teologia para leigos

19 de outubro de 2012

CRISTÃO: O QUE É? [CASTILLO]

Há 50 anos - 11:OUT:1962
Abertura Solene do Concílio Ecuménico Vaticano II


OS CRISTÃOS QUE O CONCÍLIO QUIS

- Decidir!!? Sinto que me faltam as 'bases'...


No segundo capítulo da Constituição Dogmática sobre a Igreja, ao tratar do tema do Povo de Deus, o Concílio diz que o Povo de Deus «tem como condição a dignidade e a liberdade dos filhos de Deus…, tem, como lei, o mandamento do amor… e tem, por último, como finalidade, a expansão do Reino de Deus» (LG 9,2). Portanto: a Igreja é um povo, uma comunidade de pessoas, mas não qualquer tipo de pessoas. Trata-se de crentes que se caracterizam por três aspectos: a liberdade, o amor mútuo e o compromisso com as tarefas do Reino. Por conseguinte, os membros da Igreja são pessoas que se distinguem por: 1) serem livres; 2) amar os outros; 3) ter como projecto de vida trabalhar pelo Reino de Deus.

Não é correcto reduzir estas três características a atitudes morais ou a comportamentos espirituais. Claro que também as engloba, mas, mais do que uma ética ou uma espiritualidade, o que o Concílio quis, com estas características, foi apresentar uma teologia da Igreja. Ao falar acerca dos membros da Igreja desta maneira, o que na realidade se está a querer dizer é que o Povo de Deus, que é a Igreja, se caracteriza pela liberdade, pelo amor e pelo serviço do Reino. Por outras palavras, só existe Igreja onde houver liberdade, amor e luta pelo Reino. Trata-se de uma descrição teológica da Igreja, e, sendo assim, temos aqui três aspectos distintivos da autenticidade da Igreja.

Acresce que a Igreja não é uma instituição que esteja acima das pessoas e que, portanto, possa ser analisada e compreendida independentemente de quem a ela pertença. A Igreja é o conjunto de «todos os crentes que vêem Jesus como o autor da salvação e o princípio da unidade e da paz» (LG 9,3). Por conseguinte, segundo o Concílio, a Igreja é mais fiel a si própria quando os cristãos são (…)


José Maria Castillo
‘La Iglesia que quiso el Concilio’
PPC, Madrid 22002, pp. 75-85


[10 pp.]