HOJE, QUEM É O ELO MAIS FRACO?
1844:
«O salário é determinado pela luta
hostil entre capitalista e operário.
A necessidade da vitória para o
capitalista.
O capitalista pode viver mais tempo
sem o operário, do que este sem aquele.
Ligação entre os capitalistas:
habitual e com efeito; a dos operários [entre
si]: proibida e com más consequências para eles. […]
Para o operário, portanto, a separação entre capital, renda fundiária e trabalho [é] mortal.
A procura [Nachfrage] de homens regula necessariamente a
produção de homens como de qualquer mercadoria. Se a oferta [Zufhur] for muito maior que a procura,
então uma parte dos operários cai na situação de miséria ou na morte pela fome.
A existência do operário é, portanto, reduzida à
condição da existência de qualquer outra mercadoria. O operário
tornou-se uma mercadoria e é uma sorte para ele quando consegue encontrar quem
o compre. E a procura, da qual a vida do operário depende, depende do capricho
do rico e capitalista.
Se a quantidade da oferta excede a
procura, então uma das partes constitutivas do preço – lucro, renda fundiária,
salário – é paga abaixo do preço, portanto uma parte destas prestações
subtrai-se a esta aplicação e o preço de mercado gravita para o preço natural
como ponto central. Mas, 1) se, com uma grande divisão do trabalho, para o operário
é dificílimo dar ao seu trabalho um outro rumo, então, 2) na sua relação
subalterna para com o capitalista, cabe-lhe antes de mais a desvantagem.
Com a gravitação do preço de mercado
para o preço natural, o operário perde, portanto, ao máximo e
incondicionalmente.» (Karl
Marx, "Manuscritos
Económico-filosóficos de 1844", Edições Avante, pp. 13.14)
Contratos Emprego-Inserção
Sabem o que significa «Responsabilidade Social?»
RTP, Sexta às 9 - 21 Fev. 2014
A ingenuidade dos europeístas portugueses…
O EURO E A UE COMO FÁBRICA DE
POBREZA
«Porque é que o Euro não merece
ser salvo»
PROF.
JORGE BATEIRA, FEC
[a convite do MAS]
Debate «Portugal e o Euro»
Maio 2015
(Vídeo)
(c) Copyright 2015 William Mitchell. All Rights Reserved. |
Eurozone Dystopia
Modern Monetary Theory … macroeconomic reality
«Há
uma discussão detalhada que derruba os mitos que fizeram da austeridade a única
alternativa. Essa parte do texto oferece ao leitor a incursão numa nova maneira
de pensar a economia, exigindo dos economistas a tomada de consciência de que o
actual paradigma falhou e precisa de ser substituído. Essa tarefa encontrará
uma resistência maciça dos interesses instalados que sustentam o seu poder com
a manutenção do status quo na
economia, pouco lhes importando o quão desastroso ele tem sido para o cidadão
comum. Neste
momento, a Europa está presa num pensamento de grupo neoliberal, destrutivo, o
que representa um estado de negação em grande escala. É necessária
uma grande fuga da prisão para restaurar a prosperidade e a esperança.» [tradução de J. Bateira]
FONTE: Jorge Bateira, «LADRÕES DE BICICLETAS» - 20 MAIO 2015
«Eurozone
Dystopia traces the origin of the Eurozone and shows how the
historical Franco-German rivalry combined with the growing dominance of
neo-liberal economic thinking to create a monetary system that was deeply
flawed and
destined to fail.
«William Mitchell argues that the political class in Europe is trapped in a destructive
groupthink. Based on a flawed understanding of macroeconomic
fundamentals, groupthink extols the virtues of the erroneous concept of the
self-regulating free market and prevents Europe from seeing its own
policy failures. As a result, millions are unemployed, with imperiled
member states caught in a cycle of persistent stagnation and rising social
instability.
«Providing a detailed historical analysis of the
evolution of the Eurozone and its failings from
the 1940s to the present day, the book argues that the Eurozone
lacks the necessary monetary architecture, particularly
the existence of a federal fiscal function which could have resolved
the economic crisis quickly.
The author examines the options available to Europe
and concludes that an orderly abandonment of the euro and a return to
national currencies is the superior option available. The
justification for this conclusion is exhaustively argued within a Modern
Monetary Theory framework. This thoughtful and accessible account of Europe’s
economic woes will appeal to all those who are seeking an explanation for the
crisis and are receptive to sensible and credible alternatives to the current
scenario.»
