Edições TAIZÉ
À
noite no cemitério
Mas
qualquer que seja a fórmula que adotemos (“no terceiro dia”, “em três dias” ou “passados
três dias”), nenhuma delas coincide com as narrativas evangélicas. De fato,
Mateus narra que duas discípulas de Jesus, Maria Madalena e outra Maria, foram
visitar o túmulo do Mestre "depois do sábado, no início do primeiro dia da
semana", ou seja, domingo (Mateus 28:1). Ora, para os judeus, o
domingo começava com o pôr do sol no sábado, por volta das 6h ou 7h da tarde.
Portanto, segundo Mateus, foi no sábado à noite quando foram ao cemitério,
descobriram o túmulo vazio e acharam que ele havia ressuscitado.
Por
sua vez, no Evangelho de Lucas, lemos que Jesus crucificado diz ao ladrão
arrependido que morre crucificado ao seu lado: «Hoje estarás comigo no paraíso»
(Lucas 23, 43).
E "hoje" refere-se ao dia da sua morte, ou seja, sexta-feira. Então,
a ressurreição ocorreu na sexta-feira, sábado, domingo, segunda ou terça-feira?
Essa discrepância nos mostra que ninguém sabia exatamente quando isso
aconteceu.
Por
causa de uma crença antiga
Hoje
a teologia ensina que a ressurreição de Jesus deve ser entendida como um
acontecimento que aconteceu no exato momento da sua morte. Que não houve lapso
entre a sua morte e a sua entrada na vida eterna. Mas os primeiros cristãos não
entendiam dessa forma. Para eles, foram dois eventos misteriosos e
cronologicamente distintos. Portanto, depois de sua morte, eles tentaram
determinar quando a ressurreição de Jesus teria ocorrido. E a resposta que
deram foi: "ao terceiro dia".
Já
São Paulo, na sua 1ª Carta aos Coríntios, resumindo os ensinamentos que
transmitiu aos seus ouvintes, comenta: "Irmãos, recordo-vos a Boa Nova que
vos preguei e que recebestes. Porque lhes transmiti o que eu próprio recebi.
Primeiro, que Cristo morreu pelos nossos pecados de acordo com as Escrituras;
que foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras" (1 Coríntios 15,1-4). Paulo, então, já sabia no seu tempo (por
volta do ano 53, muito antes de os Evangelhos serem escritos) o facto de que
Jesus havia ressuscitado "no terceiro dia". Ele, por sua vez, afirma
que a recebeu de pregadores anteriores, o que mostra quão antiga era essa
crença. Mas como surgiu a ideia do "terceiro dia" entre os cristãos?
A chave está nas palavras finais do texto de Paulo, quando ele acrescenta que
isso aconteceu “de acordo com as Escrituras”. Aqui está a solução para o
problema. De facto, de acordo com as Escrituras, quando Deus quer ajudar ou
socorrer alguém do perigo, geralmente fá-lo «ao terceiro dia».
Um
tempo para a dor
A
primeira vez que encontramos essa ideia é numa famosa profecia dita por Oseias,
um dos profetas mais antigos de Israel. Ao falar aos israelitas, Oseias
disse-lhes: «Vinde, voltemos para o Senhor; Ele feriu-nos, Ele nos curará; Ele
fez a ferida, Ele fará o penso. Dar-nos-á de novo a vida em dois dias, ao
terceiro dia nos levantará, e viveremos na sua presença»
(Oseias 6, 1-2).
Esta
profecia expressava a confiança que os israelitas tinham na bondade de Deus,
que às vezes parece punir-nos por um ou dois dias, mas ao terceiro dia, isto é,
pouco depois, a raiva passa e Ele deita-nos a mão. Deus não está
eternamente zangado com o homem.
“Ao terceiro dia” significava apenas “em breve”,
expressão de que Deus se serve para mostrar o Seu amor para com os Seus filhos.
Os judeus, com base nesta profecia, chegaram à conclusão de que Deus não
permite que as pessoas boas sofram mais de dois dias, porque ao terceiro dia
Ele sempre vem para as livrar da sua aflição. Deste modo, o «terceiro dia»
começou a ser interpretado como a data certa para a intervenção divina na História,
o momento preciso para ajudar os justos. Assim, nos relatos do Antigo
Testamento, esse prazo começou a ser nele incorporado a fim de mostrar que o
que Oseias havia anunciado era verdade.
