«De maneiras que...»_R. Miguel Bombarda_Porto |
Greve Geral
Tenho a maior dificuldade em perceber quais as vantagens de uma greve geral num país falido.
Nas presentes circunstâncias, com a greve geral, as reivindicações não são atendidas. O desemprego não diminui. A produção não aumenta. A legitimidade democrática das instituições não se altera. A crise não se resolve. Ninguém lucra absolutamente nada com ela, a começar pelos participantes. A situação em que se encontram ficará rigorosamente na mesma, se não piorar como é mais provável.
«Comédia da noite...»_'com Vasco Graça Moura'...no papel principal |
No tempo de Marx, o enriquecimento crescente dos patrões podia ser visto como correlativo da pauperização crescente e acelerada da exploração dos trabalhadores. O alvo clássico de uma greve é, por definição, a entidade patronal que, comprando a força de trabalho alheia, acumula mais-valias à custa do esforço de cada um daqueles que a prestam. Trata-se, portanto, de impedir o capital de ter a sua esperada e fundamental rentabilidade.
Rua do Carregal_Porto |
Nos últimos 150 anos as coisas mudaram muito.
O estatuto dos trabalhadores no século XXI não é, nem de perto nem de longe, comparável ao que era no século XIX. Já não é por essa via que, de diferenças quantitativas, se passa a diferenças qualitativas, mesmo numa situação de escassez e desigualdades gritantes como a de hoje.
Actualmente, que se saiba (…)
Nos tempos que correm e numa situação como a nossa, a greve como instrumento de luta, torna-se inócua e sai cara demais a toda a gente.(…)
Se os contribuintes resolvessem, por sua vez, fazer greve geral aos impostos, então até as greves gerais iriam por água a baixo…
VASCO GRAÇA MOURA, escritor
jornal «Diário de Notícias», 23 Nov 2011, p.54
(dá vontade de chorar…)
VIVA A GREVE GERAL SOLIDÁRIA!