teologia para leigos

14 de setembro de 2012

A INCURÁVEL DEMÊNCIA HITLERIANA ...

TUDO ISTO É PARA NOSSO BEM




Os parceiros europeus já deixaram de ouvir o que se passa em Portugal - mesmo quando o País está perdido está sempre "no bom caminho". Entretanto, o maior partido de oposição parece ainda hesitar em viabilizar esta nova experiência social do ministro das Finanças que será o Orçamento para 2013. São Bento aprendeu bem a lição europeia de medir a credibilidade pelo sofrimento infligido à população.

Noutras paragens ainda há resistência. Aqui não, a austeridade não é passageira e o Governo não é o condutor - somos todos culpados e aceitamos pagar pelos nossos pecados. Mas se o golpe na TSU for avante, ninguém mais duvidará da nossa total determinação.

De fora ninguém nos irá socorrer. Bruxelas entrou decididamente no modo de filme ‘gore' - quanto mais sangue, melhor. Já não é só cumprir o défice. A solução é sempre empobrecer porque qualquer tentativa séria de distribuir o fardo por empresas, mais-valias, rendimentos mais altos e proprietários é sempre visto como um convite para os investidores abandonarem o país.

A tentativa de Vítor Gaspar em repartir o esforço entre classes só podia ser simbólica e, essa sim, seguramente temporária. A reforma estrutural aqui é que, no segundo país com o maior índice de desigualdade da União, o governo decidiu colocar os trabalhadores a devolver um salário à sua empresa. A desonestidade intelectual na justificação das medidas ainda custa mais.

Quando um alto responsável do Eurogrupo em Bruxelas defende que a quebra da receita fiscal é uma "boa notícia", porque demonstra que a economia se está a reconverter mais rapidamente, está tudo dito. O aumento do desemprego e a perda de rendimentos também são boas notícias. É tudo para o nosso bem. O povo não percebe porque não é qualificado.

Se as taxas de juro no mercado secundário descem umas décimas é bom, se sobem é porque os mercados ainda não digeriram as medidas. Ninguém pára o comboio da transformação social. A TSU desce para as empresas para desanuviar a carga fiscal, mas quando aumenta para as pessoas não é um imposto!

Nem os empresários vão na conversa porque sabem que o problema das empresas é o acesso ao crédito, a atrofia do consumo, e a dificuldade em exportar porque o País escolheu o caminho dos baixos salários e da falta de valor acrescentado.

As PME vão ter mais dificuldade em vender a quem não pode comprar e as grandes empresas vão aumentar a sua renda - sem reflectir esta benesse nos preços, tal como não o fizeram quando o IVA baixou.

Esta é outra falácia da economia portuguesa: diz-se aberta quando se trata de atrair capital estrangeiro, mas não é concorrencial, é altamente protectora a interesses instalados das grandes empresas incumbentes.

Além disso, por muito bem acompanhada que seja, esta medida é profundamente desigual: não é universal, nem progressiva. E, como se viu, nem sequer exclui outras medidas de austeridade para penalizar os alvos do costume. Que fizemos nós para merecer isto?


 BCE lançou-se para fora de pé

A forma como o BCE decidiu - finalmente - intervir de forma ilimitada nos juros da dívida soberana é incoerente e empurra-o para fora do seu mandato. O BCE devia intervir no mercado secundário quando a distorção nos instrumentos da política monetária o justificasse. Ao invés, decide agora apenas intervir se o país tiver pedido ajuda ao Eurogrupo. Esse pedido depende de considerações políticas, como orgulho nacional de quem pede e populismos nacionais de quem dá. Definir condicionalidade não faz parte do seu mandato que é a estabilidade financeira. Se o Banco é independente para mexer nas taxas de juro para toda a zona euro, também o deve ser para comprar dívida soberana.


13:IX:2012




Pelo economista Eugénio Rosa (CLICAR PARA AMPLIAR)





VÍDEO:
Intervenção de João Galamba na AR