teologia para leigos

6 de setembro de 2011

AS PEQUENAS COMUNIDADES DO FUTURO, por Marcel Légaut

 «Fazei isto em memória de Mim!»

A experiência comunitária, de 50 anos, de Marcel Légaut, em 10 tópicos

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Marcel Légaut


Renovação da CEIA e reunião de alguns discípulos em Seu nome

Papel fundamental das pequenas comunidades no cristianismo

A moldura mais favorável para o desenvolvimento das pequenas comunidades

A grande paróquia urbana não lhes é favorável

O futuro do cristianismo depende do incessante nascimento de pequenas comunidades espirituais

«Para dizer a verdade, o futuro do cristianismo depende do contínuo nascimento, no seio do povo crente, de pequenos grupos de discípulos que se reúnam em nome de Jesus. Nascidos em terras e tempos muito concretos, têm o sentido do terrunho, sabem que pertencem a um lugar e a um tempo que é «seu» e são, por isso, os que estão habilitados a responder às suas necessidades. Só eles o podem fazer sem que a mentalidade ambiente os deite a perder e sem por isso virem a ser infiéis ao espírito de Jesus, posto que mantêm todo o seu enfoque primordial na vida espiritual da qual eles surgiram. Só estas pequenas comunidades podem fazer com que os seus membros caiam na conta de tudo o que há neles e, assim, produzam frutos. Graças, pois, às comunidades [pequenas], os seus membros adquirem uma capacidade de irradiação, diante das pessoas, que prolonga e perpetua a de Jesus.»

O nascimento e o desenvolvimento destas comunidades não se ajustam a nenhuma organização pré-formatada (‘sistemática’)

«Este tipo de fraternidades são muito menos extraordinárias do que se possa, em princípio, pensar. Estão tão pouco pré-concebidas que, frequentemente, nascem e começam a desenvolver-se sem que, os próprios que lhes estão na origem, se dêem conta disso. É precisamente, então, que acontece o trabalho mais profundo e original… Estas comunidades, mesmo sem nome ou, inclusivamente, até quando caem na debilidade de o criar, sem casa nem lugar próprio específico ainda que possam dispor de algum tipo de instalação material, não gostam de publicidade, o que, aliás, é totalmente contrário ao seu espírito.

Ninguém fala delas. As estatísticas ignoram-nas. É frequente, quando começam a conhecer-se, começarem a declinar, altura em que, precisamente, começam a ser reconhecidos nos círculos próximos da autoridade… São comunidades que podem ser desejadas, mas nunca instituídas. Nenhuma autoridade é capaz de as suscitar. Quando a hierarquia, para as poder melhor controlar, as passa a coordenar, com isso não faz mais do que acelerar o seu envelhecimento. Quando estas fraternidades se organizam de modo a passar a ter estruturas duradouras, no fundo preparam a sua decadência, o que, nesses casos, é provável que já esteja em fase avançada. A filiação e a paternidade espirituais são somente aquilo que é capaz de ajudar e de proteger o delicado desenvolvimento destes aparentemente muito precários grupos, na verdade, firmes porque assentes na solidez espiritual dos seus membros.

Estas verdadeiras comunidades estão tão unidas ao ser dos seus membros que também conhecem e sofrem, com eles, seus progressos e seus retrocessos.
À medida que, com a idade, elas se transformam e já não têm as mesmas necessidades, os mesmos meios e as mesmas aspirações, também elas mudam de carácter. Deste modo, estas comunidades acompanham os seus membros ao longo da sua vida de uma forma sempre adaptada a eles e de modo espiritualmente eficaz.»

Estas comunidades são raras por serem escassas as pessoas capazes de ser a primeira pedra.

O teste mais significativo da vitalidade de uma Igreja é a maneira como os seus membros «fazem isto em Sua memória».

Esta preparação [para que o povo cristão seja capaz de ‘Renovar a Ceia’] só poderá ser feita em pequenas comunidades de cristãos.

Recolocação radical da concepção do sacerdócio.

Marcel Légaut, ‘Creer en la Iglesia del futuro’, Sal Terrae, col. Presencia Teologica-43, 1988 (a partir de: Croire à l’Église de l’avenir, Aubier, Paris, 1985), pp.140-143.146-151.153-154.160-161. ISBN 84.293.0794.X.