teologia para leigos

14 de setembro de 2012

NO «COVIL DO LOBO»






Eles não querem saber e estão-se a borrifar para tudo o mais. Vivem em realidades virtuais de modelos teóricos elaborados em gabinetes, competência tecnocrata, curricula académicos, números, projeções e tabelas de desktop: é este o ambiente técnico.

Vivem alheados e longe da rua, dos centros de emprego, das escolas, do interior desertificado, dos dramas, das angústias e do desespero dos súbditos, sugerindo qu'ils mangent de la brioche a cada pergunta incómoda, interpelação inconveniente ou protesto inesperado: é esta a sensibilidade social.

Vivem numa espécie de síndrome do capataz, aquele que está empenhado em exceder as ordens do patrão, bajulá-lo e mostrar-lhe que é capaz de espremer os negros a golpes de chicote: é esta a postura internacional.

Vivem empenhados em desmantelar o que a democracia construiu em décadas, serviço público, cuidados de saúde gratuitos, ensino universal, igualdade de oportunidades, transporte público acessível, e e entregar tudo isto a interesses e grupos: é este o projeto político.

Eles não sabem nem sonham que os efeitos mais profundos da terra queimada não se medem em taxas e percentagens, recessão hoje, crescimento amanhã, receitas mágicas que transformam depressão em progresso num ápice, panaceias milagrosas que curam clivagens sociais profundas, toques de Midas que criam emprego e bem-estar súbitos,  como se dez milhões de pessoas fossem bonecos num cenário, sem alma, sem vontade e sem expectativas próprias individuais e coletivas: mede-se no sentimento de pertença a um edifício comum, na confiança na democracia, no sentido de justiça e bom senso, na esperança de que é possível um futuro coletivo melhor.

O que se passa neste momento corrói tudo isto, porque o engano conduz à desconfiança, a mentira leva à descrença e ao desânimo, a insensibilidade não faz mais do que promover o salve-se quem puder.

Talvez Portugal retome o regresso aos mercados num ano ou dois, talvez o ambiente internacional melhore, talvez o cenário não seja tão negro quanto se nos afigura hoje, talvez tudo isto não passe de um momento mau, quem sabe. Mas o quadro da confiança nacional, a dignidade de todo um povo, a autoestima individual e coletiva, o Yes, We Can! construído pacientemente ao longo de décadas e que não aparece nos números do PIB e nos índices das bolsas, está arruinado, e as cicatrizes profundas na alma da nação, os sintomas do stress pós-traumático, essas, demorarão gerações a desvanecer-se.

Não, eles não sabem, não querem saber frankly, dear, they don't give a damn.

Paulo Pinto
13 Set 2012
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No «Covil do Lobo»

«(Hitler) parecia querer dizer que a Europa passaria a existir como uma fortaleza fortemente armada e auto-suficiente, deixando as restantes potências beligerantes a lutarem entre si noutros teatros de guerra.

«Delineou a sua visão do futuro.
«Era essencial, depois de a guerra ter acabado, que fosse levado a cabo um gigantesco programa social que abrangesse operários e camponeses. O povo germânico era merecedor dessa medida. E proporcionariasempre o raciocínio político por detrás do objectivo de melhoria materiala “base mais segura para o nosso sistema de Estado”.

«O vastíssimo programa de habitação que Hitler tinha em mente tornar-se-ia possível, afirmou ele abertamente, por meio da mão-de-obra barata – através de salários reduzidos. O programa seria levado a cabo pelo trabalho forçado dos povos derrotados. Salientou que os prisioneiros de guerra, naquele momento, tinham pleno emprego na economia de guerra.

«Isto eram como as coisas deveriam ser, afirmou, como haviam sido na Antiguidade, dando origem pela primeira vez ao trabalho escravo. As dívidas de guerra alemãs seriam, sem dúvida, entre 200 a 300 mil milhões de marcos. Estas teriam de ser principalmente cobertas através do trabalho “de pessoas que perderam a guerra”. O trabalho barato permitiria que fossem construídas casas que seriam vendidas com um lucro substancial, que, por sua vez, serviria para pagar as dívidas de guerra dentro de dez a quinze anos.»

HITLER – Uma biografia
Ian Kershaw
Ed. D. Quixote, p. 572


NOTA: “COVIL DO LOBO” era o nome dado por Hitler ao bunker em que ele se instalara, a Leste, e de onde dirigia a invasão da Rússia… Os seus colaboradores mais íntimos relataram refeições, nesse bunker, que terminavam em estados psicológicos e discursos delirantes, megalómanos… meio loucos, por parte de Hitler! Vítor Gaspar, Carlos Moedas, Passos Coelho et al n'O COVIL DO LOBO, também.






MINISTÉRIO DA CONTRA PROPAGANDA
Por Miguel Januário