«Revolução coperniciana»
Esta
corrente da teologia [da libertação]
leva a sério aquilo que M. D. Chenu chamou "revolução
coperniciana", aquela que aconteceu com o Concílio Vaticano II: o mundo não foi feito para a Igreja lhe fornecer, numa
pose de autoridade, a doutrina e o modelo da sua reestruturação,
mas a Igreja foi feita para o mundo, seu lugar de existência. Tal como Cristo
se encarnou totalmente humano, a Igreja, Corpo de Cristo, só encontra
existência, razão de ser, no seu engajamento no mundo. Assim como Deus é
atingido pela historicidade do homem, assim a Igreja só pode ensinar a partir das
realidades históricas[1].
Esta
verdadeira revolução na compreensão da identidade da missão da Igreja foi
explicitada, no magistério social, pelo papa Paulo VI desta forma:
«Perante
situações assim tão diversificadas, torna-se-nos difícil, quer o pronunciar uma palavra
única, que o propor uma solução que tenha valor universal. Mas isso
não é ambição nossa, nem sequer a nossa missão. É às comunidades cristãs que
cabe (…) A estas comunidades cristãs incumbe discernir, com a ajuda do Espírito
Santo, em comunhão com os bispos responsáveis e em diálogo com os outros
cristãos e com todos os homens de boa vontade, as opções e os compromissos que
convém tomar, para se operarem as transformações sociais, políticas e económicas que se
apresentam como necessárias, e, em não raros casos, com urgência.»[2]
Assim,
oitenta anos após a Rerum Novarum, Paulo VI inverte o método no
ensino social cristão: não mais "doutrina social" que se
ensina tendo em vista a sua aplicação a situações de mudança, mas estas próprias situações passam a ser o "lugar teológico"
de um discernimento a ser empreendido através da leitura dos sinais dos tempos.[3]
E para Jesus, como diz J. L. Segundo, «os sinais dos tempos e o responder a
eles constituem um pressuposto da leitura correta da palavra, e não vice-versa»[4]
(cf. Mt 16, 1-4 e Lc 12,54-56). A função dos sinais dos tempos é ajudar o homem
a quebrar «o círculo da letra morta», a Bíblia reduzida à sua letra.[5]
Não mais método dedutivo, mas indutivo.[6]
E não só indutivo, mas que leve em consideração fundamental a necessidade
de «operar transformações». A questão central na "revolução
coperniciana" assumida pela Teologia da Libertação não é se o discurso é abstracto
ou concreto, dedutivo ou indutivo, mas, dentro da metodologia indutiva, a
oposição, as antinomias: dominação ou
libertação? Interpretação ou transformação?[7]
Além
desta “revolução” no campo epistemológico, a Teologia da Libertação assume uma relação íntima
e explícita entre a teologia e a economia ao revitalizar uma fórmula
muito tradicional sobre Deus [Santo
Ireneu]: Deus
é o Deus da Vida. E a vida, aqui, é vida de uma forma concreta:
se Deus é o Deus da vida, ele é Deus da vida humana também. (…) A economia é
precisamente o âmbito onde se dá a produção e a reprodução dos bens materiais
escassos da vida humana. (Jung
Mo Sung, «A Idolatria do capital e a Morte dos pobres»,
Ed. Paulinas, São Paulo, 1989, pp. 25-27.29)
O serviço
máximo do Estado mínimo
Uma piolheira. Não há solução. O país está
perdido. Mal por mal, que venha o FMI pôr isto na ordem. Os arautos da direita
repetem à exaustão esta maldição, propondo uma re-arrumação das forças sociais
que defina uma revolução silenciosa, transferindo perpetuamente uma nova renda do trabalho
para o capital.
O consenso é generalizado. Ex-ministros de
governos do PS, como Daniel Bessa ou Campos e Cunha, juntam-se a Cavaco Silva
para constituir o novo eixo do poder. Nogueira Leite, outro exemplo da transumância
entre o PS e o PSD, assegura que «Portugal vai ter de empobrecer no curto prazo»[8].
Para este guru do PSD, como para os outros, a solução é simples: «Um
ajustamento fiscal que simule uma desvalorização da moeda», através de uma
redução da Taxa Social Única e de um aumento do IVA, «que permitisse às
empresas ter o equivalente a uma redução salarial. Ou fazer apenas isso ou combinar
este mecanismo fiscal com uma redução salarial»[9].
E Cavaco Silva apregoa, na sua campanha eleitoral para a reeleição
presidencial, que também devem ser cortados os salários aos trabalhadores do
privado[10]:
é a solução CLB.