Com
roupas limpas
Por
exemplo, quando Abraão levou seu filho Isaac ao Monte Moriá para matá-lo e
oferecê-lo como sacrifício, Deus apareceu a ele no terceiro dia e parou a mão
que iria imolá-lo, salvando a vida do menino e da futura prole de Abraão (Génesis
22,1-4). Da mesma forma, quando os filhos de Jacó viajaram para o Egito para
comprar comida, o livro do Génesis diz que eles foram presos e acusados de
serem espiões, ficando as suas vidas em perigo. Mas ao terceiro dia, graças à
intervenção divina, eles foram libertados e autorizados a retornar ao seu país
sãos e salvos (Génesis 42,18: «No terceiro dia, José disse-lhes: “Fazei o
seguinte e vivereis, porque temo o SENHOR”.»).
Da
mesma forma, quando os israelitas deixaram o Egito e começaram a sua jornada
pelo deserto, a marcha tornou-se difícil para eles porque eles não conseguiam
encontrar água. Quando todo o povo estava prestes a morrer de sede, Deus
interveio no terceiro dia e fez aparecer água potável, salvando-o da morte
(Êxodo 15,22-25). Mesmo o maior evento de proteção divina, que foi a aliança
entre Deus e o povo de Israel, ocorreu no terceiro dia. O texto bíblico diz
que, quando os hebreus chegaram ao Monte Sinai, Deus falou a Moisés e disse: “O
SENHOR disse a Moisés: «Vai ter com o povo, e fá-los santificar hoje e amanhã;
que eles lavem as suas roupas. Que estejam prontos para o terceiro dia, porque ao
terceiro dia o SENHOR descerá aos olhos de todo o povo sobre a montanha do
Sinai.» (Êxodo 19, 10-11).
No
ventre da terra
Muitos
outros episódios bíblicos mostram Deus a agir no terceiro dia para preservar e
acompanhar a vida de seu povo. É o caso, por exemplo, dos espiões enviados por
Josué para explorar a Terra Prometida. Quando eles chegaram, o rei de Jericó
ouviu falar sobre isso e perseguiu-os para os matar, mas eles foram salvos no
terceiro dia (Josué 2,16).
Davi também foi libertado por Deus no terceiro dia das mãos de seus inimigos,
que haviam invadido o acampamento hebreu e sequestrado as suas mulheres e
crianças (1 Samuel 30,1-20).
Ezequias,
um dos reis de Jerusalém, teve uma experiência ainda mais extraordinária.
Estando gravemente doente, e tendo já preparado todos os detalhes do seu
próprio funeral, Deus falou-lhe através do profeta Isaías e anunciou-lhe que ao
terceiro dia sairia da cama completamente curado (2
Reis 20,1-11). O livro de
Ester conta-nos a história desta rainha, e como ela tinha sido proibida de
comparecer perante o rei sem autorização. Se o fizesse, seria punida com a
morte. Ester, porém, devido a uma emergência que tinha, apresentou-se ao
monarca; mas fê-lo ao terceiro dia; e Deus salvou não só ela, mas todo o povo
judeu que estava prestes a ser exterminado (Ester 4,16; 5,1).
Talvez
o episódio mais significativo de uma salvação divina no terceiro dia seja
encontrado na vida do profeta Jonas. De acordo com a Bíblia, ele havia recebido
uma ordem divina para ir pregar na cidade de Nínive. Mas Jonas desobedeceu à
ordem e fugiu num navio para Espanha. Durante a viagem, um enorme peixe o
devorou, “e Jonas ficou no ventre do peixe por três dias e três noites” (Jonas
2,1). Ali, nas entranhas do cetáceo, Jonas orou arrependido pedindo perdão.
Então Deus fez com que o peixe vomitasse na praia e o devolvesse são e salvo.
Vemos,
assim, que no Antigo Testamento é comum encontrar Deus a realizar as suas
grandes obras ao terceiro dia. Era uma forma de ensinar que, embora às vezes os
justos sofram, o seu sofrimento terá sempre uma duração limitada, porque
Deus virá no devido tempo para os salvar.
