se a dissimular os seus aspectos mais chocantes, o que significa, dos dois lados do Atlântico, a falência quase generalizada dos peritos universitários e mediáticos.





 
Ora esta cegueira só pode preocupar aqueles que ainda são dotados de memória histórica, mesmo por muito pouco que esta seja. Com efeito, nos anos 1980, a América já tinha sofrido uma primeira grande crise financeira de forte “odor criminoso” com a falência das caixas de poupança. Por falta de ter sabido tirar as verdadeiras lições desta primeira tragédia da desregulação dogmática dos bancos, a América condenava-se a uma recaída dolorosa. A cegueira generalizada e a desregulação depredadora encontra a sua origem na ideia de que os mercados são omniscientes e auto-reguladores. Por outras palavras, que a sua “mão invisível” é quase infalível. Inchado e arrogante com este pressuposto, o lobby financeiro de Wall Street pode-se ligar: - se estes os comprarem - aos eleitores sempre disponíveis se não mesmo convencidos; a míopes professores às vezes ávidos de colaborações remuneradas; a analistas simpatizantes, friendly; e a jornalistas enredados na complexidade da matéria e pela pertença da maior parte dos meios de comunicação social aos grandes grupos de capitalistas.

Nos factos, esta crise foi um teatro de fraudes, ao mesmo tempo, maciças (sistemáticas) e integradas nos mecanismos financeiros (sistémicos). Fraudes que puderam eclodir apenas pela graça de uma desregulação dogmática dos mercados financeiros, pensada e depois realizada desde os anos 1980, tanto pelos republicanos como pelos democratas. Sendo portadora de incitações e de oportunidades criminosas inéditas, a desregulação teve de facto este efeito criminoso; o que explica porque é que estes comportamentos ilícitos têm podido espontânea e mecanicamente eclodir ao longo da complexa e opaca cadeia financeira americana, à maneira dos enxames de abelhas e das matilhas.

Estas fraudes foram determinantes em três níveis: a montante, com os empréstimos ditos “depredadores” ou “mentirosos”, difundidos no interior da franja mais vulnerável da sociedade americana (pobres, minorias étnicas, pessoas idosas e deficientes). Estes empréstimos foram mesmo qualificados pelos profissionais da indústria financeira como sendo “empréstimos de neutrões”, subentendendo-se: estes empréstimos são armas que irão destruir as famílias e deixar as casas intactas. Tanto cinismo linguístico reduz a nada as tentativas de defesa a posteriori sobre o tema da ignorância ou da incompetência.

A jusante, as fraudes têm a ver com os produtos titularizados que foram vendidos pelos grandes bancos de investimento de Wall Street. Aí, estes bancos entregaram-se a múltiplos comportamentos enganosos: engano sobre o nível de risco, manipulação dos balanços, manipulação das cotações em baixa, etc.

No meio do processo, as três grandes agências de notação - das quais uma é francesa - agem em reguladores de facto, num pântano “de conflitos de interesses”, um eufemismo que hoje já não engana ninguém. Estas agências são juízes e partes interessadas dado que 'notam' produtos financeiros que elas mesmas contribuíram para estruturar. Ora esta crise vem “de cima”, os defraudadores pertencem geralmente às elites da sociedade americana. Estamos pois longe de uma criminalidade organizada clássica, estamos, aqui, perante uma criminalidade de “colarinhos brancos", integrados no sistema e dispondo de todos os instrumentos para poderem fazer desaparecer até mesmo a ideia dos seus crimes.

Esta crise financeira, largamente criminosa, coloca de novo à luz do dia o novo equilíbrio dos poderes nos Estados Unidos entre o poder político (Washington) e o poder financeiro (Wall Street): depois do “complexo militar-industrial” denunciado pelo presidente Eisenhower (1961), “um complexo politico-financeiro” ter-se-à ele imposto nos Estados Unidos?

Porque é que até agora, nenhum banqueiro foi condenado por crime, tendo sido negociadas, apenas, indemnizações civis? Além disso, o plano de salvamento federal realizou-se unicamente para benefício de Wall Street.

