teologia para leigos

1 de junho de 2011

VERDADE E AUTENTICIDADE DAS NOSSAS VIDAS

Ser autêntico





            
Nestes dias de eleições ganha uma importância maior o tema da autenticidade. Não basta dizer que andamos cansados ou desenganados da vida política. É preciso assumir o comum destino de vivermos em sociedade e de, aos variados níveis, sermos responsáveis uns pelos outros. Procurando caminhos de verdade, voltando a acreditar nas pessoas e nas suas palavras. Ser autêntico lembra-me o início de um poema de um dos heterónimos de Fernando Pessoa, Ricardo Reis: Para ser grande, sê inteiro / Nada teu exagera ou exclui / Sê todo em cada coisa /Põe quanto é no mínimo que fazes…”.

Quanta desta autenticidade nasce e se desenvolve no contexto familiar? As crianças absorvem o que vêm e ouvem em casa. Elas reflectem os pais e os mais velhos. É aí que nascem os valores e os preconceitos, os modelos da sua própria personalidade”, comentava há dia uma psicóloga num programa de rádio. E ainda que a escola, os meios de comunicação social também influenciem esta construção, sabemos da importância dos primeiros anos na vida de cada pessoa.

Como dizia um dos personagens do admirável filme de Terence Malick, Palma de Ouro em Cannes: O meu pai ensinou-me o caminho da natureza e a minha mãe ensinou-me o caminho da graça. As suas vozes lutam constantemente dentro de mim.” E se este belíssimo filme pode ser abordado em numerosas perspectivas, sobre o sentido da vida, a procura de Deus, a beleza e o drama, ele é também um retrato da importância dos modelos familiares na construção interior das crianças.     

Verdade, anúncio e autenticidade de vida, na era digitalé o lema que o Papa Bento XVI escolheu para este Dia Mundial das Comunicações Sociais. O mesmo Papa que, há dias, conversava com os 12 astronautas do Shuttle Endeavour que gira numa órbita da terra, e lhes perguntava como olhavam do espaço para a terra. As admiráveis potencialidades dos meios de comunicação do nosso tempo abrem dinamismos novos de relação entre as pessoas. Mas não podem substituir a proximidade física e tangível de um toque ou um abraço. Não somos seres virtuais, e um risco associado à imediatez da comunicação é o isolamento e a distância. Na experiência da fé, como na do amor, nenhum meio pode substituir em absoluto a presença, antes deve ajudar a tornar possíveis todos os encontros. Ser testemunha de Jesus implica assumir o seu gosto de estar com as pessoas e de revelar os mistérios do reino na linguagem simples que todos entendem. E a autenticidade revela-se quando as palavras encarnam na própria vida. Vida que podemos ver e tocar!


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À PROCURA DA PALAVRA
P. Vítor Gonçalves, Lisboa

ASCENSÃO DO SENHOR

Sereis minhas testemunhas em Jerusalém
e em toda a Judeia e na Samaria
e até aos confins da terra.
Act 1, 8