teologia para leigos

17 de março de 2017

O JESUS QUE ANUNCIAMOS E SEGUIMOS [SERGIO MÉNDEZ ARCEO]




O JESUS QUE ANUNCIAMOS
E SEGUIMOS


Ao falar de Jesus − aquele que anunciamos – será preciso fazer primeiro uma breve reflexão sobre as imagens de Jesus que existem na sociedade mexicana. Descobriremos, então, que há imagens diferentes dependentes de pessoas diferentes, e que essas imagens não são independentes do lugar que essas pessoas ocupam na sociedade mexicana; bem pelo contrário, essas imagens estão em relação com inúmeros factores, tais como, o estilo de vida, o tipo de trabalho que têm, as relações pessoais e sociais que estabelecem e também o lugar que ocupam por exemplo, neste momento, na "Aliança para a Produção" propugnada pelo Presidente da República.

Em segundo lugar, assinalarei os caminhos que percorreram, que nós e muitos cristãos percorremos ao longo da nossa experiência em que procuramos redescobrir e reencontrar, aqui e agora, Jesus de Nazaré como Filho de Deus, como o Senhor da História, mas particularmente como o primeiro dos crentes, como o irmão mais velho que fez o seu caminho até chegar ao seu Pai, a Deus. Ao longo desse caminho veremos que todos nós fomos convidados a rasgar a nossa própria imagem de Jesus como via de acesso inevitável e necessária para encontrar o Jesus que os Evangelhos nos transmitem e que a Igreja foi redescobrindo dentro das situações históricas novas em que se vê envolta.

Como ponto fundamental desta experiência de Jesus gostaria de reflectir sobre aquilo que ainda temos de andar para conhecer mais autêntica e operativamente Jesus. Muitas vezes pensamos que já conhecemos Jesus, que já sabemos quem foi ele, o que fez, e que, por isso, é fácil explicá-lo com ideias, com frases muito bonitas, com reflexões profundas. Ora, acontece que muitos de vocês, muitos cristãos de hoje, quer na América Latina, quer noutras partes do mundo, acabaram por se encontrar com um outro Jesus, diferente daquele em que acreditavam, sempre que se meteram a fazer as mesmas obras que Jesus fez, sempre que se esforçaram por anunciar a Boa Nova numa sociedade que não a deseja, em que isso lhe dá dores de cabeça e que, só de ouvir essa palavra, fica cheia de medo, sociedade que nem sequer quer ver como essa palavra se transforma em vida e gera vida para os despojados de vida, ou seja, para as classes crucificadas desta nossa terra.

Por fim, quero ir um pouco mais longe. Quero falar-vos e levar-vos a conhecer, mais uma vez, o Jesus que anunciamos, o Jesus que durante anos procurei seguir e que estou seguro que, para vós e para o mundo em que vivemos, é capaz de despertar esperança e, sobretudo, desencadear uma nova história para os pobres e explorados desta terra. [Continua]


Dom Sergio Méndez Arceo, bispo de Cuernavaca, México