teologia para leigos

10 de dezembro de 2011

O AMOR CONJUGAL

«Até que o amor nos separe»_ J. Gameiro


José Gameiro
Até que o amor nos separe


- o que ela pensa, o que ele nunca diz, as feridas dos dois e aquilo que os une


Áudio [TSF, «Pessoal e Transmissível» -  Carlos Vaz Marques; 25 Out 2011]



A Maria e o Manel, já adultos e com filhos, mantêm uma relação próxima com os pais.

Os dois souberam atravessar as crises da sua relação mantendo, face à família de origem, uma imagem positiva e, sobretudo, nunca dificultando uma futura relação se o casal se recompusesse.

A Maria fala com a mãe sobre o «mistério da fidelidade», tentando perceber, sem ter resposta, como se gerem as atracões que cada um vai tendo ao longo da vida.

O Manel, que já perdeu o pai e que aceitou ajudá-lo a morrer quando chegou perto do fim, recorda que o pai lhe disse que uma parte importante da vida depende de nós próprios.

Nem sempre os adultos têm facilidade em regular a relação com os pais. Ou porque eles são muito intrusivos e opinam sobre tudo, não respeitando a autonomia do casal, ou porque são muito distantes e não opinam nos momentos decisivos ou no dia-a-dia quando as crianças são pequenas.

Os adultos/filhos/casais mais estáveis que tenho encontrado têm – isto não é uma regra… – uma relação de proximidade não fusional com as famílias de origem.

Este padrão implica que se filtre muitas vezes sentimentos, frases, desabafos, de cada um em relação aos pais do outro. O marido pode dizer à mulher «que grande seca ter de ir jantar com os teus pais», mas não é suposto que ela lhes vá dizer. Até porque é um desabafo sem consequências, já que ele acaba por ir…

Há casais em que a autonomia de cada um para estar a sós com a família é nula. Qualquer ausência é interpretada como uma afronta ou pelo menos como uma quebra de solidariedade conjugal, esquecendo que a relação com a família do outro pode ser uma excelente relação, mas está a milhas do vínculo biológico.



«Até que o amor nos separe»

Quantas vezes um dos elementos do casal desabafa em relação à sua família e só espera ser ouvido e não ter resposta que acirre os conflitos?

Ao contrário do que pensa, o ciúme conjugal não é apenas em relação a outros exteriores ao casal, mas também à família de origem, que ocupa demasiado espaço na relação.

Nos casais que procuram terapia e em que, além dos seus problemas internos, têm dificuldades/cortes com a família do outro, o prognóstico é muito mais negativo.


José Gameiro, Até que o amor nos separe


[O ‘Diário’ do Manel e o ‘Diário’ da Maria editados, com comentários intercalados pelo terapeuta conjugal]


Ed. Matéria-Prima, 2011, 2ª Edç.
ISBN 978-989-8461-17-9,
Tel.: 213.563.284
[distribuição: PORTO EDITORA]



«Até que o amor nos separe»


A família de Jesus (Mc 3,31-35; Lc 8,19-21) - Estava Ele ainda a falar à multidão, quando apareceram sua mãe e seus irmãos, que, do lado de fora, procuravam falar-lhe. Disse-lhe alguém: «A tua mãe e os teus irmãos estão lá fora e querem falar-te.» Jesus respondeu ao que lhe falara: «Quem é a minha mãe e quem são os meus irmãos?» E, indicando com a mão os discípulos, acrescentou: «Aí estão minha mãe e meus irmãos; pois, todo aquele que fizer a vontade de meu Paique está no Céu, esse é que é meu irmão, minha irmã e minha mãe.»

Receios dos familiares de Jesus - Tendo Jesus chegado a casa, de novo a multidão acorreu, de tal maneira que nem podiam comer. E quando os seus familiares ouviram isto, saíram a ter mão nele, pois diziam: «Está fora de si!» («enlouqueceu»)




«Até que o amor nos separe»

Jesus entre os doutores - Os pais de Jesus iam todos os anos a Jerusalém, pela festa da Páscoa. Quando Ele chegou aos doze anos, subiram até lá, segundo o costume da festa. Terminados esses dias, regressaram a casa e o menino ficou em Jerusalém, sem que os pais o soubessem. Pensando que Ele se encontrava na caravana, fizeram um dia de viagem e começaram a procurá-lo entre os parentes e conhecidos. Não o tendo encontrado, voltaram a Jerusalém, à sua procura. Três dias depois, encontraram-no no templo, sentado entre os doutores, a ouvi-los e a fazer-lhes perguntas.»