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Fim-do-mês_RSI_Utentes |
Parábola
do homem rico e glutão
e
do pobre Lázaro [=’Deus-ajuda’]
(Lucas 16:19-31)
§ «Havia um homem rico que se vestia de púrpura e linho fino e fazia todos os dias esplêndidos banquetes.» Tratar-se-ia dum publicano? Existe um relato, ao qual provavelmente Jesus se ligou, que descreve a “estória do rico publicano Bar Ma’jan e do pobre escriba” que se encontra no Talmud palestinense. O rico publicano Bar Mar’jan morreu e teve um funeral solene – toda a cidade parou, porque toda a gente queria acompanhá-lo na sua última viagem. Ao mesmo tempo morreu um piedoso escriba e ninguém teve notícias do seu sepultamento. Como pode Deus ser tão injusto a ponto de permitir isto? A resposta fez-se ouvir: Bar Ma’jan, longe de levar uma vida piedosa, tinha feito uma só vez uma boa obra e, aquando dela, fora surpreendido pela morte. Uma vez que é ‘a hora da morte’ que decide, e a boa obra já não poderia ser mais revogada (fora feita), estava, assim, aberta a porta para que Deus o recompensasse permitindo um magnífico cortejo fúnebre. E qual tinha sido a boa obra do publicano que se tornara rico ao longo da vida? Tinha organizado um banquete de festa para os membros do Conselho (Sinédrio), que, porém, não compareceram. O 'Homem rico' da Parábola que Jesus conta era/fora de facto 'um Publicano', um Alto Funcionário dos Impostos, uma espécie de «pato bravo», como um «novo rico», como um desses muitos portugueses que se aproveitaram das crises civilizacionais para «fazer negócio» - um de entre muitos espertalhuços… com faro para o dinheiro e jeito para arriscar (na Bolsa...). Um de entre muitos dos pseudo-intitulados «casos de sucesso»…
§ «Um pobre, chamado Lázaro, jazia ao seu portão, coberto de chagas». Era um proscrito pela ‘justiça judaica’, ou seja, aos olhos da teologia dos fariseus, um excluído dos favores de Yahvé. Se estava naquele estado, ‘alguma teria feito’… Não é impunemente que se cai na desgraça absoluta: muito provavelmente, tratar-se-ia de alguém que desleixara ou, até mesmo, menosprezava a Thora, os mandamento de Deus e a prática dos preceitos religiosos. Em suma, uma pessoa desprezível, um ímpio, um ‘ateu’, um revoltoso ou um malfeitor qualquer, um «transviado», que circula por «maus caminhos» (Salmo 125:5 - «Mas, àqueles que se desviam por caminhos tortuosos, o Senhor dará a sorte dos malfeitores.»); pessoa que não vai à Missa, alguém sem religião e sem Deus, um agnóstico. Tudo aponta para que fosse um «malvado», alguém asqueroso aos olhos do «mundo bem comportado», alguém que cheirava mal… uma geografia estrangeira aos muros territoriais da nossa paróquia!
Curiosamente, esta figura – Lázaro – está pintada com traços que fazem lembrar o Cântico 4º do Servo de Yahvé (Profeta Isaías 53)
Sem figura nem beleza.
Vimo-lo sem aspecto atraente,
desprezado e abandonado pelos homens,
como alguém cheio de dores,
habituado ao sofrimento,
diante do qual se tapa o rosto,
Menosprezado e desconsiderado.(…)
Nós o reputávamos como um leproso,
ferido por Deus e humilhado.
Mas foi ferido por causa dos nossos crimes,
esmagado por causa das nossas iniquidades.
O castigo que nos salva caiu sobre ele,
fomos curados pelas suas chagas.
Todos nós andávamos desgarrados
como ovelhas perdidas,
cada um seguindo o seu caminho.
Mas o Senhor carregou sobre ele todos os nossos crimes.
Foi maltratado, mas humilhou-se e não abriu a boca,(…)
Quem é que se preocupou com o seu destino?
Foi suprimido da terra dos vivos,(…)
Foi-lhe dada sepultura entre os ímpios,
e uma tumba entre os malfeitores,
embora não tenha cometido crime algum,
nem praticado qualquer fraude.
