teologia para leigos

10 de outubro de 2012

«ESTRUTURA» E «ORGANIZAÇÃO» NA IGREJA [CASTILLO]

Há 50 anos – Roma, 11 Out. 1962
Abertura Solene do Concílio Ecuménico Vaticano II

  
Uma «sociedade hierarquicamente ordenada»



[…] durante os primeiros dez séculos do cristianismo, cada comunidade ou Igreja local designava o seu bispo, enquanto que, a partir do século XI, se retirou, à comunidade de fiéis, esse direito, passando as nomeações episcopais a ser privilégio exclusivo das autoridades centrais de Roma (ainda que segundo fórmulas diversas). E aquilo que se diz da nomeação pode dizer-se, também, da partilha do poder. Durante o primeiro milénio da história da Igreja, os bispos tinham um poder que, ao longo do segundo milénio, lhes foi sendo retirado pouco a pouco, na exacta medida em que ia crescendo o poder central: do século XI ao século XVI foi crescendo o poder do Papa e dos seus conselheiros e, a partir da segunda metade do século XVI, aumentou o poder do Papa mais o da cúria romana. De facto, o modo como os bispos de hoje dependem do Papa seria totalmente inimaginável para os bispos dos primeiros séculos. A «estrutura» da Igreja permanece a mesma desde os começos do cristianismo; a «organização» da Igreja, no entanto, é muito distinta.

Já o disse antes: o problema de fundo da Igreja não está no modo como funciona a «organização», mas em que consiste a «estrutura», porque aí reside a razão do restante. Isto é: se a «organização» muda segundo os interesses da «estrutura» central é porque essa estrutura organiza tudo como acha que deve ser ou como lhe convém. Assim, tocamos a questão de fundo, assunto muito delicado e determinante no que diz respeito à vida da Igreja e à sua presença na sociedade.

O problema caminha para uma solução quando se responde correctamente à pergunta que se levantou quando abordamos o «debate determinante» de toda a eclesiologia do Concílio. Essa pergunta tem a ver com o seguinte: a estrutura da Igreja, ou seja, o episcopado, que governa as comunidades cristãs, tem uma base sacramental ou jurídica?

À primeira vista, esta pergunta […]


José Maria Castillo


[8 pp.]