teologia para leigos

19 de maio de 2017

OS POBRES E A LIBERTAÇÃO DOS HOMENS [ANDRÉ REBRÉ]





OS POBRES E A LIBERTAÇÃO DOS HOMENS



A acção e a reflexão no hoje e aqui da História dos homens dificilmente poderão desinteressar-se da temática das páginas que se seguem. Queiramo-lo ou não, as vítimas da sociedade industrial, sejam elas trabalhadores de países desenvolvidos ou povos do Terceiro Mundo, reivindicam cada vez mais, e desempenham já um papel fundamental na transformação do mundo.

Como é evidente, não é a primeira vez que tal acontece na nossa História humana. A aventura desse povo milenário — que fundamentalmente conhecemos pela Bíblia — está profundamente marcada por esta problemática. Ora essa aventura, dada a influência inegável do cristianismo, marca profundamente os homens e a humanidade que hoje somos.

Tentar compreendê-la seriamente pode ser para o não crente um simples exercício de informação histórica, certamente interessante mas não fundamental. Porém, para o cristão, a aventura desse povo é determinante. Nela se revela o Deus em que acredita e o povo de Deus a que hoje quer pertencer.

Opções e circunstâncias da vida colocaram André Rebré, autor do texto que a seguir se publica, numa situação ímpar para interrogar a Bíblia sobre esse assunto. Padre francês, companheiro de reflexão e acção de muitos militantes operários desse país que é a França, ele foi igualmente, até há pouco tempo, Superior Geral dos «Filhos da Caridade»[1], Instituto religioso ao serviço do Evangelho no meio da classe operária internacional. Sendo assim, as interrogações subjacentes à sua reflexão da Bíblia muito devem não só aos trabalhadores de países industrializados (França, Canadá, Espanha, Portugal), mas também ao povo do Terceiro Mundo (Brasil, Costa do Marfim), e até a trabalhadores de países socialistas (Cuba).

A Bíblia que André Rebré interroga não é o repositório de histórias maravilhosas e esquisitas, nem o lugar da Revelação de um Deus ausente da História dos homens. Essa visão da Bíblia para a qual, infelizmente, talvez tenhamos sido predispostos, está longe de poder dar conta da verdade profunda que ela contém. Utilizando instrumentos apropriados, que de passagem nos vai indicando, o professor de exegese do Instituto S. Paulo faz reviver para nós esse povo da Bíblia que na sua caminhada histórica encontra um Deus próximo e exigente.

No texto que agora se publica, e que é inédito em livro, é o povo do Antigo Testamento, ou mais exactamente os pobres desse povo, que são colocados diante de nós. Acontece que André Rebré já concluiu um estudo semelhante sobre o Novo Testamento (…) com o título «A Mensagem Libertadora de Jesus Cristo»[2].

Não é fácil traduzir obras deste género para um público o mais vasto possível. Certas expressões técnicas, inacessíveis ao iniciado, foram sacrificadas. O aparelho crítico foi sistematicamente remetido para as páginas finais. Espera assim o tradutor-adaptador, a quem o autor correu o risco de dar carta-branca, ter contribuído para que o texto fosse mais acessível a todos aqueles que gostariam de o conhecer sem que, por isso, deixe de ter interesse para os mais familiarizados com a ciência bíblica.



Pe. Rodrigo Mendes, «Filhos da Caridade» (Portugal)


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