Mas aprouve ao Senhor esmagá-lo com sofrimento,
para que a sua vida fosse um sacrifício de reparação.
Lázaro com as cores dum malfeitor, dum «aniquilado», dum «esmagado» (=’esvaziado’ é pobre tradução) (‘kenótico’, Filipenses 2:7ss). Mais tarde (Hebreus 2:17-18), Jesus seria apresentado como mais uma vítima injustiçada e «esmagado pelo sofrimento» dos outros. Os fariseus, ao ouvirem esta história/parábola da boca de Jesus começaram a sentir de que lado «o Deus de Jesus» se estava a querer posicionar… Nós, cristãos, ao ouvirmos agora estes relatos – Parábola e Isaías – fazemos de imediato curto-circuito entre «a sorte» de Lázaro, «a sorte» do Servo de Yahvé e «a sorte» de Jesus de Nazaré: o «esmagamento kenótico», um fim miserável e ignominioso aos olhos dos religiosos e dos piedosos do tempo de Jesus! Também a teologia, à época, o confirmava ideologicamente: «o enforcado é uma maldição de Deus» (Dt 21:23) – será maldito, diante de Deus, o homem pendente do madeiro! Jesus acabaria, igualmente, dependurado dum madeiro (Cruz), semelhante aos revoltosos da Galileia, malfeitores, maltrapilhos e marginais miseráveis do seu tempo, como um rejeitado (pela hierarquia oficial), um excluído da Salvação oficial...
A situação de Lázaro era a de um proscrito. Para malfeitores e sediciosos é que o Madeiro, (com forma de Cruz ou não), foi criado pelo Império Romano. A Cruz, ou «madeiro», assentaria como uma luva, também, a Jesus: Jesus fora condenado como um revolucionário, um sedicioso, um perigoso marginal, um malfeitor. Lázaro (e Jesus que, nesta Parábola, com ele se identifica) representa todos os marginais do nosso tempo: arrumadores de carros, drogados, prostitutas, pequenos larápios, vadios, bêbedos, meninos sem família, ‘romes’ (romenos, vulgo ‘ciganada’), etc. Jesus, durante a sua actividade pública, virá a ser ouvido, acolhido e seguido por essa «escumalha»; Jesus seguirá um mapa outro, fora do tom, precisamente o daqueles a quem os ideólogos de David Cameron gostariam de «matar à mocada como se faz às focas bebés» [«The Politics of Envy was Bound to End Up in Flames», 12 Agosto 2011, www.daily-mail.co.uk].(cf. 15 Nov 2011, «A SALA DE CIMA», http://asaladecima.blogspot.com/). Curiosamente, Jesus não era seguido pelos «simples», pelos «pobres», pelos mal-remediados: Jesus era seguido pelos ‘ochlos’, pela ‘escumalha’ mesmo… por aqueles que não tinham ‘nem eira nem beira’, pelos que tinham caído na valeta, pelos ‘sem-abrigo’! Jesus não andava metido em IPSS’s… de mão estendida ao Poder Político a pedir subsídios para remendar a situação! Jesus denunciava a situação – por isso o decidiram matar. (Lucas 4:29)
§ «Bem desejava ele – o homem rico – saciar-se com o que lançavam para debaixo da mesa do rico; mas eram os cães (!!!???) que vinham lamber-lhe as chagas.» Ora a expressão «cães» era a expressão usada pelos judeus ciosos da sua filifiação divina para sinalizar os não-judeus, os pagãos, os rejeitados por Yahvé. A mulher «era gentia, siro-fenícia de origem, e pedia-lhe que expulsasse da filha o demónio. Ele respondeu: «Deixa que os filhos comam primeiro, pois não está bem tomar o pão dos filhos para o lançar aos cães.» [Marcos 7:26-27] Mais uma vez temos a oposição entre «os crentes» e os «não-crentes» - os «não-crentes» são estigmatizados com expressões humilhantes. Ainda hoje o fazemos: os utentes do RSI são «preguiçosos», «parasitas sociais», «oportunistas», «gastadores», «irresponsáveis», «desenvergonhados»… por isso «devem pagar o subsídio social com trabalho social à comunidade» (como se não fosse mais que justo o direito a ajuda social pelo estado de exclusão social a que o sistema neoliberal os sujeita…). Que as classes ricas «lancem comida boa para debaixo da mesa», ou seja, esbanjem e fujam ao fisco (que chega a ser 58 vezes mais do que o valor das fraudes sociais…), nada disso escandaliza!