O que pensar, afinal, de um sistema que recompensa tão abertamente a predação? A impunidade continua a ser um potente estímulo para a recidiva, quer se seja ladrão de bancos ou banqueiro ladrão (“bankster”).

Exageros, dir-se-á ?

Os cépticos deveriam ler os dois relatórios do Congresso dos Estados Unidos que foram publicados desde o início de Janeiro de 2011:


&


As quase 1 300 páginas não deixam nenhuma dúvida: a fraude aí está, de maneira indiscutível, a ser o fio condutor desta crise.

Jean-François Gayraud, chargé de mission au Conseil supérieur de la formation et de la recherche stratégiques, commissaire divisionnaire [«La crise des subprimes, une affaire criminelle?», Le Monde, 13.06.11]

publicado por Luis Moreira
enviado por Júlio Marques Mota
04:VII:2011 em:

27 de julho de 2011

OS CATÓLICOS PORTUGUESES E A EXPLICAÇÃO DA CRISE


«como lês [Lucas 10:26]





Na semana passada, duas figuras relevantes do mundo católico português deram voz a perspectivas diametralmente opostas sobre a crise. No Prós e Contras, João César das Neves assume a narrativa da remissão dos pecados pela travessia do fogo da austeridade, segundo a qual os países que caíram na malandragem devem penar e purificar-se: «quem tem dívidas tem que as pagar, tem que apertar o cinto». Isto é, as disfuncionalidades da governação económica da UE não contam, a crise e os movimentos especulativos do capital financeiro não interessam, o impacto diferencial da abertura dos mercados europeus aos bens transaccionáveis é despiciente, a iniquidade na distribuição dos sacrifícios não é relevante e o ciclo vicioso da austeridade é uma minudência.


J. César das Neves e a sua «teologia económica da culpa» justiceira...



É tudo muito simples: trata-se de culpa colectiva indiferenciada e de expiação necessária. A vida quotidiana, sobretudo dos mais afectados pela injustiça da austeridade, não é um dado do problema. Para César das Neves, a economia de mercado constitui uma espécie de força da natureza (com leis que funcionam tanto melhor quanto menos o Estado e as políticas públicas nela se intrometerem), a que todos se devem adaptar e submeter, sem desculpas nem justificações.

À escala comunitária, o professor da Universidade Católica advoga que os países em risco de incumprimento (como Portugal e a Grécia) devem resolver sozinhos os seus problemas (invocando para este efeito o exemplo da Califórnia, cuja situação de falência teria supostamente que ser ultrapassada sem ajudas federais de nenhuma espécie).

À escala nacional, César das Neves recorre ao mantra do Estado preguiçoso e gastador, sentenciando que «temos um sistema de saúde pior que os outros e que gasta mais que os outros per capita» (não cuidando contudo de explicar como diabo teremos conseguido - entre outros méritos - que a taxa de mortalidade infantil passasse de 77,5‰ em 1960 para 2,4‰ em 2010, uma das mais baixas do mundo). (*)



D. Januário Torgal Ferreira e a justiça cristã da compaixão

 
Perante a frieza estratosférica do raciocínio de César das Neves, vale a pena ouvir a entrevista de Januário Torgal Ferreira à RTPN. Quando a jornalista Sandra Felgueiras lhe pergunta se o país está a viver um clima de medo e de fome, a resposta é lapidar: «claro que está... e de fome em muitíssimas situações», acrescentando a importância de serem criadas «soluções que não podem ser de forma alguma de caridade, neste sentido de assistencialismo». Sobre o impacto desigual da austeridade, o Bispo das Forças Armadas não hesita: «eu não vou aqui silenciar o que penso, nunca... (...) eu não posso compreender como é que instâncias altamente rentáveis e, neste país, com dinheiro, que não haja um sentido de justiça».


