?sangue, suor e lágrimas?
Na sua comunicação ao simpósio sobre justiça, valores e economia política, realizada na passada segunda-feira (dia 13 de Março) na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (FEUC), o prémio Nobel da Economia Amartya Sen referiu-se de passagem à intransigente abordagem de "sangue, suor e lágrimas" subjacente à política de austeridade europeia.
No seu trabalho sobre ética e desenvolvimento económico, Sen sempre defendeu, pelo contrário, uma abordagem “amigável” da política económica, centrada na promoção das liberdades, incluindo a expansão, tanto quanto possível igualitária, das oportunidades e das capacidades que as pessoas têm realmente para alcançar funcionamentos genuinamente humanos. Isto requer uma pluralidade de instituições, mercantis e não-mercantis, mercados regulados e incrustrados numa democracia vibrante e num Estado social robusto, o que aliás é consistente com a insistência de Sen na necessidade de se alargar o leque de motivações humanas reconhecidas na economia para lá do estreito interesse próprio, passando a incluir a simpatia e o compromisso com causas e valores que as pessoas têm boas razões para apoiar. Uma análise mais robusta. Não fiquei por isso admirado ao ler a entrevista de Sen no Público:
As reduções de défices gigantes que ocorreram no passado, como por exemplo a dívida contraída por vários países europeus junto da América durante a Segunda Guerra Mundial, foram possíveis apenas numa situação de grande crescimento económico, que é sempre uma altura propícia à redução da dívida (…) Um dos problemas que fazem com que, agora, o corte da dívida seja tão severo é que vai levar à redução do crescimento económico. E isso torna muito difícil amortizar a dívida. Por isso, como economista, acho que é preciso que os Governos ajam de uma forma mais cuidadosa e não apenas nervosamente devido à dimensão da dívida. Deviam esperar pelo momento certo para reduzir a dívida pública (…) Criar uma união monetária sem união política é um erro.
As comunicações ao simpósio da FEUC, incluindo a notável comunicação de Emma Rothschild e as comunicações que vários de nós fizemos sobre a obra de Sen, podem ser encontradas aqui.
No seu trabalho sobre ética e desenvolvimento económico, Sen sempre defendeu, pelo contrário, uma abordagem “amigável” da política económica, centrada na promoção das liberdades, incluindo a expansão, tanto quanto possível igualitária, das oportunidades e das capacidades que as pessoas têm realmente para alcançar funcionamentos genuinamente humanos. Isto requer uma pluralidade de instituições, mercantis e não-mercantis, mercados regulados e incrustrados numa democracia vibrante e num Estado social robusto, o que aliás é consistente com a insistência de Sen na necessidade de se alargar o leque de motivações humanas reconhecidas na economia para lá do estreito interesse próprio, passando a incluir a simpatia e o compromisso com causas e valores que as pessoas têm boas razões para apoiar. Uma análise mais robusta. Não fiquei por isso admirado ao ler a entrevista de Sen no Público:
As reduções de défices gigantes que ocorreram no passado, como por exemplo a dívida contraída por vários países europeus junto da América durante a Segunda Guerra Mundial, foram possíveis apenas numa situação de grande crescimento económico, que é sempre uma altura propícia à redução da dívida (…) Um dos problemas que fazem com que, agora, o corte da dívida seja tão severo é que vai levar à redução do crescimento económico. E isso torna muito difícil amortizar a dívida. Por isso, como economista, acho que é preciso que os Governos ajam de uma forma mais cuidadosa e não apenas nervosamente devido à dimensão da dívida. Deviam esperar pelo momento certo para reduzir a dívida pública (…) Criar uma união monetária sem união política é um erro.
As comunicações ao simpósio da FEUC, incluindo a notável comunicação de Emma Rothschild e as comunicações que vários de nós fizemos sobre a obra de Sen, podem ser encontradas aqui.
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