O
Profeta Actualizado
Mas,
no século II a.C., uma nova ideia entrou no povo de Israel: a da ressurreição
dos mortos. Até aquele momento pensava-se que, quando alguém morresse, nunca
mais voltaria à vida, porque a morte era o estado definitivo do ser humano.
Mas, por volta de 200 a.C., surgiu na Palestina a crença de que Deus um dia
trará os mortos de volta à vida. Então a profecia de Oseias, proferida 600 anos
antes, sofreu uma reinterpretação.
Até
aquele momento dizia-se que Deus só “ajudava” no terceiro dia, quando alguém
tinha um problema. Mas como o maior problema que um homem pode ter é o da
morte, os judeus pensavam que a profecia também poderia referir-se à
ressurreição dos mortos: Deus ajudaria as pessoas levantando-as ao
terceiro dia. Esta crença refletiu-se na nova tradução do livro de Oseias para
o aramaico, séculos mais tarde (uma tradução chamada Targum). Essa tradução, em
vez de dizer: «Depois de dois dias, Ele nos dará a vida, e no terceiro dia Ele
nos ressuscitará», como dizia o hebraico original, ele diz: «Na consolação
futura Ele nos dará a vida, e na ressurreição dos mortos Ele nos ressuscitará».
De acordo com esta tradução, Oseias não anuncia que Deus nos levantará de
nossas camas e nos restaurará a saúde ao terceiro dia, mas que Ele nos levantará do túmulo e nos trará de volta à vida.
Uma
maneira de falar
No
entanto, houve um problema. De acordo com esta nova interpretação da profecia,
Deus ressuscita os mortos “no terceiro dia”. Mas no terceiro dia de quê? Das
suas mortes? Isso não era verdade. Grandes personagens do Antigo Testamento,
como Abraão, Isaque e Jacó, já haviam morrido há muito tempo e ainda não tinham
ressuscitado. E já tinham passado mais de três dias desde a sua morte. Como
calcular, então, esses três dias?
Para
sair do atoleiro, os rabinos disseram que aqueles três dias não se referiam a
períodos de 24 horas, mas a etapas da história. Assim, o primeiro dia
correspondia à Era Presente, o segundo dia ao Tempo do Messias e o terceiro dia
ao Mundo Futuro no qual os mortos ressuscitarão. O “terceiro dia” era,
portanto, uma forma de falar de uma época futura, da terceira etapa da
história, quando aqueles que dormem o sono da morte se levantarão de seus
túmulos e voltarão à vida.
Para
que calhe no domingo
Voltemos
agora aos primeiros cristãos. Quando se convenceram de que Jesus estava vivo e
correram para anunciar a sua ressurreição, ninguém sabia exatamente em que dia
isso tinha acontecido. Só acreditavam que ele tinha voltado à vida. Mas, para
eles, essa ressurreição inaugurou a nova era da ressurreição dos mortos, a terceira etapa, o novo tempo do Reino de
Deus anunciado pelo profeta Oseias. Por isso começaram a dizer que tinha sido “no
terceiro dia”. A expressão não pretendia aludir ao dia em que as mulheres
descobriram o túmulo vazio, nem ao dia das manifestações de Jesus no Domingo de
Páscoa, mas à Nova Era em que a humanidade tinha entrado, Era aquela em
que todos os mortos podiam agora ressuscitar (mesmo que ainda não o fizessem).
O tempo da salvação, tão desejado pelos judeus, tinha finalmente começado.
É
por isso que os Evangelhos são tão vagos quanto ao momento exato da
ressurreição de Jesus. O que importava era
mencionar o número "três", mesmo que a fórmula variasse (“em
três dias”, “depois de três dias”, “ao terceiro dia”). Mais tarde, quando a
ressurreição começou a ser contada como um facto historicamente comprovado,
o domingo foi escolhido para a celebrar. Assim, os evangelistas procuraram
fazer com que a expressão coincidisse mais ou menos com os dados que tinham.