O governo de Sócrates cumpriu duas destas propostas:
o aumento do IVA e a redução dos salários (no sector público). Mas a renda das
parcerias público-privadas ainda é insuficiente. Os salários ainda não se
ajustaram o bastante e os do privado ainda não foram reduzidos. Por isso, 2011
é o tempo de uma certeza: «Portugal vai ter de empobrecer no curto prazo».
A disputa social é, portanto, esta: entre o
consenso da direita com o governo de Sócrates, para reduzir os salários
directos e indirectos, e as alternativas que faltam. Neste capítulo, apresento
algumas das soluções da direita e avalio os seus efeitos, a partir de três[11]
exemplos de serviços do Estado que são objecto da ofensiva destruidora da
economia cruel: o sistema fiscal, a escola pública e a segurança social. No
próximo capítulo, discutirei algumas alternativas para uma política socialista.
A. Quantos pobres fazem um rico?
Portugal tem, em 2009, 11 mil milionários,
mais 600 do que no ano anterior, segundo o World Wealth Report, da Capgemini e da Merryl
Linch, que regista quem tem mais de um milhão de dólares ou oitocentos mil
euros[12].
O ano mau
para todos foi bom para alguns. Mas, se contarmos somente os
tri-milionários, os mais favorecidos, chegamos a cem pessoas, dizem as lisitas
das fortunas. Mas sejamos prudentes: há dinheiro que não se declara, e
admitimos por isso que esses multimilionários possam ser o dobro. Por
outro lado, pobres, temos dois milhões. Por isso a pergunta de Almeida Garrett
– quantos
pobres são precisos para fazer um rico? – tem uma resposta evidente:
são precisos 10 mil pobres para fazer um
rico. Mas, quanto custa um e outro?
Uma das respostas a esta questão está no
sistema fiscal. O fisco tributa (cobra impostos) e retribui (devolve benefícios
e confere isenções), e estabelece por isso uma fotografia do sistema social e
de como o Estado actua.
Ora, o fisco cobra muito a muitos e pouco a poucos: o sistema
fiscal é um agente de desigualdade. É um sistema deficitário: a
carga fiscal era, em 2008, de 36,7% do PIB, menor do que na Europa, onde a
carga fiscal tem uma média de 37,6% na zona euro, mas atinge 48,2% na
Dinamarca, segundo o Relatório da competitividade da AIP (2010). E, sobretudo, este sistema
fiscal cobra desequilibradamente: no total das receitas fiscais, o
trabalhador e o consumidor pagam cinco vezes mais do que o capitalista,
como já vimos. Se considerarmos somente o imposto directo - o que incide sobre
os rendimentos pessoais, predominantemente os do trabalho – é o dobro do que
incide sobre os rendimentos do capital, apesar de o trabalho e o capital
obterem ambos cerca de metade do rendimento nacional. O fisco está construído para proteger o
capital.
Mas
o sistema tributário tem uma outra função, esta positiva e que contraria o
sentido de classe da cobrança desigual: o Estado recebe receitas e usa-as para
financiar serviços públicos, que garantem por isso alguma devolução ao cidadão.
Assim, se parte importante das despesas de educação ou de saúde são pagas pelo
Estado, ou, se os transportes públicos são financiados de modo que o Estado
pague parte do bilhete do utente, esta socialização dos gastos garante que o cidadão
recupera uma parte do que pagou. De facto, os serviços públicos deveriam
redistribuir entre todos segundo as suas necessidades, tendo cobrado segundo as suas possibilidades.
Ora,
este processo de socialização retira do mercado algumas actividades económicas
importantes. De facto, os maiores
mercados não são de mercadorias: as despesas com saúde
e educação
representam hoje 10% e as da segurança social mais 20% do PIB.
Portanto, um terço do produto e do rendimento
anual gerado no país é uma economia social que escapa, no essencial,
ao sector privado.
Esta
economia social inclui parte do salário directo (os seus descontos para a
pensão futura) e recupera o valor do salário indirecto (que garante o direito
de acesso ao SNS e à escola pública, ou o benefício dos transportes públicos
subsidiados). Não
é então de estranhar que a maior disputa na economia portuguesa incida
exactamente sobre a mercadorização destes bens.
