teologia para leigos

18 de junho de 2011

O «REINO DESTE MUNDO», OS SACERDOTES E OS EMPRESÁRIOS

Deus amou tanto o mundo...






«Deus amou tanto o mundo,  que deu o seu Filho unigênito,  para que não morra todo o que nele crer,  mas tenha a vida eterna.  De fato, Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo,  mas para que o mundo seja salvo por ele.  Quem nele crê, não é condenado, mas quem não crê, já está condenado, porque não acreditou no nome do Filho unigénito.» [Jo 3,16-18]


Um termo bastante interessante no evangelho de João é o conceito "mundo". Jesus amou tanto o mundo, mas ao assumir a sua realeza diante de Pilatos, teria dito: "Meu reino não é deste mundo" (Jo 19,33).

Para o Evangelho de João, o que é o mundo? É o espaço para o qual foram atiradas as comunidades cristãs, espaço infelizmente tomado pela maldade, dominado pela cobiça do Império Romano.

No intuito de justificar seu comportamento religioso teoricamente apolítico, pessoas e grupos "espiritualizam" o movimento de Jesus. Ao dizer que seu reino não é deste mundo, Jesus estaria pensando no pós-morte ou estaria se apresentando como "rei espiritual" dos judeus. Infelizmente, muitos dos que defendem essa postura, se líderes religiosos, vivem atrelamentos vergonhosos com políticos e empresários. E, se políticos ou empresários, quase sempre pedem as bênçãos de um líder religioso para suas ações e seus empreendimentos financeiros.


[NOTA DO EDITOR - vide: a entrevista do Padre Américo Aguiar, da Confraria da igreja, secretário episcopal, na RDP, acerca da Festa e do Restauro da Igreja e da Torre dos Clérigos, no Porto, para o aniversário dos 250 anos daquela igreja, em 2012; «contamos com sponsers para o restauro e obras... contamos com mais 'UMA AVENTURA' de Isabel Alçada e Ana Mª Magalhães... contamos com Germano Silva... e com o Mestre Hélio Loureiro para fazer um bolo do tamanho da Torre dos Clérigos... Também, não é justo que toda a gente 'faça dinheiro' com a imagem da Torre dos Clérigos sem que a Confraria lucre o que quer que seja...»]


Ora, ao afirmar a Pilatos que seu reino não é deste mundo, Jesus na verdade está apontando o dedo e afirmando: "Meu reino não é segundo este seu mundo". A proposta de Jesus não é de acordo com (melhor tradução do original grego) o mundo do império.

Se para o império não há espaço para misericórdia e salvação, para o Reino, conforme o Evangelho de João, sempre há espaço para o perdão: "Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele." A salvação do mundo, entretanto, depende de duas coisas extremamente escandalosas: a partilha (Jo 6) e o poder exercido como serviço" (Jo 13).

Amar esse mundo para transformá-lo significa ter coragem de viver o escândalo da cruz como dizia Paulo: o escândalo da partilha!

Edmilson Schinelo,
Sexta-feira, 17 de Junho de 2011
CEBI