teologia para leigos

1 de novembro de 2013

POBRE É PARA ENCURRALAR

 «Porque não morri no seio da minha mãe?
Por que razão foi dada luz ao infeliz,
e vida àqueles para quem só há amargura?»
[Job 3:11.20]






Seja lá onde for

− no Alabama com os escravos negros das plantações de algodão, no garimpo do Cuanbo e de Xá-Muteba [Lunda-Norte, Angola], no distrito diamantífero de Kono ou na Mendelândia [Serra Leoa], nos bairros camarários ou nas zonas históricas da cidade do Porto [Sé, S. Nicolau, Miragaia, Massarelos, etc.] –

− pobre é para encurralar!

Pobre é um estorvo! Tira-se daqui e põe-se acolá: pobre varre-se da sala para o meio do caminho. Pouco importa. Ao poder, deu-lhe agora para os perseguir, para odiar os pobres. Com esta selvajaria neoliberal que nos governa, «declara-se aberta a época da caça… aos pobres»! Desempregado? Culpa sua…



Porque não morri eu ao nascer?

«Porque encontrei joelhos que me acolheram
e seios que me amamentaram?

Estaria agora deitado em paz,
dormiria e teria repouso
com os reis e os grandes da terra,
que constroem mausoléus para si;
com os príncipes que amontoam ouro
e enchem de dinheiro as suas casas.

Ou como um aborto escondido,
eu não teria existido,
como um feto que não viu a luz do dia.
Ali, os maus cessam as suas perversidades, ali, repousam os que esgotaram as suas forças.

Ali, estão tranquilos os cativos,
que já não ouvem a voz do guarda.
Ali, estão juntos os pequenos e os grandes,
e o escravo fica livre do seu senhor.»

[Job 3:12-19]



KIBERA? PORQUE SIM…





LAGARTEIRO ACENDEU À NOITE
A LUZ QUE A EDP CORTOU DE DIA



[gentileza AG]



Mais de oito horas depois de os técnicos da EDP terem cortado a luz em 13 Blocos do [bairro do] Lagarteiro, no Porto, o bairro voltou a iluminar-se ontem à noite. Muitos moradores recusaram-se a ficar às escuras e, em pequenos grupos, foram restabelecendo clandestinamente as ligações que a companhia cortara de manhã por falta de pagamento. Ou de ligação clandestina.

«Há muitas pessoas que têm dificuldades, comida guardada, filhos deficientes e precisam da electricidade para viver. Andamos a ligar, claro. Conforme conseguimos.», contava Paulo, um morador, ao início da noite. O restabelecimento de energia, no avesso da legalidade, foi sendo feito ora com cabos que os técnicos deixaram, ora com o recurso a extensões eléctricas que possibilitaram a partilha de energia entre vizinhos. «Há aqui quem deva dois mil e até cinco mil euros de luz. Estes cortes são habituais. Já ontem estiveram no Bairro do Cerco», acrescentava Paulo.

Alheios a tudo isto, as crianças do bairro celebravam a Noite das Bruxas, devidamente mascaradas.

Os técnicos da EDP chegaram pelas 10h acompanhados por um forte dispositivo da PSP, o que revoltou os moradores. «Não somos marginais, nem delinquentes. Três carrinhas e dois carros-patrulha da PSP para nós? Estavam aqui mais de 40 polícias. Isto foi pior do que uma rusga», lamentou a presidente da Associação de Moradores do Lagarteiro, Fernanda Gomes.

Os técnicos visavam 13 blocos [habitacionais], mas não foi possível apurar quantas pessoas foram afectadas pelo corte. Nos últimos anos «tem-se verificado uma tendência de crescimento das fraudes», pelo que a EDP «tem vindo a reforçar as acções de combate à fraude e a mobilizar mais meios», comunicou ontem a empresa à Lusa.

Conceição Lencastre, e o marido Albano Lencastre, lamentava ao início da noite não terem energia para carregar a bateria da cadeira-de-rodas eléctrica do filho de 23 anos, deficiente motor. «Vou ter de pedir aos vizinhos para me deixarem carregar a bateria da cadeira ou que me mandem uma extensão», dizia Conceição, beneficiária do Rendimento Social. «Já não recebemos uma conta de luz há cinco anos. Não sei quanto devemos. Ou pagamos a luz, ou comemos. Fomos uma vez à EDP para pagarmos em prestações, mas a primeira tinha de ser de 500 euros. Não temos.»

Já Teresa Monteiro, de 54 anos, admitia que esta madrugada seria passada “à luz das velas”. «Tenho oito pessoas em casa. Com 254 euros por mês como é que pago a luz?,» questionava sentada à porta do bloco 7, à luz dos candeeiros públicos. «Fui operada há pouco tempo. Não consigo andar e agora nem luz tenho», lamentava-se, admitindo ter uma «dívida muito grande de luz, água e renda».

Ao lado, Maria Arminda voltava das compras preocupada com a mãe de 85 anos que estava em casa «à luz da vela». «Está sem luz, sem frigorífico e não pode cozinhar. Como se faz vida assim? Sei que temos dívidas, mas não temos como pagar».

“Público”
01:XI:2013, p. 17



EDP chama a polícia e corta a luz a dezenas


[CLICAR PARA AUMENTAR]



(…) Pode a Junta de Freguesia fazer alguma coisa por elas? “Temos orçamentos já esgotados. Mas, dos 4 mil euros/mês que temos para acção social, a maioria da verba vai para medicamentos e comida e quase nada sobra para ajudar nas contas da luz ou da água”. (…)

As razões do corte e o modo como foi feito, com a escolta de três carros da polícia de intervenção, indignaram muita gente: “Tive seis polícias à porta para me cortarem a luz!”, diz Fátima Miranda, 56 anos, moradora no bairro há 32. “Seis polícias é um desperdício! Não somos nós os bandidos, nós só somos os pobres”.

Teresa Monteiro, 51 anos, moradora há 41, (…) confessa-se indignada, diz estar em curso "uma caça aos pobres".

Jornal de Notícias
01:XI:2013, p.18


Transferimos dos pobres para os Bancos


[CLICAR PARA AMPLIAR, fonte Eugénio Rosa]



«RENDAS» BLINDADAS – PPP’s

VÍDEO – PPP’s

“ASSASSINOS, ASSASSINOS…”






O COMPADRIO BEM PORTUGUÊS…
Eis alguns nomes: o Coelho, o António, o Pereira, o Pina, o Valente, o Miguel, o Bagão, o Daniel, o Couto, etc. etc. tc.

Se estes, que sempre estiveram bem na vida, sabem como «fazer um gancho» comme il faut,
porque é que os do Lagarteiro o não hão-de saber?