Para
os autores da economia cruel, a solução necessária é uma contra-revolução. Nogueira Leite
tem sido um dos seus proponentes: os impostos deixariam de ser dedicados ao
financiamento dos serviços públicos e passariam a ser distribuídos para
permitir o pagamento de serviços privados. A isto chama-se «liberdade
de escolha»[13]:
o seu imposto deixaria de servir para pagar a saúde de todos e serviria para
pagar parte da sua factura no hospital privado, quando dele necessitasse[14].
Nogueira Leite refere-se delicadamente ao notório conflito de interesses que o
afecta, dado que esta sua proposta criaria uma vantagem directa para a sua
própria empresa, visto que faz parte da administração do grupo Mello Saúde, que
já explora os hospitais públicos de Braga e Vila Franca de Xira e tem os seus
próprios hospitais – que seriam financiados por esta «liberdade de escolha».
Tem razão, há mesmo um conflito de interesses.
O
que, em todo o caso, nos está a ser proposto é uma forma de serviço
máximo para alguns do Estado mínimo para todos: reduz-se a socialização que é assegurada
pelo sistema de saúde ou de educação, ou por outros serviços públicos, para ampliar o espaço do mercado. E trata-se
de um mercado muito especial e, por isso, mais apetecido[15]:
aquele em que o consumidor não tem nenhuma capacidade de negociar o preço,
porque tem uma necessidade absoluta dos tratamentos de saúde ou de outro bem
essencial. Portanto, este é o mercado mágico, em que o lucro não
tem outro limite que não seja a capacidade de impor a vontade da empresa.
Como
vamos ver de seguida, esta escolha tem duas consequências perigosas: aumenta a
possibilidade de acumulação privada, criando mercados onde a necessidade é
absoluta, e permite destruir a capacidade de orientação igualitária do Estado,
que hoje põe ao serviço de todos as mesmas escolas e os mesmos hospitais.
Vejamos de seguida como este princípio se aplica na educação.
B. O cheque-ensino e a privatização da educação
«Os
privados gerem melhor[16].»
O privado é
mais eficiente do que o público. Os recursos públicos são mais bem
utilizados pelo privado do que pelo público. Estas três afirmações são claras,
têm grande impacto, são um programa para o futuro e requerem uma transformação
radical da sociedade – e, no entanto, são totalmente falsas porque desmentidas
pela realidade e pela experiência. Vejamos o caso do ensino.
O
ensino regista o atraso do país, e é, portanto, um dos nossos maiores
problemas. É o preço do tempo da ditadura. A 4ª Classe só se tornou obrigatória para ambos os sexos
em 1960. Mas é também onde se tem registado maior progresso: o
ensino superior só foi aberto à população com o 25 de Abril, mas tem hoje 383
mil alunos inscritos.
No
entanto, ainda hoje esse atraso se reflecte na realidade dos resultados
escolares. O abandono
escolar precoce, até ao 9º ano, tem sido o maior da EU, e um terço
dos jovens entre os 18 e os 24 anos não termina o secundário. O resultado deste
défice é que temos, na população entre os 25 e os 64 anos, uma percentagem de
pessoas, percentagem que é praticamente metade da percentagem espanhola, com
apenas o ensino secundário. É certo que é também uma situação contraditória,
porque em algumas áreas de especialização a democratização do ensino garantiu
resultados notáveis: temos mais licenciados em ciências e tecnologias por mil
habitantes (20,7 por mil, em 2008 e na população entre os 20 e os 29
anos) do que
os outros países europeus, excepto a Finlândia.
Mas
estes resultados contraditórios foram obtidos à
custa de um grande esforço – e certamente incompleto – da escola pública e do Estado. Os gastos
com a educação triplicaram, em percentagem do PIB, entre 1972 e 2008. Este
esforço ultrapassa mesmo o nível de compromisso de outros Estados com a
educação: a despesa pública é, em percentagem do PIB, superior à da Alemanha ou
da Espanha. Do mesmo modo, o rácio entre número de professores e alunos é hoje
o mais elevado da OCDE. Temos, portanto, um esforço intenso para resultados
ainda modestos.
A
razão desta dificuldade é o atraso de muitas décadas. O facto de parte das
gerações mais velhas ter sido condenada ao analfabetismo ou afastada da
cultura, de modo que durante as suas vidas não teve práticas normais de leitura
de livros ou de aprendizagem formal, traduz-se em maiores obstáculos à educação
das gerações mais novas. Em muitas casas
não se lia nem se estudava. A transformação dos hábitos de
aprendizagem exige, portanto, tempo, e essa é uma razão para a importância da
escola pública na democratização e universalização do acesso ao ensino.
