São esse abismo e essa distância, meu Deus, que me matam.
É unicamente por isso que desejo a solidão: perder-me para todas as coisas criadas, morrer para elas e para o seu conhecimento, pois me fazem lembrar a distância que me separa de Ti.
De facto, elas dizem-me algo de Ti: que estás longe delas, mesmo estando nelas.
Tu as criaste, e é a tua presença que sustenta o seu ser, mas elas escondem-te de mim.
Bem sabia eu que, só abandonando-as, podia chegar a Ti: por isso fui tão infeliz quando parecias condenar-me a ficar nelas. Agora a minha amargura desapareceu, e a alegria está a ponto de começar: a alegria que se desfruta nas penas mais profundas.
O certo é que estou a começar a entender.
Tu me ensinaste e me consolaste, e eu comecei de novo a esperar e a aprender.
[Desenho & Texto de Thomas Merton, "Diálogos com o Silêncio", Ed. Franciscana, pp 44.47, respectivamente]