Saúde Privada:
Melhor e mais barata?
O discurso dos
liberais para a privatização da Saúde assenta em dois argumentos: os privados fornecem um serviço melhor e
mais barato para estado e utentes. É
verdade?
Este é um debate
muito útil para perceber melhor o que se está a passar nos Estados Unidos e os
esforços que na Europa estão a ser conduzidos para nos aproximarmos desse
modelo no sentido da concessão a ou financiamento de serviços de saúde
privados, elegantemente
descritas como "liberdade de escolha".
O que é
interessante é que, no momento em que a completa falência do modelo de saúde nos Estados Unidos
está a aumentar a pressão para uma mudança de paradigma no sentido do modelo
europeu, haja quem na Europa pressione para que se faça o movimento contrário.
Vamos primeiro aos factos:
1. É pura e
simplesmente falso que a saúde privada seja melhor. O modelo dos Estados Unidos
assente nas seguradoras
produziu resultados esclarecedores: Os Estados Unidos estão em 37º no Ranking da Organização Mundial de Saúde (ONU), antes da Eslovénia e logo a seguir à Costa
Rica. Só para dar uma ideia: o primeiro
país é a França e Portugal está em 12º.
2. É pura e
simplesmente falso que saia mais barata
[dados da OCDE].
3. É inclusive falso que saia mais cara ao próprio Estado.
Embora os Estados Unidos gastem muito menos em percentagem da despesa total com
saúde e os utentes (os que podem) paguem incomensuravelmente mais, os EUA são o 3º
país do Mundo, mesmo considerando apenas os gastos do Estado [dados
da OCDE outra vez].
4. Acresce que a despesa
pública com saúde é paga com impostos que não são apenas os dos utentes.
É financiado também pelos impostos sobre os rendimentos do capital, numa lógica solidária que é a razão de ser do Estado Social e o pilar da sua viabilidade.
Não admira,
portanto, que os liberais se refugiem no discurso da Liberdade de Escolha. É mesmo o
único que têm.
E é dirigido para seduzir aqueles
que podem escolher.
Para que o Estado suporte um serviço de
saúde de pior qualidade e muito mais caro em
vez de o assegurar directamente, com vantagens de custo e de qualidade.
As concessões a
privados, os benefícios fiscais a privados em cuidados de
saúde que existem no Público, a inexistência de cuidados de saúde no público
(saúde oral, p. ex.), são buracos abertos no Serviço Nacional de Saúde
que vão corroendo a sua universalidade, qualidade e viabilidade.
Com pezinhos de lã,
como convém a uma política tão gritantemente contrária ao interesse público. A
área de Saúde é uma das áreas em que os liberais têm de ter mais cuidado para
não dizerem o que realmente querem. Senão, acontece-lhes o que aconteceu a
William Kristol... [VER VÍDEO EM BAIXO]
Ladrões de Bicicletas, blog
12 ABRIL 2010
SNS NA AMÉRICA:
«Goverment
Health Care is THE BEST HEALTH CARE MONEY CAN BUY!»