Em «Os pobres e a
libertação dos homens», recentemente publicado por EDOC, André Rebré [padre operário dos «Filhos da Caridade»] interrogava o Antigo Testamento sobre este tema tão importante para o mundo de
hoje: a
libertação. No estudo que agora se publica ele prossegue a mesma
busca, mas centrando-a agora sobre Jesus Cristo.
«Havia várias maneiras de abordar este
assunto» — explicou Rebré. «Aquela que escolhi tenta responder à objecção
corrente, segundo a qual a libertação dos homens aparece nos evangelhos mais
ligada às relações
inter-pessoais do que às realidades colectivas que marcam a
nossa vida. Por isso tentei situar Jesus Cristo dentro das correntes colectivas que
marcaram a sua época, esforçando-me sempre por precisar os projectos políticos para a
libertação de Israel que elas continham».
«Por
outro lado — continua A. Rebré — quis
ter na devida conta aquilo que era central e mais unificador no comportamento e
ensino de Jesus Cristo nos evangelhos, ou seja, o anúncio da irrupção do Reino
de Deus no meio dos homens. Perguntei a mim mesmo como se relacionava este
anúncio com os projectos de libertação dos grupos religiosos e políticos do tempo de Jesus,
e em que é que tal anúncio os modificava e contestava».
Estas as questões que guiaram A. Rebré na
busca de que nos dá conta neste livro. Para mim, acompanhar esta busca foi
apaixonante e, em muitos aspectos, surpreendente. Expostas a determinada luz
até então desconhecida, há coisas conhecidas que tomam um relevo inesperado e
patenteiam então toda a sua irredutibilidade preciosa.
Foi um pouco com essa impressão que eu
fiquei ao traduzir e adaptar estas páginas, seguindo os mesmos critérios que me
guiaram em «Os pobres e a libertação dos
homens».
Só mais um reparo do Autor, ainda, para introduzir
a leitura no contexto que se segue:
«Tenho
bem consciência de que a minha busca é ainda confusa e precisa de ser retomada
e discutida… Por outro lado, a via que segui deixa muitos aspectos na sombra.
Nem tudo é dito e será sempre necessário completar aquilo que é dito com outras
reflexões que talvez nos sejam mais familiares».
Pe. Rodrigo Mendes, 1979
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