teologia para leigos

6 de dezembro de 2011

É O QUE FAZES E NÃO O QUE DIZES QUE CONTA


Nos 80 anos de frei Carlos, em defesa da «flor sem defesa»…


frei Carlos, oc


«Não é a Teoria, mas a Prática que vale…»

«Um dos motivos que dificultam a nossa compreensão da narração do paraíso e do pecado de Adão e Eva é a nossa tendência de teoretizar sobre as coisas. Esta tendência não provém da Bíblia, mas da nossa formação teorico-intelectual. Com esta mentalidade reflectimos sobre o mal, procurando as suas causas e o sentido da sua existência. Inconscientemente, atribuímos ao autor da narração sobre o pecado de Adão e Eva a mesma mentalidade e preocupação. Por causa disso, erramos.

«Na Bíblia, não se reflecte sobre o Mal, mas quer-se combater o Mal. Se existe alguma reflexão, ela é feita em vista do combate a ser travado.

«O Mal é examinado e analisado, não com mentalidade teórica, mas com mentalidade prática, isto é, em vista da sua eliminação e em vista da transformação ou conversão do mundo e dos homens.

«Se a Bíblia aponta a origem do Mal ou o pecado original, ela o faz não para saber como o Mal entrou, mas para saber como o Mal pode sair. Ou seja, ela o faz para indicar aquele ponto nevrálgico de onde é possível partir para uma acção positiva em contrário.»

[‘Paraíso terrestre – Saudade ou Esperança?’, frei Carlos Mesters, carmelita,  Ed. Vozes, 5ª Edição, p. 63-64]



frei Carlos Mesters, oc, «flor sem defesa»...



2 Vídeos


Carlos Mesters 80 anos - CEBI.wmv




«UM PÉ NA BÍBLIA E OUTRO NO CHÃO…»





frei Carlos, «um pé no chão...»


Carta para o blog «Carlos Mesters 80 Anos»
in «Aprendi com Mesters»




Flor sem defesa
Paulo Bateira
Porto/Portugal [paulobateira@gmail.com]


«Sou médico, tenho 58 anos e pai (viúvo) de três filhos. Nesta minha vida, tive a sorte de conhecer, aos 23 anos, um livrinho “Paraíso terrestre: saudade ou esperança?” [Carlos Mesters, Ed. Vozes, 5ª ed.] que me surpreendeu muito. É certo que militava, há anos, na Acção Católica, aqui em Portugal. Mas, este livrinho, conjuntamente com a paixão entusiasmante dum amigo (António Matos Ferreira - Lisboa,) e o jeito muito especial de congregar dum padre que vivia com gente pobre (e ainda vive; pe. Leonel Oliveira - Porto) me ajudaram a perceber, de modo vivo - como peixe acabado de pescar, palpitante - para que serve a Bíblia: iluminar e interrogar o sentido do nosso caminhar, HOJE! Quantas vezes já reli a Introdução a «Deus, onde estás?»? ‘Bíblia: janela e espelho’ – e por esta ordem.

«Hoje (como antes), começo sempre pela Vida (próxima e distante), procuro o Espírito que nela há. Depois, alargo o horizonte (sociologia, economia política, etc.) – enquadro e aprofundo o que está a acontecer: opinião mais fundamentada e não populista, que ajude verdadeiramente o povo. De seguida, tento os paralelos dentro da grande aventura da Bíblia: esquadrinho os textos até que o Espírito salte fora, como peixe quando pica na cana. É então que tudo começa a fazer sentido!

«Para mim, a Bíblia do jeito de frei Carlos Mesters, vem em segundo ou terceiro lugar. Mas, surpreendentemente, vem para ficar: como sal e segredo, como seiva, húmus e raiz, como refrão de canção para o banho da manhã. Só frei Carlos me ensinou que a vida pode ser abundância, mas abundância enterrada (na vida) que exige enxada e braço forte, mas também faro de melro em busca de minhoca, paciência de vedor, um fio de luz entrando na pior choça. Só lamento que, aos poucos, as livrarias portuguesas tenham virado as costas às edições brasileiras: é triste ver a torneira fechar ou secar. Como desejaria, eu, poder ter um exemplar de “Flor sem Defesa”… Aqui, já ninguém vende livros de aí. E a falta de chocolate e café que isso nos faz…

«PARABÉNS, frei Carlos, perfumada e doce esteva dos nossos montes, o meu primeiro pedagogo. PARABÉNS!»