As cinco vogais para o Natal
Gostaria que cada família fizesse deste Natal uma surpresa. E para isso não é preciso gastar dinheiro, é apenas necessário estar atento ao outro, olhar para dentro de si e comemorar esta festa da família. Mesmo com a crise.
Pensei numa forma simples de surpreender no Natal. Em vez de se comprar muita coisa, fazer refeições abundantes ou prometer dias em que tudo irá correr melhor, proponho as cinco vogais. Toda a gente sabe o A, E, I, O, U, mesmo os que não sabem ler. E por isso vamos dar a cada uma destas letras um significado de Natal.
Pensei numa forma simples de surpreender no Natal. Em vez de se comprar muita coisa, fazer refeições abundantes ou prometer dias em que tudo irá correr melhor, proponho as cinco vogais. Toda a gente sabe o A, E, I, O, U, mesmo os que não sabem ler. E por isso vamos dar a cada uma destas letras um significado de Natal.
A de Alegria. Porque nada se faz sem agrado, animação, entusiasmo ou sentido de humor. A situação não está fácil, dizem todos os dias os senhores importantes que falam de dinheiro na televisão. A verdade é que é possível ter felicidade ou prazer em pequenos gestos do nosso quotidiano, em momentos que surjam de modo inesperado, ou após uma pequena mudança nas nossas vidas. Não é possível viver sem conflitos ou ameaças, o que importa é conhecer e utilizar os mecanismos necessários para os superar: e é possível encontrar momentos alegres, mesmo quando tudo nos parece em ruptura.
E de Esperança. A Psicologia Positiva defende que o caminho mais certo para a Saúde Mental passa por focar bem o presente e obter satisfação sobre o que já conseguimos, mesmo que na aparência não seja muito. É a partir da mudança das atitudes básicas em relação à vida que poderemos sedimentar a esperança em relação ao futuro: para isso é essencial valorizar todos os dias o bom do nosso quotidiano, mesmo que tal seja mínimo. E a esperança aumentará se conseguirmos centrar a nossa atenção naquilo que poderemos melhorar.
I de Igualdade. No sentido de que todos os homens e mulheres estão submetidos à lei e devem gozar dos mesmos direitos e obrigações. No sentido de que a lei que os iguala deve ter a possibilidade de contemplar a singularidade de cada um. No sentido da justiça que deve organizar uma família, com a condição de que se entenda, em todos os instantes, como a maior injustiça é não perceber a diferença de cada indivíduo. Na direcção da equidade, no sentido do que se deve considerar justo, tendo em conta as características de cada pessoa. Igualdade na crença permanente que todos merecem triunfar desde que lutem por isso.
O de Oportunidade. Porque todos merecem circunstâncias favoráveis para a realização de alguma coisa considerada importante pelo próprio, desde que não ameace o bem-estar do outro. Os ensejos convenientes e úteis devem ser proporcionados numa família, para que cada um possa dar livre curso à sua criatividade e conseguir a alegria desejada.
Não dar oportunidades é a maior forma de exclusão social.
U de Utopia. No sentido da quimera, do sonho, da invenção, da fantasia. Foi a utopia que permitiu, em muitos momentos da História de Portugal, sair do nosso pequeno território e olhar para o mundo, de modo a vencer a crise. Sem utopia, jamais conseguiremos uma sociedade mais justa. Sem a generosidade utópica que nos faz pensar em todos, nunca conseguiremos mobilizar os que estão a nosso lado. O que mais me impressiona em certas pessoas jovens é o facto de já terem destruído o sonho. Não existe de facto a ilha imaginária de Thomas More, dotada de um sistema sociopolítico ideal, mas o arquipélago das nossas relações pode ser cultivado com generosidade e justiça.
Estas cinco vogais poderão fazer a surpresa deste Natal. Por isso as ofereço, sem pedir muito em troca: apenas mais um momento de atenção, igual à que me têm dedicado ao longo destes anos.
U de Utopia. No sentido da quimera, do sonho, da invenção, da fantasia. Foi a utopia que permitiu, em muitos momentos da História de Portugal, sair do nosso pequeno território e olhar para o mundo, de modo a vencer a crise. Sem utopia, jamais conseguiremos uma sociedade mais justa. Sem a generosidade utópica que nos faz pensar em todos, nunca conseguiremos mobilizar os que estão a nosso lado. O que mais me impressiona em certas pessoas jovens é o facto de já terem destruído o sonho. Não existe de facto a ilha imaginária de Thomas More, dotada de um sistema sociopolítico ideal, mas o arquipélago das nossas relações pode ser cultivado com generosidade e justiça.
Estas cinco vogais poderão fazer a surpresa deste Natal. Por isso as ofereço, sem pedir muito em troca: apenas mais um momento de atenção, igual à que me têm dedicado ao longo destes anos.
Feliz Natal
Daniel Sampaio
Revista «PÚBLICA», 05:XII:2010