Assim, Marcos diz que Jesus anunciou a sua ressurreição para “depois de três
dias” (Marcos 8,31; 9,31; 10,34). Por outro lado, Mateus e Lucas, vendo que se
Jesus tivesse morrido numa sexta-feira, faltavam menos de três dias para
domingo, mudaram a fórmula e colocaram “ao terceiro dia”.
Uma
vida sem cadáver
O
poeta grego Homero, em “A Ilíada”, nunca descreve a beleza de Helena, por cuja
beleza foi desencadeada a «Guerra de Troia». Ele não tinha palavras para isso.
Em vez disso, recorre a uma dramatização: diz que dois homens a viram um dia
passar, no alto dos muros de Troia, e que um deles exclamara espantado e
apontando: “Nem que fosse só por aquela mulher, teria valido a pena a guerra
que travámos.” Um recurso genial de Homero!
Sem descrevê-la, o recurso de Homero deixa o leitor a interrogar-se acerca de
que tipo de beleza seria ela!? O mesmo fazem os evangelistas: eles não têm
palavras para descrever a ressurreição de Jesus. É algo que ultrapassa toda a
expressão. Só falam do túmulo vazio.
Há
coisas que não podem ser descritas por palavras, porque excedem as nossas
categorias mentais. Como disse Joseph Ratzinger no seu livro “Introdução ao
cristianismo”: "Cristo, com a sua ressurreição, não voltou mais à sua vida
terrena anterior, tal como aconteceu com o filho da viúva de Naim ou com Lázaro.
Cristo ressuscitou para a vida que não se enquadra nas nossas leis químicas e
biológicas." É por isso que a sua ressurreição não tem uma data
específica.
Mas,
embora não a possamos datar com um dia fixo, podemos fazê-lo a partir da mudança
que ocorreu nos discípulos. Eles, que eram homens impetuosos, intolerantes,
duvidosos, ambiciosos, a partir daquele momento sentiram-se completamente
transformados e até capazes de enfrentar os perigos e resistir às dificuldades,
ao ponto de darem a vida pela fé que haviam adquirido. Tinham compreendido que,
se os tempos tinham mudado, também eles tinham de mudar.
Afirmar
que Jesus ressuscitou ao terceiro dia não significa acreditar numa data, mas num novo
modo de vida, no qual já não vivemos como cadáveres; em que não pactuamos
com qualquer modo de vida corrupto; em que assumimos um compromisso formal com
as outras pessoas; em que, para além das adversidades e das quedas, continuamos
a erguer-nos todos os dias da nossa prostração. Porque a única maneira de provar que Jesus está vivo
[ressuscitou] é mostrar que os seus seguidores estão. [«Almeida
Garrett não pactuava, antes apontava o dedo aos “economistas e os políticos,” [e
perguntava-lhes] se já tinham calculado o número de indigentes que são
necessários manter na penúria para produzir um rico…»]
֎
Otro caso más del inverno
eclesial de la época Juan Pablo II
ARIEL ALVAREZ VALDÉS RENUNCIA AL SACERDOCIO
Resumen
de prensa
Debido
a un largo conflicto con el Vaticano, el sacerdote y reputado biblista Ariel
Alvarez Valdés decidió dejar el
ministerio sacerdotal, “cansado” de lidiar con la censura del Vaticano y del obispo
de Santiago del Estero, Francisco Pólit, del Opus Dei, "para poder
dedicarme a la Biblia y enseñar sin presiones la Palabra de Dios", según
expresó el religioso.
Desde
hace 15 años Álvarez Valdés viene manteniendo un debate con Roma debido a
algunas afirmaciones que vertió en sus libros, y que fueron observadas por la
Sagrada Congregación para la doctrina de la fe a través del entonces
secretario, Tarcisio Bertone.
La
Santa Sede, si bien reconoció por escrito que el biblista santiagueño no tenía
errores doctrinales, le cuestionó el
hecho de haber "hecho públicas" tales enseñanzas, que podían generar
confusión entre los fieles. Alvarez Valdés presentó su renuncia al sacerdocio
en julio de 2009, y aunque siguió dialogando con el Obispado local tratando de encontrar
un acuerdo, finalmente no pudieron llegar a ningún arreglo, "debido a que
se me puso como condición, en la última carta que me mandaron en noviembre del
año pasado, que yo escribiera un artículo reafirmando la historicidad del
relato de Adán y Eva, algo que para mí es inaceptable como biblista",
sostuvo el ex sacerdote.