 Post por Nuno Serra
(*) No próprio programa Prós e Contras, Ricardo Paes Mamede e João Ferreira do Amaral encarregaram-se de repor a verdade relativamente ao exemplo da Califórnia, lembrando os dispositivos federais de apoio social e os investimentos militares. No Jugular, Mariana Vieira da Silva demonstra a circunstância de Portugal se encontrar, na realidade, abaixo da média da OCDE em despesas de saúde per capita.

25:VII:201
blog «Ladrões de Bicicletas»

DESOBEDIÊNCIA NA IGREJA CATÓLICA AUSTRÍACA

Padres pedem reforma
e prometem abrir púlpito
a pregadores leigos







"A recusa de Roma de assumir as reformas, há muito tempo necessárias, e a inatividade dos nossos bispos não apenas nos permitem, mas também nos forçam a obedecer às nossas consciências e a nos tornar independentes", diz o grupo, que conta com 317 padres e 52 diáconos, cerca de 15% dos padres austríacos.

A proposta dos sacerdotes ameaça seriamente a identidade e a unidade da igreja, admitiu o vice-presidente da Conferência dos Bispos da Áustria, dom Egon Kapellari, de Graz. Embora esses padres estejam certos em se preocupar com a providência de mais e melhores cuidados pastorais aos católicos do país, a situação da Áustria não é tão drástica a ponto de ser necessário que eles atuem fora da comunhão com a Igreja universal, declarou.

O cardeal Christoph Schönborn, de Viena, disse que se os padres autores do Apelo à Desobediência acreditam que estão em conflito extremo de consciência com a Igreja, eles deveriam considerar se ainda pertencem à Igreja.
O movimento dos padres austríacos é liderado pelo ex-vigário geral do cardeal Schönborn, monsenhor Helmut Schüller. O grupo diz, no Apelo à Desobediência, que vai ignorar a proibição de pregar a leigos competentes, como professores e professoras de religião.  Especialmente em tempos difíceis é imperativo proclamar a Palavra de Deus, argumenta.

Pesquisa realizada no ano passado já indicava que 64% dos padres entendiam que a Igreja Católica deveria se abrir mais ao mundo moderno, e boa parte afirmou que era a favor da abolição do celibato e da introdução do sacerdócio feminino.

25 de julho de 2011
por Agência Latino-Americana e Caribenha de Comunicação (ALC)



ENTREVISTA AO PADRE WESS - A SALVAÇÃO COMO DIVINIZAÇÃO?

«Não é possível diminuir a pobreza-miséria
sem substituir as estruturas de pecado por estruturas de amor»


Padre e Teólogo Paul Wess


[Entrevista com Paul Wess sobre o livro DEUS, Cristo e os Pobres. Libertação e Salvação na Fé à Luz da Bíblia, Maio de 2011]

