ISABEL VAZ e a IVG…
Eng.ª Isabel Vaz, BES-SAÚDE |
«está na altura de nos deixarmos de conversa fiada… e irmos muito mais além da troika!» [Eng.ª Isabel Vaz]
A Eng.ª Isabel Vaz ganhou o prémio «Mulheres de Negócios_Máxima 2011».
A Eng.ª Isabel Vaz afirmou à RTP (não sem se engasgar…) que a saúde é «talvez uma das maiores áreas de negócio a nível mundial; diria que melhor que o negócio da saúde só mesmo a indústria do armamento». Comparou a Saúde com a indústria da Guerra: há nesta comparação ALGUMA VERDADE. Mas, não lhe foi fácil: acabou por confessar TODA A VERDADE, sim, mas sob a forma de uma engasgadela…
A Eng.ª Isabel Vaz, presidente da comissão executiva do BES-Saúde, foi convidada pela Igreja Católica (Pastoral da Saúde) para ir a Fátima falar no âmbito de "Cuidados de Saúde, Lugares de Esperança (A Saúde em Portugal)".
Em Fátima, referindo-se ao novo Hospital de Loures, que é público (do Estado) mas que a BES-Saúde está a gerir sob a forma de PPP, a Eng.ª Isabel Vaz disse (o JN noticiou, 02:V:2012):
«"Tivemos mais consultas de interrupção voluntária da gravidez do que de obstetrícia" para terem filhos, afirmou Isabel Vaz. "E algumas das pessoas a repetirem segunda e terceira vez", sublinhou a responsável, em Fátima, durante a sua intervenção no XXIV Encontro Nacional da Pastoral Social (sic).
«Os números dizem respeito a março e são os primeiros dados desde a Espírito Santo Saúdo que iniciou a gestão do hospital, em fevereiro.
«"Isto não tem nada a ver com ser ou não católico", destacou a responsável da entidade do Grupo Espírito Santo, lembrando que "a cobertura universal dos cuidados de saúde não é possível".
«Isabel Vaz sustentou que uma das "discussões sérias que tem que ser feita" é "sobre o que deve ser de facto pago por todos nós", porque "não há dinheiro para pagar tudo". Ou seja, "há que fazer escolhas", defendeu.
«A responsável explicou que "não vale a pena fazer declarações de amor ao Serviço Nacional de Saúde (SNS)". O que é imperioso, sustentou, é "gerir melhor".» [Jornal de Notícias, 02 Maio 2012, link em baixo]
A notícia dá a entender que houve, na intervenção da Eng.ª Isabel Vaz durante o encontro nacional organizado pela Pastoral da Saúde, referência a conteúdos que costumam ser enquadrados no âmbito das questões da Vida, nomeadamente, a questão da interrupção da gravidez. A notícia leva o leitor a pensar que a Interrupção Voluntária da Gravidez (IVG), na prática, é uma questão muitíssimo grave: induz a pensar que se aborta mais do que se dá à luz… Se a reprodução do conteúdo das palavras da Eng.ª Isabel Vaz é exacta e se a inferência o for também, estamos perante uma situação gravíssima, tendo a Igreja Católica razões demasiado sérias para se preocupar − a Igreja Católica e todo o país…
Se consultarmos os dados da Direcção Geral de Saúde (ver também o relatório da UMAR[1]), verificamos que a Eng.ª Isabel Vaz tem um tipo de leitura típica do ‘homem da rua’: a partir duma amostragem casual transpõe para a realidade nacional. O conteúdo da notícia (e igualmente os links abaixo) revela-nos uma Eng.ª Isabel Vaz imbuída de ideologia neo-liberal, preconceituosa, desprovida da competência técnica mínima exigível. Que credibilidade merece tal gestora? Terá havido lugar ao contraditório, em Fátima?
Quem convidou esta gestora para ir falar a Fátima? Com que critério foi seleccionada? Como cristã ou como mais um(a) gestor(a) ligada(o) à banca? Que voz foi dada às associações de utentes do SNS? Sobre estas perguntas, na verdade, o jornal não nos fornece elementos - destaca, apenas, a figura da BES-Saúde. A hierarquia da Igreja Católica, sobretudo nos lugares mais altos da pirâmide, é regra geral ocupada por pessoas muito próximas do poder secular. Sendo assim é compreensível que se privilegie o convite a quem esteja no mesmo comprimento de onda: banqueiros, intelectuais, gestores, políticos, artistas que se revelam do mainstream, do campo do tradicional e do reprodutível pela maioria dominante. A Concordata, afinal de contas, é um acordo: é sempre mais agradável ‘mandar vir’ daquilo de que se gosta e que não incomode demasiado. Às vezes, a regra é quebrada, mas só muito às vezes – não foi o caso, desta feita, com a Eng.ª Isabel Vaz.
Quem diz que a «cobertura universal dos cuidados de saúde não é possível» e que a Saúde é um «negócio» − negócio só comparável à mais que iníqua indústria do armamento − em que «lugares de esperança» e para quem está a pensar quando em Fátima é convidada para falar a cristãos?
O que é que o evangelho de Jesus tem a dizer aos «lugares de esperança» promovidos pelo Banco Espírito Santo_Saúde?
Esta é, na actualidade da vida dos cristãos, talvez a «Questão da Vida» moralmente mais importante: a Saúde como um valor da lei natural, carrefour de todas as condições prévias a qualquer discurso sobre ética universal, base do «valor incomparável da pessoa humana», do «EVANGELIUM VITAE».
As ‘preocupações sociais’ começam com o básico: ter saúde de bom nível e acessível para todos, ter casa para todos, ter trabalho para todos e ter um país solidário, antes de tudo com os mais desprotegidos ou com quem de repente se viu lançado para o esgoto social por uma governação parcial, cega, «corrupta» (D. Januário Torgal Ferreira, bispo) e criminosa.
Outros links:
Entrevista:
SIC – DEBATE «FINANCIAMENTO DO SNS»
SNS NA AMÉRICA: A SAÚDE «PÚBLICA» É MELHOR
«Goverment Health Care is THE BEST HEALTH CARE MONEY CAN BUY!»