Mediação evangélica:
- igreja, ministérios, reino
«Palavra, serviço e
celebração - Como
já vimos, na senda que vai das Cartas Pastorais a Ireneu, a igreja desenvolveu
basicamente dois ministérios, que em princípio não tinham carácter sacerdotal: bispos
e presbíteros.
Cumpriram uma função positiva fazendo com que a igreja se estendesse e se
consolidasse no império romano e, pouco depois, se consolidasse em todo o
mundo. Porém, com o surgimento do sistema neoliberal, o modelo de igreja que
eles promoveram entrou em crise.
Não quero dizer que pura e
simplesmente [O MODELO EM CRISE] deva ser abandonado de imediato, mas temos que enraizá-lo
novamente na terra do evangelho a fim de descobrir as novas
potencialidades da mensagem de Jesus. Não é fácil adivinhar como tudo isto
será, mas podemos pegar novamente nos três ministérios (tria munera) que
a tradição destacou: ministério profético
(proclamação da palavra), do reino
(serviço aos pobres) e de festa
(celebração cristã, eucaristia, cf. Vaticano II, Christus Dominus,
12-16).
«Estes são alguns dos contributos e
conclusões do trabalho precedente que devem inscrever-se na nossa situação
religiosa e social. Há quem diga que estamos em
crise e há que aguentar: não arriscar
e esperar que venham tempos melhores. Outros acrescentam que devemos firmar bem o leme, reforçar a autoridade, acentuar a
hierarquia. Penso que ambos os conselhos são valiosos em matéria de sistema
e de poder, mas não são conselhos de igreja, isto é, conselhos
de perdão e comunhão gratuita entre pessoas que não perseguem outra coisa senão
amar-se mutuamente. Numa linha evangélica, só existe uma resposta: ser coerentes e claros a partir da raiz de Cristo, com liberdade criadora e gozo intenso sem procurar
soluções numa linha de estrutura.
«Provavelmente, seria conveniente
(inevitável) que a grande instituição clerical fosse derrubada, mas nunca
derrubar se isso for para erguer uma outra semelhante (que tudo mude para
que tudo fique na mesma, como é comum dizer-se) – derrubar, muito bem, se
for para descobrir e expressar a novidade messiânica. Neste contexto, regressa
a imagem da destruição do templo que
Jesus realizou ao expulsar os vendilhões num momento culminante do seu
percurso: para que o Reino venha, este templo tem que vir abaixo, não por ódio
ao templo, mas por amor a Deus e por entrega aos pobres (Mc 11:12-26 par.).
«Muitos dizem que a destruição do
templo era boa já que aqueles sacerdotes estavam a merecê-las: o sistema
da comunidade do templo estava mirrado e tinha que nascer (e nasceu) algo novo,
quer no plano nacional judaico (federação de sinagogas, sem templo), quer no
plano cristão (federação de igrejas). Esses dizem: ‘nós, porém, somos
diferentes; do nosso templo, não há que deitar abaixo nada’. Ora bem, contra
esta opinião, eu penso que a nossa situação é semelhante, pelo que aquela
imagem (destruição do templo) regressa de modo luminoso. Não será
conveniente que o nosso templo caia?»
(…)
Xabier Pikaza
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