FONTE:
DESEMPREGO
DEIXOU DE CAIR
Entre
Janeiro de 2013 e Setembro de 2014, o desemprego em Portugal conseguiu cair dos
máximos atingidos durante a crise. Mas nos últimos seis meses, essa tendência
deixou de se sentir.
Pelo
segundo trimestre
consecutivo,
a taxa de desemprego em Portugal agravou-se, atingindo os 13,7% nos primeiros
três meses deste ano. De acordo com os dados publicados esta quarta-feira pelo
Instituto Nacional de Estatística (INE), a taxa de desemprego, que tinha
passado de 13,1% no terceiro trimestre de 2014 para 13,5% no quarto, voltou agora a agravar-se. São mais cerca
de 14.600 desempregados que são agora detectados, que conduziram a uma subida
da taxa para 13,7%. (…) Nos segundo e terceiro trimestres do ano, em
particular, a evolução da taxa de desemprego pode ser positivamente
influenciada pelo facto de serem criados muitos empregos
temporários em Portugal na época do Verão,
especialmente no sector da restauração e turismo. (…) Para já, durante os
primeiros três meses deste ano, o que
aconteceu foi um aumento do número de desempregados, uma redução do número de empregos existentes
e uma estabilização dos valores da população activa e passiva.
O número de pessoas empregadas, por seu
lado, voltou a cair, também pelo segundo mês consecutivo. Desapareceram 14.500 empregos durante o
primeiro trimestre deste ano [2015].
(…) uma tendência que se mantém desde o início da crise da dívida soberana por
conta de uma deterioração do saldo natural na população
portuguesa e do aumento da emigração. No primeiro trimestre,
a taxa de desemprego entre os jovens (15 a 24 anos) subiu
de 34% para 34,4%. E o desemprego
de longa duração voltou a agravar-se, com 8,9% da população activa, ou
seja cerca
de 462 mil pessoas desempregadas há mais de um ano.(…)
Estas
duas camadas da população [subemprego, isto é, que trabalham a tempo parcial + desencorajadas,
isto é, que se declaram disponíveis para trabalhar, mas não procuraram
activamente emprego], a serem consideradas para o cálculo da taxa de desemprego,
fariam o seu valor subir
em quase 10 pontos percentuais [cifrando-se aquela
taxa perto dos 23,7%...].
PÚBLICO, on-line, 07-05-2015; FONTE:
O que explica o “aumento
desproporcional” do desemprego jovem?
Pedro
Crisóstomo, in Público on-line
Há 15
anos, era 50% menos provável um jovem ser desempregado de longa duração. Um quarto dos trabalhadores entre os 35 e os 44 anos tem
contratos a prazo. Há um número que sobressai a cada vez que se olha
para a evolução recente do mercado de trabalho: um terço dos jovens entre os 15 e os 24 anos não encontra lugar no
mercado de trabalho.
Os
últimos números trimestrais do Instituto Nacional de Estatística (INE) mostram
que a taxa de desemprego jovem está em 34,4%. O problema não é novo. Mas o que
explica o “aumento desproporcional” do desemprego nesta faixa etária depois da
eclosão da crise financeira internacional? O Banco de Portugal (BdP) lança a
questão no último Boletim Económico, publicado nesta quarta-feira, e procura
algumas pistas de resposta analisando o comportamento do mercado de trabalho
depois da recessão e as alterações na área laboral desde 2011.
Antes da resposta, alguns números e
tendências
No início
deste século, diz o banco central, “era 50% menos provável que um trabalhador
jovem estivesse desempregado há mais de um ano relativamente à média, enquanto
para trabalhadores mais velhos esta situação era 1,5 vezes mais provável”. Hoje, a
probabilidade de se ficar no desemprego de longa duração (um ano ou mais tempo)
está mais próxima entre os mais novos e os mais velhos. E é mais
alta tanto num caso como noutro. “É normal que os jovens tenham taxas de
desemprego mais altas do que a média da população activa, uma vez que muitos
deles estão à procura do primeiro emprego e têm por isso taxas de rotação mais altas enquanto procuram um emprego
mais estável”, lê-se no boletim do BdP. O banco central chama a atenção para o
facto de “a maioria da parcela” dos jovens que não têm trabalho estarem
estatisticamente classificados “como [população]
inactiva e não como desempregada”.
Mais um
dado: “Por cada 100 jovens empregados no fim do século passado, actualmente há
só 52 jovens na mesma situação. Dos restantes, três quartos estão inactivos e só um
quarto está desempregado”. Segundo o BdP, a maioria destes
fluxos tem a ver com o aumento da escolaridade obrigatória, do número de
estudantes universitários e com programas de formação.