Mas
a educação
é também um mercado, que vale cerca de 10 mil milhões de euros,
e é um poder. E isso foi percebido pela
filosofia neoconservadora, que aprendeu a importância da disputa pela hegemonia
na educação. Afinal, esta é o reverso dos sonhos positivistas dos republicanos
do princípio do século passado – salvar o país promovendo a instrução – que
não seriam tão despropositadamente ingénuos, visto que o conflito é hoje tão
parecido. Quem
domina a escola, domina a sociedade.
A
promoção do ensino privado tem, por isso, duas grandes motivações. A primeira é
transformar a educação num mercado
e rentabilizar a necessidade de educação. E a segunda é evitar a socialização das oportunidades de conhecimento e manter a diferenciação entre classes.
Assim,
a política da direita centra-se na desagregação da escola pública para a
promoção do ensino privado. Na proposta de Lei de Bases da Educação do governo do
PSD e do CDS, que foi vetada por Jorge Sampaio, a definição existente de uma
«rede de estabelecimentos de educação» era substituída por uma simples «rede de
ofertas educativas». Acabava a obrigação de o Estado garantir um ensino
público.[17]
O projecto de revisão constitucional do PSD, que está a ser discutido em 2011,
retoma a mesma ideia, propondo retirar da Constituição a definição do carácter
supletivo das escolas privadas. E o CDS, nas suas propostas sobre o ensino
privado, definia que o «dimensionamento da rede escolar depende do Ministério
da Educação, no que respeita ao seu alargamento, reconversão ou ajustamento,
terá obrigatoriamente em consideração os estabelecimentos particulares e
cooperativos já existentes» – esta proposta foi retirada do projecto de lei
pelos seus próprios autores, mas resume esta ideia de limitar o ensino público.
Fracassadas
todas estas tentativas, a direita apresenta uma nova estratégia para a promoção
do ensino privado: uma revolução no financiamento, através do «cheque-ensino», proposto por Paulo
Portas e defendido também por Nogueira Leite[18].
Deixemos José Manuel Fernandes, um dos arautos neoconservadores mais
persistentes, explicar o sistema com alguma poesia: «Imaginem que o sistema não
discriminava as escolas privadas e que, se uma criança de uma família pobre
quisesse ir para uma escola privada, poderia levar consigo o dinheiro que
custaria ao Estado a sua educação se continuasse numa escola pública[19].»
Ele não escreve, mas os leitores percebem, que a «criança de uma família rica»
também iria para a escola privada «levando consigo o dinheiro que custaria ao
Estado a sua educação». Portanto, não se trata de um acto de caridade para
proteger os pobres, mas antes de promover um mercado que serve mais para quem
tem mais.
Segundo
esta solução, o Estado devia pagar às escolas privadas uma parte do custo da
propina do estudante, para que ele vá para a escola privada. Para o pobre, isso
é irrelevante[20]:
ele não tem dinheiro para pagar a diferença. Para
o rico, é simpático: tem um abatimento na sua inscrição na privada e
este é tanto maior quanto maior for o imposto que paga. O sistema tem,
portanto, o efeito de agravar a discriminação e criar um mecanismo fiscal
regressivo, que beneficia mais os que têm mais recursos. Foi por isso que todos os
referendos sobre o «cheque-ensino» nos Estados Unidos, que não é
propriamente um lugar de forte consciência socialista, rejeitaram a proposta.
Assim, mesmo num país em que a escola privada é tão importante e em que a
percepção popular dos direitos sociais é certamente diferente da generalidade
dos países europeus, a discriminação foi categoricamente recusada.
Mas
este sistema tem ainda um outro efeito perverso, mas certamente desejado pelos
seus advogados: uma parte dos recursos públicos para a educação é
transferida para a escola privada. Por outras palavras, o salário indirecto
dos trabalhadores é, assim, prejudicado.
Deste
modo, o Estado fragilizaria o apoio à escola pública, de onde fugiriam a classe
média e as famílias mais abastadas. Ora, uma escola para os pobres é uma escola
pobre que se degrada. Os resultados deste sistema do cheque-ensino são a
degenerescência da escola pública e a acentuação das diferenças sociais, porque todos
estarão a pagar para o ensino de elite dos mais ricos, enquanto a escola de todos fica com menos
recursos.
Por
outro lado, o argumento do cheque-ensino baseia-se nos alegados melhores resultados
da escola privada. Se esta é melhor devia ser aberta a todos, e o Estado melhor
faria em pagar a escola privada em vez de pagar a escola pública. O problema é
que este argumento não é verdadeiro, porque é desmentido pelos factos.
