«O ressuscitado
é o crucificado»
Leitura da ressurreição
de Jesus a partir dos crucificados do mundo
25 de ABRIL [ilustração de José Emídio] |
Este
número monográfico é dedicado à ressurreição de Jesus como acontecimento e como verdade
fundamental para a fé cristã. Queremos recordar, neste breve artigo, uma
outra verdade não menos fundamental para a fé: aquela que afirma que o
ressuscitado não é outro senão Jesus de Nazaré crucificado. Não nos move nenhum
a priori dolorista como se na fé fosse proibido qualquer instante de
gozo e de esperança. Muito menos nos move nenhum a priori dialéctico sem
o qual não fosse possível qualquer conceptualização na reflexão teológica.
Move-nos, sim, uma dupla honestidade:
por um lado, honestidade diante dos relatos do Novo Testamento e, por outro,
honestidade face à realidade de milhões de homens e mulheres.
Com
a primeira afirmação acerca da honestidade queremos dizer que é preciso lembrar
que o ressuscitado é o crucificado pela
simples razão de que isso é verdade e porque foi assim ─ e não doutra forma qualquer ─, que foi apresentada a ressurreição
de Jesus no Novo Testamento. Esta, além do mais, não é uma verdade fáctica da
qual se deva dar notícia como se se tratasse apenas de mais um aspecto do mistério
pascal; bem pelo contrário, é uma verdade que fundamenta a realidade da
ressurreição e, por conseguinte, fundamenta a interpretação teológica dela
mesma.
Com
a segunda afirmação, queremos dizer que na humanidade actual ─ e, concretamente, onde o autor
escreve ─ existem muitos homens e mulheres, povos inteiros, que estão
crucificados. Esta situação maioritária da humanidade faz da memória do
crucificado algo co-natural, e exige essa mesma memória, a fim de que a
ressurreição de Jesus seja uma boa notícia concreta e cristã e não uma mera
abstracção ou um idealismo. Por outro lado, são
esses crucificados da história os que oferecem a óptica privilegiada para captar cristãmente a
ressurreição de Jesus e para a tornar cristãmente presente. Será isso que, já a
seguir, vamos tentar fazer: concretizar cristãmente alguns aspectos da
ressurreição de Jesus a partir da sua realidade de crucificado, o qual, por sua
vez, é melhor apreensível a partir dos crucificados da história.
Jon
Sobrino, sj
[13 pps.]
OUTROS LINKS:
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«RESSUSCITOU» -
ANTOLOGIA [PARÓQUIA DE VALONGO, pb]
«A
RESSURREIÇÃO. QUE QUER DIZER “RESSUSCITAR DOS MORTOS”?», A. TORRES
QUEIRUGA
[in “Quem foi, quem é Jesus Cristo?”, org. Anselmo Borges,
Ed. Gradiva, pág. 257, 2ª Ed., Nov 2012]