teologia para leigos

23 de janeiro de 2011

UM PLANO PARA O PAÍS [MANUELA SILVA]

os Cristãos e o Voto Político
«que a tua linguagem seja 'sim-sim' e 'não-não'»

Os cristãos deveriam exigir aos candidatos uma resposta curta ‘sim-ou-não’ às questões mais agudas do nosso país. Do género: «os imigrantes são para integrar, sim ou não?», «o Serviço Nacional de Saúde é para manter universal e gratuito, sim ou não?», «a miséria é inconstitucional, sim ou não?» e muito mais!
A Igreja deveria ser "Luz-no-mundo” ['do Mundo' é ambíguo... pois pode sugerir 'para' o mundo], rosto erguido e não manha espertalhuça; deveria ser Profeta-(feita-)de-Pobres, não sistema nem estrutura, deveria ser proximidade adoptada, Comunidade não VOLUNTARISTA, nem POPULISTA, nem sequer mera Autoridade que apenas ‘espeta farpas’, discursa, arregimenta, elabora relatórios ou ‘até-diz que’

A Igreja católica deveria ser
Igreja Católica!


Recapitulando

«Talvez hoje se venha a saber quem será, nos próximos anos, o chefe de estado. Seja como for, difícil mesmo será saber que estado pretendemos ter nos próximos anos. Num texto, não muito recente, mas de actualidade intacta, publicado no blogue A Areia dos Dias, da Comissão Nacional Justiça e Paz, a economista Manuela Silva pedia que não se passasse ao lado dos “verdadeiros desafios que o País atravessa no indispensável acertar do caminho para um desenvolvimento sustentável, base de consolidação da própria democracia”.

O cerne da crise, segundo a economista, e ao contrário daquilo que amplamente se diz, não reside “numa despesa pública excessiva ou na falta de competitividade da nossa economia no mercado mundial”. Manuela Silva nota que “é deste olhar míope que se parte”, no primeiro caso, “para fomentar a crença de que são inevitáveis cortes nas despesas do Estado (redução de serviços e prestações sociais, deslocalização de serviços públicos para o sector privado e mercantil, mais privatizações; alienação de capitais públicos)”; no segundo caso, para se dizer que tudo se resolveria baixando impostos, reduzindo salários e multiplicando os incentivos do Estado às empresas”.

A economista julga que se impõe um esforço de planeamento concertado, sem o qual não é vislumbrável uma saída para esta crise, que se diz ser de desequilíbrio das contas públicas, mas que, acrescenta Manuela Silva, “em boa verdade, é uma crise estrutural e com raízes muito fundas, só podendo ser enfrentada no quadro de uma visão compreensiva da realidade e assente em opções que reúnam um largo consenso nacional”.

É, pois, urgente promover uma estratégia de desenvolvimento nacional que tenha na devida conta diversos eixos fundamentais, que Manuela Silva apresenta e em que vale a pena reparar. São eles os seguintes:

1.   A reestruturação do papel do estado, nomeadamente no que se refere à definição das respectivas funções, serviços que deve prestar e papel a desempenhar na orientação geral da economia;
2.   Os objectivos e as metas de um desenvolvimento humano sustentável (em vez da discussão em torno do mítico indicador de crescimento do PIB) e respectivo planeamento a prazo, sem esquecer a política de valorização da agricultura e da floresta, a política industrial, o encaminhamento para a economia baseada no conhecimento, a valorização de recursos próprios como os recursos marítimos, o turismo, as potencialidades das energias renováveis ou as capacidades tecnológicas já disponíveis;
3.   O aperfeiçoamento do sistema de saúde e prestação de cuidados generalizados e com qualidade a toda a população;
4.   A orientação do sistema educativo, com o que tal comporta de definição de prioridades em matéria de conteúdos, de recursos a disponibilizar e de condições de uma gestão eficiente;
5.   A qualidade da justiça e a capacitação do sistema de justiça para enfrentar os novos desafios da corrupção e criminalidade económica, da delinquência juvenil, das organizações mafiosas e seus tráficos ilícitos de armas, drogas, ou tráfico humano;
6.   O ordenamento do território, as acessibilidades, a reabilitação urbana e, de modo geral, a correcção das grandes desigualdades de oportunidades a nível regional, que continuam a ensombrar a coesão nacional;
7.   A correcção das desigualdades na apropriação da riqueza, nos níveis de remuneração do trabalho, na fiscalidade, que ofendem os direitos de cidadania;
8.   A erradicação da pobreza, nomeadamente no que se refere à pobreza infantil, quebrando definitivamente o elo de transmissão geracional da pobreza e pondo termo a esta grave violação de direitos humanos;
9.              A criação de condições favoráveis à conciliação da vida profissional com a vida pessoal, familiar e cívica;
10.              A definição de objectivos e metas de uma estratégia de sustentabilidade ambiental.

Para que seja possível obter resultados concretos que viabilizem a definição de um plano estratégico de desenvolvimento para os próximos 4-5 anos, estas são, no entender de Manuela Silva, algumas questões que merecem um amplo e urgente debate.

É esse debate que está por fazer e que importa dinamizar.»

Eduardo Jorge Madureira

In,  [osdiasdasemana@gmail.com]

Braga: Janeiro 2011