§ «Ora, o pobre morreu e foi levado pelos anjos ao seio de Abraão». Nem direito teve a honras fúnebres…. Mas foi colocado «à direita do pai», – Mc 16:19; Act 7:55; Rom 8:34 – e, então sim, teve direito a lugar de honra no Banquete do Reino.
§ «Morreu também o rico e foi sepultado». Funeral com honra, pompa e luxo!
§ «Na morada dos mortos, achando-se em tormentos, ergueu os olhos e viu, de longe, Abraão e também Lázaro no seu seio.» Curiosa inversão das relações sociais… Rico na terra/pobre em Deus; Pobre na terra/rico em Deus… ‘Deus’ é o Deus dos abandonados… - Deus não está do lado daqueles a quem lhe corre bem a vida, Deus não abençoa ‘o sistema’ que produz pobres e explora o povo humilde…
§ «Então, ergueu a voz e disse: ‘Pai Abraão,». O rico, usando a expressão Pai!, apela para a sua condição de ‘baptizado’, de pessoa íntima na Fé, de «homem religioso», cumpridor das NORMAS religiosas, apela para a condição de quem «está dentro da igreja» e que não é nenhum excomungado! Recorda a Deus que ‘deve estar equivocado’…
(MATEUS 3 - Apelo de João à conversão (Mc 1,7-8; Lc 3,7-9.15-18; Jo 1,24-28) - 7Vendo, porém, que muitos fariseus e saduceus vinham ao seu baptismo, disse-lhes: «Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da cólera que está para vir? 8Produzi, pois, frutos dignos de conversão 9e não vos iludais a vós mesmos, dizendo: ‘Temos por pai a Abraão!’ Pois, digo-vos: Deus pode suscitar, destas pedras, filhos de Abraão. 10O machado já está posto à raiz das árvores, e toda a árvore que não dá bom fruto é cortada e lançada no fogo.)
Aqui, o homem rico «puxa dos galões»… (para ter direitos a segurar no palio, a exercer mordomias na paróquia, etc). Fez como certas pessoas que, pelo facto de serem zeladoras seculares de ‘coisas e loisas’ se acham com direitos de supremacia… e a regalias.
§ «tem misericórdia de mim e envia Lázaro para molhar em água a ponta de um dedo e refrescar-me a língua, porque estou atormentado nestas chamas.» «Abraão respondeu-lhe: ‘Filho,». (Curioso como Deus não o abandona… Trata-o carinhosamente por FILHO!!! Deus ama a todos por igual!!!, sobretudo os desesperados) «Lembra-te de que recebeste os teus bens em vida, enquanto Lázaro recebeu somente males. Agora, ele é consolado, enquanto tu és atormentado.» Para o Deus de Jesus de Nazaré, a inversão das posições significa que Deus não permite que se use a «religião» para anestesiar a consciência do Povo, para «lavar os pecados» antes da hora da morte. Chamar o Sr. Abade à hora da morte não vai mudar em nada o essencial! E o essencial é a única vida que existe – a vida terrena! No Cristianismo não há «vida para além da morte»: só há uma vida – esta de aqui de baixo! É aqui que tudo se joga (ou não joga…). O texto parece dizer «o que está feito, feito está» - é tarde demais para fazer seja o que for. É por isso que ninguém ressuscita depois de morto - «vamos ressuscitando desde que nascemos»… Os que foram humildes, leais, justos, mesmo que desprovidos de uma consciência cristã esclarecida ou convicta, esses ressuscitarão sempre, pois Deus não pode esquecer-se de nenhuma ovelha sua. Não precisamos de pedir misericórdia nenhuma a Deus – Ele sabe bem o que tem a fazer… Seria presunção nossa também «puxarmos dos galões».