L.L.: Padre Wess, o senhor é um teólogo europeu. O que o motivou a escrever um livro sobre a Teologia da Libertação latino-americana?
P.W.: A motivação imediata foi o conflito desencadeado pela crítica que Clodovis Boff fez à Teologia da Libertação. Na Alemanha, o Instituto para Teologia e Política (Institut für Theologie und Politik, Münster, http://www.itpol.de/) publicou uma documentação detalhada, inclusive online. Mas os motivos para meu livro são ainda mais profundos. Também muitos europeus que vivem em países de bem-estar -como, por exemplo, no meu país, a Áustria- sofrem com a existência de tantas pessoas pobres no mundo. E a gente se pergunta o que pode fazer, como cristão em geral e, no meu caso, especialmente como padre e teólogo, para contribuir para a libertação dessas pessoas. Por isso, eu sempre me interessei muito pela Teologia da Libertação e acompanhei também de perto o conflito entre Roma e essa teologia. Quando escrevi minha "habilitação", para ser aceito como professor de teologia pastoral na Universidade de Innsbruck [Igreja de Comunidades - Lugar da Fé. A prática como fundamento e consequência da teologia; título original: Gemeindekirche - Ort des Glaubens. Die Praxis als Fundament und als Konsequenz der Theologie. Graz, 1989], eu me posicionei não só em relação aos documentos de Roma, mas estudei também criticamente algumas afirmações de teólogos da libertação. O conflito antigo com a Congregação para a Doutrina da Fé repete-se agora dentro da própria Teologia da Libertação e pode prejudicar suas preocupações que são tão importantes. Leonardo Boff expressa isso assim [REB 271, 2008]: "Podemos imaginar que os que condenaram a Jon Sobrino (Clodovis aprova a Notificação romana), a Gustavo Gutiérrez, a Ivone Gebara, a Marcelo Barros, a José María Vigil, a Juan José Tamayo, a Castillo, a Dupuis, a Küng, entre outros, se acercarão a Clodovis e lhe dirão satisfeitos e com o peito inflado de fervor doutrinário: ‘Bravo, irmão. Enfim alguém que teve a coragem de desmascarar os equívocos e os graves e fatais erros da Teologia da Libertação'.''
Minha intenção foi propor uma volta à teologia bíblica e contribuir assim para a superação do conflito. Mas devo admitir que essa contribuição é teologicamente bem exigente. Afinal, trata-se de mostrar que ambas as partes do conflito argumentam a partir dos mesmos pressupostos da doutrina eclesiástica posterior, eles apenas os interpretam de modo contrário - por isso, chegam a conclusões contrárias. Esse impasse pode ser resolvido somente quando voltamos a premissas que estão em sintonia com a Bíblia.

L.L.: Parece que na vida do senhor há outros pontos de contato com a Teologia da Libertação?
P.W.: Certo, tenho também um interesse prático. Depois do último Concílio implantei, junto com outras pessoas e com o apoio de Franz König, o então cardeal de Viena, uma tentativa de organizar uma paróquia recém-estabelecida de forma diferente. Procuramos "formar pequenas comunidades de cristãos maduros na fé", que depois se tornariam portadoras e modelos na pastoral. O sonho era realizar no nível de uma paróquia concreta as visões do Concílio sobre uma Igreja-Communio e sobre o sacerdócio comum de todos os fiéis. Primeiro, não sabíamos do surgimento das comunidades eclesiais de base na América Latina, mas a utopia e o desejo foram os mesmos. E assim que tivemos contato com CEBs, percebemos uma grande sintonia. Ela se mostrou até mesmo na formulação exatamente igual de uma resposta à pergunta: "Quando é que uma comunidade precisa se dividir para não se tornar anônima?" A resposta: "Uma comunidade precisa ser dividida assim que adquire um tamanho tal que já não se percebe quando alguém está faltando". Por causa disso, aquela paróquia de Viena tem hoje já três comunidades. Achamos também que o melhor apoio que podíamos oferecer às CEBs na América Latina (e também às Pequenas Comunidades Cristãs na África a na Ásia) era ser um exemplo de que essas comunidades podem existir também em situações onde resolver a miséria e lutar pela justiça social não são os motivos principais, e que não é verdade que elas se dissolvem quando esses objetivos são alcançados ou inalcançáveis. Queríamos testemunhar que se trata de viver o legado de Jesus - o amor mútuo entre discípulas e discípulos (Jo 13,34s). Quando se realiza isso, a luta pela libertação faz parte do pacote, e isso nos brindou também com o contato com CEBs na Nicarágua e em Burundi.

