rio Bestança |
sob a ponte das Pias
A libelinha azul roça a água do ribeiro
e cintila.
Cintila todos os azuis que há.
Poisa no frágil verde ramo.
Inclina a cabeça e ora.
Imóvel, ora. Ora azul.
Os nossos pés, nas águas,
arrefecem o corpo
ao som forte das águas do ribeiro.
A luz cega-nos.
Bate nas águas
por baixo dos juncos
e cega-nos.
O guarda-rios risca o escondido
sob os baixos ramos dos amieiros.
Também ele é azul. Azul metálico.
Pára. Precipita-se.
Depois, regressa pesaroso.
Por todos os lados, a água
contorna os seixos
e arredonda-se sob o calor tórrido.
A felosa não pára de cantar
a melodia que mais agrada ao meu deus.
De pedra em pedra, a alvéola
persegue o rigor vaidoso do seu voo.
Nas árvores junto ao ribeiro
a felosa não pára de cantar.
Há quem estranhe já não ouvir o cuco…
Está calor, muito calor.
Sobrevivemos
com os pés dentro da água do ribeiro.
Lá está a libelinha.
A libelinha azul e os alfaiates,
minha oração em tempos de canícula.
'guarda-rios' em voo rasante |
rio Bestança |
'guarda-rios' |
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