teologia para leigos

17 de outubro de 2012

DUAS ECLESIOLOGIAS [CASTILLO]

Há 50 anos - 11:OUT:1962
Abertura Solene do Concílio Ecuménico Vaticano II

O DEBATE DECISIVO NO CONCÍLIO



(…) «As preocupações surgiram à luz do dia quando se deixou de falar de mistério e se começou a falar de algo muito mais concreto e, portanto, de algo mais tangível e operativo: a estrutura do governo da Igreja, a partilha da autoridade, a gestão do poder, os ministérios eclesiais e, portanto, a própria função do Papa, em primeiro lugar, e a função dos bispos imediatamente a seguir. Isto foi aquilo que deu insónias a muitos e ocasionou os mais amplos debates que se produziram no Concílio. Porque, em suma, a comunhão era facilmente admitida quando se falava de mistério, mas não quando estava em jogo o governo.» (...)

«Em suma, o que com tudo isto ganhou relevância foi a confrontação ente duas eclesiologias, isto é, duas concepções fundantes daquilo que é a Igreja. Estas duas concepções podem ser formuladas consoante a resposta que se dê à seguinte pergunta: a estrutura fundamental da Igreja é sacramental ou jurídica? (…)

«Não é preciso muito esforço para perceber que, consoante a resposta que se dê à pergunta, a Igreja que daí resulta, no primeiro caso, é algo muito parecido com aquilo que Jesus organizou quando se pôs a anunciar o Reino de Deus, ao passo que, no segundo caso, o que surge é uma instituição de poder que, frequentemente, deriva para o autoritarismo, pois que (como poderemos ver) a lei, em tal instituição, está concebida mais para afirmar o poder dos que mandam que os direitos dos que obedecem.»


José Maria Castillo



[4 pp.]