L.L.: O senhor consegue resumir em poucas palavras sua opinião sobre os problemas teológicos na raiz do conflito entre Roma e agora também Clodovis Boff, por um lado, e as pessoas que defendem a Teologia da Libertação, por outro?
P.W.: Vou tentar! A meu ver, é assim: Clodovis acusa seu irmão Leonardo e outros teólogos/as da libertação de não levar a transcendência de Deus a sério. Alega que colocam Deus e os pobres no mesmo plano, e que, dessa forma, a fé em Deus é politicamente instrumentalizada e chega a ser secundária. E assim vai. Leonardo tem toda razão quando diz que, segundo a teologia eclesiástica, Deus tornou-se ser humano em Jesus Cristo, portanto, que podemos também equiparar Deus e os pobres. Afinal, segundo Mt 25, o Homem-Deus Jesus Cristo identificou-se com os pobres. Ou seja, podemos dizer assim: Clodovis vê em Cristo em primeiro lugar Deus que adotou uma natureza adicional, a natureza humana. E Leonardo destaca que Deus se despojou em Cristo de seu Ser-Deus e se tornou igual aos pobres. Segundo a dogmática eclesiástica, ambas as posições são corretas, porque o Concílio de Calcedônia diz que o "Um e o Mesmo é verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem". Por isso seria possível, diz a Congregação da Fé em sua Notificação sobre as obras do Pe. Jon Sobrino (No. 6), "atribuir as propriedades da divindade à humanidade e vice-versa". Olha, já é aqui que se desrespeita a transcendência de Deus "sobre tudo e todos" (Ef 4,6), e não apenas na Teologia da Libertação, como pensa Clodovis. Por isso precisamos voltar à visão bíblica, e esta indica o seguinte: também para o Messias ungido por Deus, para Jesus Cristo, Deus foi maior do que ele (Jo 14,28), e ele se engajou pela fé no Deus único (Jo 17,3). Jesus não teria aceito ser igualado a Deus e ter as propriedades divinas atribuídas a si mesmo.

L.L.: Padre Wess, isso quer dizer que o senhor defende uma cristologia como a de Jon Sobrino, que foi rejeitada por Roma?
P.W.: Sim, meu livro é em grande parte uma justificativa bíblica dessa divergência de Jon Sobrino em relação à doutrina eclesiástica. Além disso, verifico criticamente as interpretações costumeiras do Prólogo de João e do Hino Cristológico da Carta aos Filipenses, porque esses textos são aduzidos para justificar aqueles dogmas. E finalmente procuro mostrar que também a Igreja Católica precisa contar dentro de sua doutrina com elementos condicionados historicamente, portanto, que essa doutrina pode ser digna de revisão (aqui me baseio nas argumentações de Karl Rahner). É claro que essa revisão e correção da cristologia têm também consequências para a doutrina da salvação e da libertação.

L.L.: Quais consequências seriam, e o que significariam para as preocupações e os interesses da Teologia da Libertação?
P.W.: Ora, por um lado, a consequência é que a salvação não pode ser esperada como algo que diviniza, ou seja, algo sobrenatural - como afirma o princípio da teologia greco-platônica: "Deus tornou-se homem para nós nos tornar Deuses". Ao contrário, salvação é somente possível como plenificação deste mundo finito que Deus vai operar algum dia, e isso já significa beatitude. E ainda há a consequência de que, também na fé cristã, não se pode abolir os limites da criação e o caráter sofrido de seu desenvolvimento natural e intelectual. A criação continua "em dores de parto" (Rm 8,22). Por isso precisamos nos reconciliar com sua finitude e basicamente com a presença do sofrimento neste mundo, para sermos capazes de lutar pela libertação de miséria e sofrimento. Isso significa, primeiro, que a fé em Deus não pode substituir nosso engajamento por um mundo justo, mas que ela deve se realizar exatamente na luta pela libertação de pobreza e miséria. E significa, segundo, que um mundo salvo será até o fim dos tempos sempre uma meta, uma utopia, que nunca pode ser alcançada plenamente, nem mesmo pela luta mais engajada, e, claro, muito menos com meios violentos.

L.L.: Isto significa uma crítica não só aos conceitos soteriológicos da doutrina eclesiástica, mas também às ideias de alguns teólogos/as da libertação!
P.W.: Certo, é isso mesmo. Mas há um segundo ponto importante em que minha opinião difere um pouco de ambas as partes.