§ «Além disso, entre nós e vós há um grande abismo de modo que, se alguém pretendesse passar daqui para junto de vós, não poderia fazê-lo, nem tão-pouco vir daí para junto de nós.’» Impressiona a irrevogabilidade das decisões divinas! Soa a ‘justiça justiceira’, mas não é. Apenas quer dizer isto: só as NORMAS religiosas … não bastam… não chegam para convencer Deus, não chegam para fazer Metanoia/«converter», para «mudar de vida como deve ser»… Como que o texto nos quer dizer que o Mal não habita o ‘meio divino’ (Theillard de Chardin), logo não pertence ao Reino de Deus, logo Deus não pode fazer nada, logo mora na terra dos homens e aí e só aí deve ser administrado e gerido. Deus «passa a bola» do Mal ao homem. Deus não tem poder sobre o Mal. De nada nos vale «comercializar» com Deus em matéria do que quer que seja… Jesus não estabelece pactos com o Mal, não negoceia. Por exemplo: é claro que Jesus desconhece a «teologia do Purgatório»…, face e rosto da concessão, em que se negoceia, se compara, pesa e mede o Mal de cada um consoante… (sabe-se lá o quê..). Isso, os negócios acerca do futuro da Alma no Além, pertence à Religião em geral, à Egípcia, em particular, à Grega, etc. Com Deus, o comércio (intenções e súplicas, etc.) está proibido. Súplicas a Deus é sinal de pouca Fé ou «falsa-fé»! Súplicas a Deus-Pai é sinal de «falta de intimidade» com Deus-Pai!
§ «O rico insistiu: ‘Peço-te, pai Abraão, que envies Lázaro à casa do meu pai,». É óbvio: o rico nem por sombras se quer converter e mudar de vida…! Faz orelhas moucas ao que está em causa (que é ele e o seu comportamento em vida…), faz-se despercebido e muda a agulha da conversa: «pois tenho cinco irmãos; que os previna, a fim de que não venham também para este lugar de tormento.’» O homem-rico tenta encontrar uma maneira de fazer chegar à restante família, ou seja, aos curadores da fortuna, os truques para que a família se salve INDEPENDENTEMENTE da vida gananciosa que leva, para que a sua família, após a morte, CONTINUE A USUFRUIR DE PAZ E CONFORTO como sempre usufruiu na terra. É muita lata! Abraão (que aqui representa Deus), responde-lhe: ‘Nã, nã... Nada feito!’ O Homem Rico sente-se enjaulado. Tal como “Lázaro-a-recibos-verdes-e-precário” durante toda a vida - as portas todas trancadas – assim se sente agora o homem rico. De cabeça perdida, busca todas as hipóteses, desde que não se toque na fortuna!
«Tenho 5 irmãos» (v.27). «Lugar de tormento» (v. 28). O algarismo «5» pode ser lido como referência à Lei de Moisés (que tinha 5 livros: Génesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronómio – Penta-teuco), à Thora, à religião por oposição à teologia de Jesus. Jesus quer dizer que «viver na Antiga Aliança» nesta terra é «um lugar de tormento» eterno... Noutro lugar dirá que «o meu jugo é leve», referência explícita às mais de 700 Obrigações decorrentes da Lei de Moisés, que um judeu piedoso deveria cumprir. Nós cristãos traduzimos isto assim: uma Fé que decorra de «obrigações» é uma Religião e nunca uma Aposta/Fé no Espírito de Jesus. S. Paulo dirá: «onde está o Espírito (de Jesus) está a Liberdade» e não as obrigações ou as Obras a cumprir. Os Fariseus que escutaram esta Parábola deviam ter as orelhas a ferver… Uma Fé contaminada (sobretudo, pela avareza e pelo cobiça do dinheiro – Lucas 16:14) bloqueia o Poder Libertador de Deus e já não é Fé: é um tormento, uma angústia constante, um sobressalto (‘Ai as minhas pratas!’ ‘Ai os meus anéis de heranças!’ ‘Ai o recheio da casa!’).
Viver no Antigo Testamento (AT), «viver no seio dos 5 irmãos», é viver atormentado por:
-Medo dum Deus justiceiro, dum Deus que impõe Rituais a cumprir e Obras a realizar;
-Medo de perder a segurança que a Fortuna (o dinheiro, Mamon) confere.
(Reparem: «Religião» e «dinheiro» sempre andaram de mãos dadas... Jesus vem denunciar essa nefanda Aliança!)
