teologia para leigos

13 de novembro de 2013

EUCARISTIA - 5 [fr. MARCOS]

Um sinal inequívoco






Jo 13:14
“Se eu ‘o Senhor’ vos lavei os pés,
deveis lavá-los também uns aos outros”


É estranho o facto do evangelista João, ao contrário dos sinópticos, não mencionar a fracção do pão e que, no seu lugar, nos tenha narrado uma curiosa acção de Jesus, que nos deixa desconcertados.

Se o gesto do pão e do vinho teve tanta importância para a primeira comunidade cristã, por que é que João a omite? E, se é verdade que Jesus lavou os pés aos discípulos, porque é que os três sinópticos não o referem?

Não é fácil resolver esta questão, mas também não podemos ignorá-la ou passar por cima dela, levianamente. Enquanto os exegetas não chegam a conclusões que sejam mais ou menos definitivas, façamos algumas sugestões.

Sabemos que aconteceu uma ceia íntima. Depois, o carácter de despedida foi-lhe dado pelos primeiros cristãos. Seguramente que, nela, aconteceram coisas que, depois, se vieram a revelar muito importantes para a primitiva comunidade cristã.

O gesto de partir o pão e de partilhar a taça de vinho era um gesto normal, que o chefe de família realizava sempre em todas as ceias pascais. Aquilo que Jesus lhe acrescentou – ele ou os primeiros cristãos – foi o carácter de símbolo da sua própria vida.

O gesto de lavar os pés é algo totalmente diferente. Era uma tarefa de escravos, exclusivamente de escravos. A ninguém se lhe lembraria dizer que Jesus tivera tal acção se ela de facto não tivesse acontecido. É, deveras, uma acção original, mas também de uma profundidade maior que o partir do pão.

Claro que, nas comunidades primitivas, se privilegiou o partir do pão por ser um gesto mais simples de executar. No entanto, a força intrínseca da fracção do pão corria um perigo: convertê-lo num rito estereotipado sem compromisso pessoal.

Para mim, é aqui que reside a razão pela qual (…)

Frei Marcos, op