L.L.: Qual é?
P.W.: O atual papa, quando ainda era Prefeito da Congregação da Doutrina para a Fé, afirmou em 1996 em Guadalajara (México) numa palestra diante dos presidentes das Congregações para a Fé Latino-Americanas que o erro dos teólogos da libertação residisse no fato de querer superar pobreza, opressão e injustiça no mundo por meio de uma mudança radical das estruturas, por meio de um processo político, e não pela conversão individual. Para Roma, o caminho certo foi e ainda é a conversão individual e, com ela, a superação do pecado nos indivíduos. A Teologia da Libertação, porém, inclina-se pelo menos tendencialmente para a ideia de que os pobres como tais já possuem a atitude certa, e que essa atitude nascerá em todas as pessoas quando haverá estruturas justas. Ou seja, inclina-se para a ideia de que, no fundo, são só os ricos que precisam se converter. Minha posição é um pouco diferente. É certo que as pessoas pobres estão em geral mais próximas da atitude certa do que as pessoas ricas (cf. Mt 19,23s). Mas quando sua vida melhora, não precisam mais dela e nem sempre a preservam, como mostram os desenvolvimentos recentes na Nicarágua. Por outro lado, não é possível diminuir a pobreza e a miséria (digo diminuir porque neste mundo não podemos esperar uma superação total, infelizmente) sem substituir as estruturas de pecado por estruturas de amor. Disso segue que precisamos das duas coisas juntas, ou seja: somente pessoas com uma atitude justa poderão estabelecer estruturas justas. Onde falta a atitude justa e/ou se muda estruturas com meios violentos, surge uma exploração por parte dos funcionários da nova ordem, como mostrou o exemplo do marxismo. Portanto, pessoas com uma atitude nova precisam começar a formar estruturas novas e convencer outras através de seu exemplo - como "sal da terra, luz do mundo, cidade no monte" (Mt 5,13-16). Esta seria a primeira e mais importante tarefa social da Igreja no serviço à libertação, e disso decorre a cooperação com todas as pessoas de boa vontade no engajamento político por uma ordem justa.

L.L.: É isso que o senhor considera também uma tarefa fundamental das comunidades eclesiais de base?
P.W.: Sem dúvida! Mas neste ponto considero muito importante que a Igreja entenda suas comunidades não só de maneira funcional, não só a partir de tarefas e serviços, mas também, e em primeiro lugar, como um valor próprio, como lugares iniciais e fragmentários da salvação neste mundo - como sinais e sacramentos do Reino de Deus que se cumprirá plenamente na comunhão dos santos.

É claro que comunidades devem servir, mas elas existem não só por causa do serviço. Elas têm seu valor próprio - assim como o matrimônio e a família - como a "nova família" dos Filhos e Filhas de Deus. Clodovis Boff critica com certa razão que a Teologia da Libertação "onguiza" a Igreja, mas ele não percebe que uma instrumentalização intraeclesial ou "religiosa" ocorre também quando Igrejas e comunidades são entendidas praticamente apenas a partir de suas funções fundamentais e suas muitas tarefas (é isso que acontece também no Documento de Aparecida). Desse jeito, a Igreja Católica não deve se admirar quando muita gente passa para Igrejas "crentes", onde as pessoas são antes de tudo bem-vindas por causa de si mesmas, e não só como potenciais colaboradoras no anúncio e em outras tarefas.

A Igreja não pode ser uma cópia da meritocracia (da sociedade que reconhece só o mérito e o empenho). Ela poderá se tornar um espaço para experimentar o amor de Deus e, a partir disso, um lugar de fé, só quando cada pessoa é conhecida pelo nome e amada por causa de si mesma. Só numa "Igreja de Comunidades" desse tipo será também possível superar a divisão entre "clero" e "povo".

L.L.: Padre Wess, estas são ideias muito exigentes que nos desafiam a continuar pensando, e me parece que é um bom ponto para concluir nossa conversa. Muito obrigada e um grande "abrazo".