No fundo, viver no AT é ter medo d«o Reino de Deus e da sua Justiça»! (Mt 6:33) É viver em pânico...
Viver em Jesus é nada temer...
§ «Disse-lhe Abraão: ‘Têm Moisés e os Profetas; que os oiçam!’ 30Replicou-lhe ele: ‘Não, pai Abraão; se algum dos mortos for ter com eles, hão-de arrepender-se.’ 31Abraão respondeu-lhe: ‘Se não dão ouvidos a Moisés e aos Profetas, tão-pouco se deixarão convencer, se alguém ressuscitar dentre os mortos.’»
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A Salvação no contexto helenístico [Lc 22:25] baseava-se em:
- Poder Imperial que salva através dos «benfeitores», dos poderosos, dos Imperadores, dos ‘Bill Gates Foundation’ que concedem «migalhas» (ex.: Fundações António da Mota e Cia…);
- Alienação Religiosa – através das «religiões dos mistérios» e «iniciação» como fuga da angústia e do medo «vulgares»; e através das religiões do grandioso, do êxtase, do maravilhoso, do surpreendente, do epidérmico, da quantidade que corta a respiração, religiões do espectáculo! A religião do esotérico!
O Homem Rico pedia «um sinal» desse tipo – grandioso, que se impusesse de per si! Deus recusa, tal como Jesus já havia recusado a «religião do espectáculo» nas Tentações do Deserto (Lucas 4:9 - «Em seguida, conduziu-o a Jerusalém, colocou-o sobre o pináculo do templo e disse-lhe: “Se és Filho de Deus, atira-te daqui abaixo, pois está escrito: Aos seus anjos dará ordens a teu respeito, a fim de que eles te guardem; e também: Hão-de levar-te nas suas mãos, com receio de que firas o teu pé nalguma pedra.”»). Para Jesus, a Fé é a adesão a um projecto humano, libertador e total. E isso passa pela proximidade, exige vizinhança de vidas, envolvência, coisas do dia-a-dia muito simples, afinal.
Existem 2 «opressões», duas maneiras de partir a espinha a um Povo:
Espremendo-o, pagando-lhe mal e carregando-o com trabalhos pesados (=trabalho precário & baixos salários não fazem greve…)
e
Convencendo-o de que não há alternativa (=papel da Religião, da Ideologia, «vivemos acima das nossas posses, agora tem que ser a doer», sofrendo ganhamos a vida eterna).
Deus opõe-se (1) ao Poder Economico-político injusto e (2) ao Poder Religioso da ideologia!
Nesta Parábola estão bem claro estas duas coisas.
E mais.
Não esperar que o Messias venha fazer aquilo que só nós mesmos temos/devemos fazer.
Não confiar na Salvação a partir do Poder Político e Financeiro, do Sagrado, da Religião, do Poder Miraculoso de Deus ou do Sacerdote, a partir apenas duma relação espiritualizada e piedosa com Deus – a Libertação de Jesus passa pela assunção das causas dos desprezados, dos «sem vez nem voz» como sendo as nossas únicas causas.
Jesus aponta para «Moisés e os Profetas», que o mesmo é dizer, «para os Profetas», pois Moisés é visto, também, como um Profeta... (cf. o final do Livro do Deuteronómio).
Aos Profetas incumbe-lhes apontar as Causas do Mal e os Culpados pelo Mal - o 'evangelho de Jesus' assume, também, essa tarefa salvífica - DENUNCIAR e ANUNCIAR!, e nunca remediar o Mal...
Aos «5 irmãos» só lhes resta uma coisa: «vender tudo o que têm (que foi saque aos trabalhadores), entregar aos pobres (isso mesmo) e seguir a Jesus». A nós – que somos a réplica desses 5 irmãos AINDA VIVOS! – não nos resta nada de diferente.
Não percamos tempo com manipulações espirituais. Deus nunca há-de cair nas nossas esparrelas…
Só um rosto nos revela nós a nós!
Busquemos rostos. Já. Aqui. Agora.
É que, depois, poderá ser tarde demais… «É sempre tarde demais».
A Bíblia nunca remete para o Além, mas sempre para o Aquém!
É no Aquém que se vive o Além...
pb\