A leitura
do banco central é mais abrangente. A instituição liderada por Carlos Costa
lembra que os trabalhadores jovens são, desde logo, “mais sensíveis ao ciclo
económico, dado que o seu custo de oportunidade de um emprego difere do dos
trabalhadores mais experientes (podem voltar a estudar ou ter apoio familiar,
por exemplo)”. Mas vinca que a resposta ao problema está “também intimamente
ligada ao aumento da utilização de contratos a prazo
e à sua incidência particularmente alta entre trabalhadores jovens”. Para o
Banco de Portugal, a possibilidade de um trabalhador jovem “experimentar diversos
empregos na fase inicial de uma carreira traz benefícios tanto para os
trabalhadores como para as empresas”. A introdução de contratos a prazo,
considera, “deveria ter melhorado este mecanismo”, mas a
rotatividade nos contratos “vai muito além da que seria de esperar
deste processo”. É que hoje constata-se que “os trabalhadores, em
geral, demoram muitos anos para efectuar essa transição [para um emprego
permanente] e nem sempre a conseguem fazer: a percentagem de trabalhadores entre 35 e 44 anos com contratos a
prazo subiu de 15% em 1998 para 25% em 2014, excedendo o aumento desta
faixa etária em termos de emprego total”.
O banco
central considera que o nível de
rotatividade é “excessivo” e que “tem implicações negativas para o resto do
percurso profissional do trabalhador”. Com a crise, “as empresas
contraíram a contratação, e em particular sob a forma de contratos
permanentes”. Uma das leituras do Banco de Portugal é que o aumento do
desemprego “não está a pôr pressão suficiente” nas vagas do Instituto do
Emprego e Formação Profissional (IEFP) para que estas diminuam. A razão, diz o
departamento de estudos do BdP, pode estar no facto de o processo que junta
trabalhador e emprego “se tenha tornado menos eficiente”. Isto tanto porque as
empresas podem não estar “a encontrar candidatos adequados entre os
desempregados” (e
aqui conta o próprio factor desemprego
de longa duração, que implica “perda de qualificações” e “erosão do capital humano”),
como por causa daquilo a que o BdP chama de “mudanças institucionais no mercado
de trabalho”.
Posted
by EAPN, 07-05-2015 - Observatório de Imprensa. FONTE:
Observatório de Imprensa. FONTE:
Diante desta catástrofe humanitária, consequência do «resgate e da recapitalização do sistema bancário» (e, fruto, não de nenhuma
orgia despesista do Estado nem de termos vivido acima das nossas possibilidades,
como P. Passos Coelho e Maria Luís Albuquerque sempre quiseram fazer passar…, mas
fruto - isso sim - de decisões órfãs de um estudo sério, e prenhes de ideias muito
perigosas
- Mark Blyth), o que
é que deve mudar na Igreja católica?
Manter-se submissa ao [clicar] «memorando do desajustamento», pactuar - no terreno [vide/CLICAR: IPSS's, União das Misericórdias, Obras Diocesanas Sociais, Universidade Católica, etc.] [CLICAR AQUI fazer da pobreza um vergonhoso negócio] - com as políticas de destruição da classe média (verdadeiras fábricas de terror e pobreza) e com a ideologia neoliberal que visa a maior transferência de capital - jamais observada em Portugal - dos bolsos dos trabalhadores por conta de outrem para o sistema financeiro e especulativo; deve a Igreja católica não querer ir além da "caridade individual" filha do Código de Hammurabi e do Livro dos Mortos; resistir à política (com P grande) como o primeiro e mais importante instrumento de discernimento, de decisões globais e de transformações estruturais por onde tudo deve começar; deve fazer vista grossa ao Êxodo, o «modelo [teológico] mais alternativo possível a qualquer realidade de injustiça e sofrimento, modelo que também o foi para Jesus» [Bernardo Pérez Andreo], que pôs em causa o modelo de que «o rico é o protector do indefeso» (Lc 16,19; Rute 2,1-3)? Terá a Igreja coragem evangélica para lhe contrapor o modelo da «insurreição» (vide os Profetas de Israel, Frei Bento Domingues e outros), o único modelo que pode mudar a situação global e estrutural da injustiça criada pelo bloco PS-PSD-CDS? O do Êxodo, o único modelo que pode desautorizar a expressão que diz que a "religião é o ópio do povo"?