A
sua demonstração seria dada pelos rankings das classificações obtidas pelos alunos nos
exames obrigatórios. José Manuel Fernandes, com outros neoconservadores como Helena
Matos, Fátima Bonifácio ou Maria Filomena Mónica, assentaram arraiais no jornal Público,
de que o primeiro foi director durante muito tempo, e mobilizaram colunas e
editoriais para a causa da avaliação das escolas através de rankings dos resultados de exames, para
retirarem a conclusão esperada que permitisse a promoção do ensino privado
porque teria melhores resultados do que o público. Conseguiram a publicação, e
há oito anos que são publicados os rankings
das escolas, segundo as classificações dos exames do 12º ano.
O
problema é que os
resultados desmentem a superioridade do privado. E isso acontece
tanto nas avaliações nacionais como nas suas comparações com resultados
internacionais. (…)
Francisco Louçã, Prof. Catedrático de Economia [ISEG]
[pp. 14]
[1] M. D.
Chenu, «A "Doutrina Social" da Igreja»,
in Concilium, n. 160, 1980/10, p. 98.
[2] Octogesima Adveniens, 1971, n. 4.
(itálicos nossos)
[3] M. D.
Chenu, «A "Doutrina Social" da
Igreja», op. cit., p. 99.
[4] J. L.
Segundo, «Teologia da Libertação. Uma advertência à
Igreja», Ed. Paulinas, São Paulo, 1987. Clodovis Boff, «Sinais dos Tempos», Loyola, São Paulo,
1979.
[5] J. L.
Segundo, «Teologia da Libertação. Uma…»,
op. cit., p. 45.
[6] M. D.
Chenu, «A "Doutrina Social" da
Igreja», op. cit., p. 99.
[7]
Pablo Richard, «A Igreja latino-americana entre o temor e
a esperança», Ed. Paulinas, São Paulo, 1982, pp. 13-21.
[8]
António Nogueira Leite, «Uma tragédia
portuguesa – Toda a verdade sobre o estado da nossa economia. E uma saída
possível», Lisboa 2010, Lua de Papel (com Paulo Ferreira), p.
205.
[9] Ibid., p. 50.
[10] Público,
16.01.2011.
[11]
As pressões sobre a Segurança Social já foram objecto de análise pela Prof.ª
Clara Murteira, FEC, em outras edições deste blog e no blog «Ladrões
de Bicicletas»; cf.:
[12] Diário de
Notícias, 25.06.2010
[13]
Este é quase o título do livro de Milton Friedman e Rose Friedman («Liberdade para
Escolher», Ed. Lua de Papel, 12012), onde se podem ler os
princípios todos deste neoliberalismo cruel, p. ex.: «Só é possível gastar o dinheiro de outra
pessoa tirando-lho, como
faz o Estado. O uso da força encontra-se, assim, no
coração do Estado Social – um meio mau
que tende a corromper os bons fins.
É igualmente por essa razão que o Estado Social ameaça tão gravemente a nossa
liberdade. A maioria dos nossos programas de
assistência [social] nunca
devia ter sido implementada.» «O governo federal emprega
perto de 3 milhões de civis (…) Mais de 350 000 trabalham em Washington.
(…) Cada um deles emite regras, regulamentos, burocracias, impressos a
preencher para nos atormentar a todos. (…) Quanto mais pequena a unidade estatal e mais restritas as
funções atribuídas ao Estado, menor será a probabilidade de as suas
ações refletirem interesses particulares, em vez do interesse geral. (…)
Necessitamos, em nossa opinião, do equivalente à Primeira Emenda para limitar o poder do Estado no setor económico e social
(…).» (pp. 156.157.353.355.358.363). Mas, o Abyssus
Abyssum é a argumentação das páginas 350-351, em que se tenta justificar a
"inevitabilidade" da fuga ao fisco e a razoabilidade de
"vigarizar o Estado"… [NdE]
[14]
António Nogueira Leite, «Uma tragédia
portuguesa – Toda a verdade sobre o estado da nossa economia. E uma saída
possível», Lisboa 2010, Lua de Papel (com Paulo Ferreira), pp.
146, 170.