Tristeza
"Resulta triste que tenga que dejar el sacerdocio para
poder dedicarme a la Biblia; pero desde
hace casi dos años estoy impedido de hablar, escribir, publicar, enseñar o
dar cursos, y todo por unas afirmaciones que resultan secundarias para nuestra
fe, como es el caso de Adán y Eva o el arca de Noé, que no afectan ningún
dogma", añadió.
7 "Renuncio porque a partir de ahora
quiero dedicarme a divulgar la Palabra de Dios, tal como me enseñaron en las
universidades católicas y pontificas donde estudié, en Jerusalén donde
hice la licenciatura, y en Salamanca donde hice el doctorado en Teología
Bíblica, y que siendo sacerdote diocesano me resulta imposible hacer por una
prohibición", concluyó el reconocido biblista.
Ariel
Álvarez Valdés, de 52 años, ejercía el sacerdocio en Santiago del Estero,
capital de la provincia argentina homónima (norte).
“Escribí un artículo donde decía que no se podía ser poseído por
el demonio, sino que eran enfermedades. Me obligaron a retractarme”, declaró a la radio bonaerense Continental.
“Algunos pasajes de la Biblia no ocurrieron de forma literal, sino que son
parábolas que buscan explicar alguna significación religiosa”, explicó al
concretar los motivos por los que niega la veracidad histórica de Adán y Eva, y
del arca de Noé.
Álvarez
Valdés también niega la existencia del ángel que habló con la Virgen María, las
apariciones físicas de la Virgen y pone en duda que Jesús haya nacido en
Belén. “Tengo más de mil quinientas publicaciones en revistas de todo el
mundo. Todo lo que yo enseñaba estaba publicado en libros de católicos”,
destacó Álvarez Valdés. “El Vaticano hizo revisar todos mis libros por
peritos especializados en Teología del mismo Vaticano y no pudieron encontrar ningún error de dogma.
Entonces intentaron que me retractara igual”, remarcó.
El
religioso recordó que en 2002 había recibido una amonestación del Vaticano y
otra del obispo Pólit, el año pasado, en ambos casos con la exigencia de
mantener “silencio” y de retractarse de sus dichos.
En torno al caso de Ariel Alvarez - RETRACTACIONES
Y CONDENA
Por Xabier Pikaza
֎
Ariel
Álvarez Valdés vino a Salamanca el 2002, perseguido por "nueve
acusaciones" de las que debía responder ante el Cardenal Bertone. Le
dieron un tiempo para que lo estudiara. De todas formas, su obispo le defendió
y siguió actuando como solía. Ariel terminó su tesis y volvió a Santiago del
Estero el año 2004.
Sin
embargo, las cosas se complicaron porque el 19 de agosto de 2005 el
obispo Juan Carlos Maccarone tuvo que presentar la renuncia, aceptada por el
Vaticano. No convenía que siguiera Maccarone y le encontraron un «fallo grave»
(con medios 8 ilegales) «en un hecho reñido con la moral católica, como
resultado de una estrategia diligentemente montada por intereses políticos,
económicos y eclesiásticos».
Así
nombraron obispo a Francisco Polti, conocido miembro del Opus Dei, con el
encargo de "resolver el asunto Ariel Álvarez". Y parece que, por ahora, lo ha resuelto, a su
manera. La nueva formulación de las nueve tesis discutidas. Ciertamente, las
cosas de palacio van despacio… y así dejaron pasar algún tiempo. Pero el año
2007 quedaron fijas las "retractaciones" enviadas a Roma por Ariel.
Él mismo me las mandó, en marzo de 2007: «El Vaticano me pide que me
retracte de 10 temas. Yo los redacté de tal manera que quedara claro que lo que
yo decía no era tan absurdo para el sentido común, para que la gente común que
leyera mi retractación al menos se sintiera identificada con el pensamiento.»