A Igreja católica necessita de se converter a Jesus e, para isso, pastoralmente, deve refocar o seu desígnio número um numa "eclesiologia de comunhão" (JI González Faus, «El dilema de la Iglesia: servicio al Reino de Dios o institución religiosa?», Sal Terrae; J. Moingt, «Faire bouger l'Église catholique», DDB; «CER41 - Chrétiens en Recherche 41») e numa ousada "teologia do Povo de Deus" (Juan Antonio Estrada, sj, «El cristianismo en una sociedad laica», DDB) com a "Figura do Servo de Yahvé" no centro da Liturgia (Is 52,13-15;53,1-12; G. Faus, «Cj/96 - Servir para una espiritualidad
de la lucha por la justicia en los "Cantos del Siervo" de Isaías»).
http://cer41.blogspot.pt/2012/08/faire-bouger-leglise-catholique.html
Para isso, são nucleares as seguintes palavras de I. Ellacuría:
http://cer41.blogspot.pt/2012/08/faire-bouger-leglise-catholique.html
Para isso, são nucleares as seguintes palavras de I. Ellacuría:
«O carácter absoluto
dos pobres na Igreja»
[…] «Se
levarmos a sério o facto de que os pobres são o "lugar teológico", no
sentido em que o acabamos de definir, é claro que os pobres se convertem não
apenas numa prioridade, mas, inclusivamente, numa realidade absoluta à qual se devem
subordinar muitos outros elementos e actividades da Igreja.
Portanto, a designação «Igreja dos pobres» (cf. «Per una Chiesa
Povera», Don Andrea Gallo & Papa Francesco, Imprimatur Editore 2013) deve ser encarada como uma formulação dogmática que deve ser
acrescentada à de «Corpo Místico» e outras similares. Aquilo que nela se
pretende expressar não é algo meramente acidental ou algo pertencente à
perfeição eclesial: trata-se de algo essencial e constitutivo, cuja ausência faria
com que a Igreja deixasse de ser a Igreja de Cristo, na medida em que deixasse
de ser a Igreja dos pobres.
«E
deixaria de ser Igreja dos pobres não apenas – gravemente − porque não
prestasse atenção aos pobres e aos seus problemas, mas − muito pior ainda –
quando os pobres deixassem de ser a sua opção preferencial na hora de nomear a sua
hierarquia, de marcar o rumo do seu ensino magisterial,
de criar
estruturas, de estar no centro de toda a sua estratégia pastoral…
bem como na hora de se pronunciar dogmaticamente.
«A razão
última destas afirmações reside no facto de o Reino de Deus ser o valor máximo
para a Igreja e que a Igreja está subordinada ao Reino (e não o inverso). Ora,
acontece que os pobres são por múltiplas razões, a parte essencial do Reino de
Deus, e nele gozam de prioridade e de supremacia, já que é neles que
se torna presente, de modo insubstituível, o Deus dos cristãos, o destino da
Humanidade e o caminho da conversão.
«Por
isso, há que deixar bem claro, e brandi-lo energicamente, que o recurso aos
pobres como "lugar teológico" não se faz com a intenção directa e
imediata de revitalizar a pastoral
e, muito menos ainda, revitalizar a teologia como
uma prática
intelectual. Antes de tudo, e primeiramente, é um serviço
à causa da fé, que é a causa dos pobres. Faz-se em função do Reino de Deus e
por causa de Deus, na medida em que o Reino de Deus conecta estruturalmente a
"coisa dos pobres" com a "coisa de Deus", e mantém,
indissoluvelmente unidos, os caminhos de Deus e os caminhos dos pobres deste
mundo.» [Ignacio Ellacuría, UCA Editores]
Perguntava-se: diante desta catástrofe humanitária, o que é que deve mudar HOJE na Igreja? Em suma, para a Igreja católica se 'aggiornamentar', terá de colocar não «O Homem no Centro», (assim, em abstrato...), como recomenda a Conferência Nacional de Apostolado dos Leigos [CNAL], mas terá de colocar, no centro da sua/nossa aflição cristã, O Pobre (o que não é bem a mesma coisa...).
Perguntava-se: diante desta catástrofe humanitária, o que é que deve mudar HOJE na Igreja? Em suma, para a Igreja católica se 'aggiornamentar', terá de colocar não «O Homem no Centro», (assim, em abstrato...), como recomenda a Conferência Nacional de Apostolado dos Leigos [CNAL], mas terá de colocar, no centro da sua/nossa aflição cristã, O Pobre (o que não é bem a mesma coisa...).
«CADERNOS FUNDAMENTOS-6»
[Livraria
Fundamentos – Braga]
"Os pobres: uma interpelação à Igreja"
Carta Pastoral dos Bispos do país Basco