teologia para leigos

17 de julho de 2012

ÁGUA - «SEDE DE JUSTIÇA»

JN, 17:VII:2012


a crise está a deixar
MILHARES DE FAMÍLIAS
SEM ÁGUA EM CASA





Há cada vez mais faturas em atraso que separam as águas.
As dificuldades económicas dos portugueses estão a levá-los a prescindir, em muitos casos, de bens essenciais, como a água canalizada.

Segundo os dados obtidos pelo “Jornal de Notícias”, o fechar das torneiras aumentou, mais ou menos consoante as regiões, por parte dos serviços municipais e das empresas que gerem o sistema. Só em seis cidades, Viana do Castelo (800), Braga (213), Aveiro (200), Lisboa (1027), Coimbra (300) e Olhão (365), há perto de 3.000 famílias que todos os meses ficam sem água.



a água suja das Privatizações neoliberais... dos bens essenciais


Mas a “seca” será muito maior. Apesar de vários municípios contactados pelo JN se terem recusado a dar os números dos cortes de serviço, como foi o caso do Porto, o montante em dívida pressupõe o fim da água nas torneiras para muita gente.

No caso da Águas do Porto, por exemplo, as faturas acumuladas dos clientes ascendem a 14,3 milhões de euros. O calote já chegou aos 20 milhões, mas um plano de regularização sem juros e custas judiciais fez diminuir o montante. Em Lisboa, pelo contrário, a dívida dos clientes disparou 15% em 2011, atingindo dois milhões de euros.

A situação só não é mais grave porque vários municípios alargaram o prazo de pagamento ou permitiram que este fosse efetuado em prestações sem quebra de serviço. Uma postura que a associação de defesa do consumidor DECO elogia.





2.100 pessoas em 6 meses

Só nos primeiros 6 meses do ano, a DECO foi contactada por cerca de 2.100 pessoas com problemas relacionados com o setor da água (cortes de serviço e outros).

Natália Nunes, coordenadora do gabinete de apoio ao sobre-endividamento, lembra que a lei permite às empresas cortar o serviço após a receção do segundo aviso da primeira fatura em atraso.

Mas há empresas tolerantes, como a da cidade de Braga, que deixam acumular duas faturas. A partir daí, mais tarde ou mais cedo, a “fonte” acaba por secar.

João Paulo Costa
Jornal de Notícias, 17:VII:2012.



Um caso – Viana do Castelo
800 cortes/mês e diminuição do consumo


Volume de negócios: 12 milhões de euros
Número de clientes: 42 mil
População: 88 mil
          
Corte do serviço: 800 cortes/mês
Incobráveis: 1,5% a 2% da receita/ano
Tarifário Social: aumentou 300%
Consumo: diminuiu 10%
          Mudança de Escalão: 60% das famílias «migraram» para o 1º escalão    [0-5 m3]: menos consumo


Jornal de Notícias, 17:VII:2012