Há 50 anos - 11:OUT:1962
Abertura Solene do Concílio Ecuménico Vaticano II
Introdução
José Maria Castillo |
A 11 de Outubro de 1962, o Papa João XXIII inaugurou o Concílio Vaticano II. (…) Nós, os que vivemos o Concílio e nos demos conta daquilo que ali se passou, estamos já na terceira idade ou muito perto dela. Por outro lado, as gerações jovens de hoje e as pessoas de média idade, que na sua grande maioria são as que carregam com as instituições e puxam pela sociedade de agora, não puderam, a seu tempo, tomar consciência daquilo que o Concílio representou para os cristãos e para a Igreja em geral. Dito de outro modo, tanto para os jovens como para as mulheres e para os homens, aqueles que hoje são os elementos mais relevantes da sociedade, custa-lhes fazer uma ideia daquilo que na realidade o Concílio pretendeu. Portanto, não parece um exagero dizer que o Concílio Vaticano II é, para muita gente, um facto que passou à história, que carece de actualidade e que, em boa medida, não representa grande coisa no momento presente. Em poucas palavras, o Concílio é, para muita gente da Igreja, esse grande desconhecido, mesmo para indivíduos que, com relativa frequência falam do Concílio ou fazem alusão a ele. Isso é mau para a Igreja, porque nos diz que o acontecimento mais importante da vida da Igreja no século XX é, para alguns, desconhecido, para outros esquecido e, para uma imensa maioria, incompreendido.
Seja como for, não vem mal ao mundo recordar que, ao longo da história da Igreja, todos os grandes concílios demoraram, pelo menos, 40 ou 50 anos a ser plenamente aceites e tornados vida, para os cristãos. É aquilo que os teólogos denominam «recepção» de um concílio. Não se trata apenas de tempo até todos se submeterem, por obediência, às doutrinas conciliares. Falar de «recepção» é falar de «adoptar» o ensino do concílio. Porém, para muitos católicos, no que diz respeito ao Vaticano II, isso não chegou a acontecer. E existem dados mais que fundamentados para julgar que, pelo caminho que vamos, dificilmente se produzirá a «recepção» do último Concílio. O projecto de fazer com que as novas gerações se inteirem daquilo que aquele Concílio significou para a Igreja, fica assim(…)
José Maria Castillo
“La Iglesia que quiso el Concilio”
PPC, Madrid 2002, pp. 7-12.
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