Convém lembrar que a Engª
Isabel Vaz foi a convidada, em 2012, pela Pastoral da Saúde (CEP), como perita em gestão
de saúde, para encerrar as Jornadas em Fátima, onde se debatia "Cuidados
de Saúde, Lugares de Esperança (A Saúde em Portugal)". Custa a compreender este convite em particular, o qual
acontece sob a “administração” do bispo D. Jorge Ortiga, da Pastoral da Saúde
(de quem só se pode ter o máximo respeito). Quem defende a área da saúde como um
“negócio apetecível” igual, ou quase, ao negócio das armas, e diz «está na altura de nos deixarmos de conversa fiada… e
irmos muito mais além da troika!», deveria ser
denunciado e excomungado da Igreja cristã. Envergonho-me duma Igreja que abre alas a este tipo de gente; e igualmente
me envergonho quando, essa Igreja, nem sequer se apercebe de que, com este tipo
de convites, está
a legitimar uma ideologia criminosa que se chama neoliberalismo…
tão criminosa como armas! Tal comportamento da hierarquia católica só se poderá
compreender sabendo, como todos sabemos!, que uma das fontes inquinadas desta
ideologia criminosa é a Universidade Católica Portuguesa…
«Vários foram os palcos percorridos na vida profissional de António Borges.
Em todos deixou uma profunda marca de
avanço, renovação e seriedade. Na Universidade, na Empresa, nos
Mercados, no Estado, sempre a sua inteligência cintilante, o seu conhecimento
atualizado, a sua coragem e forte determinação, o seu sentido ético de valores,
fizeram de António Borges uma figura marcante, em Portugal e no mundo.»
- in site da Universidade Católica Portuguesa
denominada "Catolica Lisbon/School
of Bisiness Economics", Tripple Crown
Acredited. «A conferência é, por isso, um momento para prestar
homenagem a um homem de exceção (…)»
António Borges (conselheiro do Governo para as privatizações): «Diminuir salários não é uma política, é uma urgência»; em
entrevista ao "Etv" acusou o Estado de ser "um mau gestor".
«O problema é termos o Estado mais interveniente da
Europa inteira».
Jornal de Negócios on line, 01-06-2012
. [NdE]
[16] António
Nogueira Leite, «Uma tragédia portuguesa…», op. cit., p. 40.
[17]
Estas questões, relacionadas com o papel do Estado na educação, são,
igualmente, debatidas por Milton Friedman, nas páginas 126ss, em «Capitalismo e Liberdade», CONJUNTURA ACTUAL EDITORA 2014, ISBN
978-989-694-080-5. «Este é um caso especial do princípio geral
que diz que o
mercado permite a cada um satisfazer os
seus gostos (…) ao passo que o processo político
impõe a conformidade» (p. 135). Vale a pena ficar ao corrente da
argumentação de tipo neoliberal: ideias muito perigosas, infectantes, ideias
vorazes, sedentas de dinheiro… Fala-se sempre e só de dinheiro: dinheiro,
dinheiro, dinheiro! Todo o livro não passa de um argumentário puramente
ideológico sem estudos-de-campo, sem dados, sem nada que o sustente: apenas
argumentos ideológicos. Alguns destes argumentos são exclusivamente idílicos,
p. ex. (pp. 132-133): «Um tipo especial de argumento de que as escolas públicas são necessárias para
que a educação seja uma força unificadora é que as escolas privadas conduziriam ao agravamento das
diferenças de classe.» (…) «Perguntemo-nos: em que aspecto o morador num
bairro pobre, para não falar num bairro negro numa grande cidade, é mais
desfavorecido. Se ele der importância suficiente a, digamos, um novo automóvel,
pode poupar e juntar dinheiro suficiente para o comprar (…). Mas imaginemos que
uma família pobre num bairro de lata tem uma criança dotada e dá tanto valor à
educação dela que está disposta a fazer tudo para poupar e arranjar dinheiro
para esse fim.» O livro é deste género: "se queres consegues, basta quereres".
(Este Friedman não existe…) [NdE]
[18] António
Nogueira Leite, «Uma tragédia portuguesa…», op. cit., p. 172.
[19] Público,
30.07.2010.
[20]
«Irrelevante», ainda que existam outras RELEVÂNCIAS em questão: o menino rico
não se cansa, não apanha frio ou chuva, porque vai de carro com o papá para uma
escola privada que lhe fica próximo e o menino pobre vai de BUS, sendo mais que
certo que a escola privada se localiza muitíssimo mais perto da casa do menino
rico que do bairro social periférico do menino pobre… Nada disto é irrelevante
para efeitos do esforço de aprendizagem; isto, para não falarmos das
‘explicações’ e do dinheiro para os lanches, etc. etc. etc. [NdE]