[Paul Wess, nascido em 1936 em Viena (Áustria), estudou filosofia e teologia em Innsbruck (inclusive com Karl Rahner), onde obteve em 1961 seu doutorado em filosofia. Ordenou-se presbítero em 1962 e trabalhou em Viena como vigário paroquial e professor de ensino religioso. Após um tempo de reorientação e novos estudos (1965/1966), assumiu - inicialmente numa equipe de padres - o trabalho numa paróquia recém-fundada em Viena (Machstrasse - Rua Mach), com o objetivo de formar comunidades de base e fazer experiências concretas de uma igreja communio. Em 1968 obteve o doutorado em teologia pela Universidade de Innsbruck com a tese "Como falar de Deus? Um debate com Karl Rahner" (Graz, 1970), e em 1989 a habilitação para o ensino universitário da teologia pastoral com a tese "Igreja de Comunidades - Lugar de fé. A prática como fundamento e consequência da teologia" (Graz, 1989). Liberado para o ensino universitário em 1996, foi primeiro professor convidado em Graz (Áustria) e Würzburg (Alemanha), e desde 2000 é professor de Teologia Pastoral na Universidade de Innsbruck. Em 1992 participou como membro da delegacia austríaca do 8º Intereclesial das CEBs em Santa Maria. Nos países de fala alemã, Paul Wess é um dos principais defensores das comunidades de base, da revisão dos conteúdos da fé e da reestruturação da igreja católica segundo os princípios bíblicos de fraternidade e sororidade ("Geschwisterliche Kirche"). Seus inúmeros ensaios e artigos deram origem a vários livros e coletâneas, alguns deles já "verificados" pelo Vaticano; mas, por enquanto, ainda não objetos de notificações]


por Adital - Notícias da América Latina e Caribe

BANQUEIROS PROTESTAM

           A REVOLTA DOS BANQUEIROS




Nos últimos dias assistimos ao impensável: o esboço de um conflito entre o Banco de Portugal e a troika, por um lado, e o clube de banqueiros, por outro, com o governo algures no meio.

A linguagem ‘subversiva’ utilizada pelos banqueiros era no mínimo inabitual.

O que está a acontecer? É difícil ler nas entrelinhas do discurso dos banqueiros, mas o artigo de Pedro Guerreiro no Jornal de Negócios ajuda um pouco.

O essencial é o seguinte:

a) os donos dos bancos não querem participar na sua capitalização – não tanto porque não possam, mas porque hoje em dia há investimentos muito mais atractivos do que a banca;

b) os donos dos bancos não querem que o estado participe na capitalização com os meios postos à disposição pela troika, (mesmo que temporariamente), tornando-se accionista;

c) os donos dos bancos receiam auditorias ao crédito concedido que possam expor as suas fragilidades e tornar inevitável a participação pública.

Os grupos financeiros portugueses sempre foram incapazes de resistir pelos próprios meios a ofensivas externas e sobreviveram como entidades relativamente autónomas apenas sob a protecção do Estado português.

Neste momento, com o Banco de Portugal transformado em agência do BCE e o ministério das finanças em comissão executiva da troika, podemos estar a viver o momento em que o Estado português deixou de ter capacidade para desempenhar esse papel. Nestas circunstâncias a participação temporária de dinheiro público (obtido com o financiamento da troika) na capitalização dos bancos portugueses pode ser a antecâmara da transferência da propriedade dos bancos portugueses para grupos financeiros de dimensão europeia. É isto que os donos da banca portuguesa receiam e podem ter boas razões para recear.

Não deixa de ser verdade que neste momento quem manda é a banca, mas a banca que manda já não é a portuguesa. Os “donos de Portugal” estão a perder o pé contra donos de coisas maiores.

Devemos aliar-nos num fervor patriótico aos nossos donos menores na sua luta contra os donos maiores e os seus infiltrados? Não me parece. É importante que a banca em Portugal tenha margem de autonomia relativamente a estratégias que nos são alheias, mas talvez estejamos a chegar ao ponto em que isso só poderia ser garantido com a nacionalização dos bancos. Bem sei que isso fere a sensibilidade de donos menores e de donos maiores e, de tão radical que parece ser, a de muitas outras pessoas. A mim parece-me simplesmente que é verdade.

Post por JOSÉ M. CASTRO CALDAS
in blog «LADRÕES DE BICICLETAS»

«BANQUEIROS DE TODO O MUNDO UNI-VOS!»

                Banqueiros vão pedir à troika
que alivie as exigências feitas ao sector




O presidente do BPI lançou o tema e os banqueiros dos grandes grupos financeiros alinharam.
A troika chega em Agosto e a banca não escapa à avaliação de activos.

Os banqueiros das cinco maiores instituições nacionais - CGD, BCP, BES, BPI e Santander Totta - uniram-se nas críticas às exigências da troika para o sistema financeiro e, mais uma vez, apelaram a que o Estado pague o que deve à banca, cerca de 61 mil milhões de euros. A equipa da troika vai avaliar, em Agosto e Setembro, os planos de liquidez e capital dos bancos, bem como o valor dos activos em balanço. Será o primeiro contacto directo do sector com os técnicos e a oportunidade para os banqueiros pedirem à troika um programa mais leve.

Ontem avançaram com o apelo público. No fórum da banca e mercado de capitais, organizado pelo "Diário Económico", o presidente do BPI foi o mais combativo, ao afirmar que "o programa da troika para o sistema financeiro não faz sentido e tem de ser repensado de alto a baixo". Para Fernando Ülrich, "é preciso dar instruções à equipa da troika que lida com Portugal para adaptar o programa ao que foi decidido na quinta-feira pela União Europeia". Fernando Ülrich garante que "mais capital não serve para nada e é um confisco aos accionistas", referindo-se ao aumento para 9% este ano e 10% em Dezembro de 2012 dos rácios de capital, uma das imposições da troika.

O banqueiro diz mesmo que o BPI não vai voltar a ter uma grande carteira de crédito à habitação, nem de parcerias público-privadas financiadas por obrigações. "De repente, o mercado desaparece e voltamos à situação que temos hoje. Aliás, enquanto me lembrar do que o mercado de capitais me fez não vou querer voltar ao mercado."

O banqueiro foi mais longe na sua intervenção e sugeriu três adaptações ao programa. Primeiro, o fundo de 12 mil milhões destinado à capitalização da banca devia ser transferido para o sector público e servir para o Estado saldar dívidas ao sector financeiro. Ülrich defende que o reforço dos capitais para 10% deverá funcionar apenas como "uma almofada para fazer face ao reforço das imparidades que resultem de dois anos de recessão económica e às reformas antecipadas no sector". Por último, devia ter-se apostado numa linha de financiamento directo de dívida sénior. No cenário mais imediato, Ülrich quer que "a avaliação dos activos da banca seja cancelada". "Não depende dos métodos utilizados, mas da atitude. Se a troika quiser ser credível, e se para isso fizer sangue, vai dizer que os bancos precisam de muito mais imparidades. Nesse caso, até a credibilidade do Banco de Portugal pode ficar comprometida."

Também o presidente do BES pede ao Banco de Portugal que "impeça que sejam utilizados métodos de avaliação de crédito fundamentalistas, como os que foram usados na Irlanda". Ricardo Salgado diz que está "perfeitamente confiante na qualidade dos créditos do BES". O presidente do Santander Totta, Nuno Amado, junta-se aos apelos, pedindo "consistência na avaliação dos activos" e ajustamento dessa análise à realidade do país. Já Carlos Santos Ferreira revelou que o BCP fez contas à dívida do Estado à banca, que, incluindo a dívida pública, é inferior à dependência do sector junto do BCE. "O Estado deve à banca cerca de 61 mil milhões de euros", sublinhou. "O Estado que pague aquilo que deve" foi uma ideia repetida por todos os banqueiros, à excepção do presidente do banco público.

Faria de Oliveira acredita que uma linha de recapitalização para as empresas seria uma solução, mas admite que tal é "difícil na actual conjuntura”.

por Sandra Almeida Simões
i-on line, Publicado em 26 de Julho de 2011