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RETRACTACIÓN
EN EL ÁMBITO NACIONAL
En
mi condición de sacerdote de la Iglesia Católica, y
por pedido expreso de la Santa Sede, quiero rectificarme por medio
de la presente de algunas afirmaciones que han resultado ser contrarias a las
enseñanzas de la Iglesia Católica (según el Catecismo de la Iglesia Católica),
Iglesia a la que amo, respeto, y deseo seguir permaneciendo unido desde mi
ministerio.
1.- Yo había afirmado que a Dios no le agrada el
sufrimiento del hombre, que no lo manda, ni lo permite directamente, porque
Dios salva mediante el amor y no mediante el dolor. Y que jamás puede entrar en
la voluntad de Dios algo que pueda hacer sufrir al hombre. Sin embargo, esto no coincide con las
enseñanzas de la Iglesia Católica, de que el
sufrimiento tiene un valor salvífico.
2.- Yo había afirmado que Dios siempre hace
milagros, pero no suspendiendo ni superando las
leyes de la naturaleza, pues estas leyes están bien hechas por Dios,
y no hay necesidad de suspenderlas; que Dios cuando hace milagros los hace a
través de las mismas leyes de la naturaleza, muchas de ellas desconocidas por
el hombre, por eso a veces tenemos la impresión de que éstas se
"suspenden". Y que esta explicación no minimiza en absoluto el poder
de Dios, al contrario, lo afianza y engrandece. Sin embargo, esto no coincide
con las enseñanzas de la Iglesia Católica, de que los milagros, en cuanto
suspensión de las leyes naturales, son posibles.
3.- Yo había afirmado que, con las enseñanzas de
Cristo, el valor doctrinal del libro de Job
había sido superado, pues este libro fue escrito cuatrocientos años
antes de la venida de Cristo, y su autor no conocía las novedosas enseñanzas de
Jesús respecto del sufrimiento. También afirmé que, con las enseñanzas de
Cristo, el valor de los diez mandamientos había sido superado, pues éstos
fueron 9 enseñados por Moisés para el pueblo judío, mientras que Jesús afirma
en el Sermón de la montaña (Mt 5) que los cristianos no deben basarse en los
diez mandamientos sino mostrar una conducta superior. Sin embargo, esto no coincide con las
enseñanzas de la Iglesia Católica de que, con la aparición del Nuevo
Testamento, el valor doctrinal del libro de Job
o de los diez mandamientos no fue superado (CIC 123).
4.- Yo había afirmado que los primeros capítulos del Génesis (el relato de Adán y
Eva, de Caín y Abel, del arca de Noé) no contienen historia en el sentido
moderno de la palabra, sino que pertenecen a un género literario
especial, con el que se pretende transmitir más bien unas enseñanzas sobre el
origen del hombre y del pecado en el mundo. Sin embargo, esto no coincide con
las enseñanzas de la Iglesia Católica, de que, no obstante los géneros
literarios, estos capítulos contienen relatos históricos.
5.-
Yo había afirmado que el relato de la anunciación del Evangelio de San Lucas,
es decir, la narración de un ángel que entra
volando en la casa de María y conversa físicamente con ella, realmente no
existió de esa manera, sino que Lucas empleó un género
literario especial para contarlo, llamado "relato de anunciación",
frecuentemente empleado en otras partes de la Biblia. Sin embargo, esto no
coincide con las enseñanzas de la Iglesia Católica, de que el relato de la
anunciación realmente tuvo lugar en la historia tal como lo cuenta San Lucas.
6.- Yo había afirmado que la idea de la virginidad de María "durante el parto" (es
decir, el hecho de que no hubo ruptura de himen) está basada en los evangelios
apócrifos, y que el parto de María en este sentido debió de haber
sido normal, como el de toda muchacha, ya que esto no añade ni quita nada a la
grandeza de María, así como no afecta al hecho de su virginidad perpetua. Sin
embargo, esto no coincide con las enseñanzas de la Iglesia, de que María se
mantuvo virgen incluso durante el parto (CIC 499). Además de esto, quiero
aclarar dos afirmaciones que hice correctamente, pero que pueden ser
malinterpretadas.
7.- Al escribir yo que el relato de Adán y Eva comiendo del fruto prohibido en el Paraíso no
era una narración histórica, sino que sólo pretendía transmitir una
enseñanza religiosa, algunos han pensado que yo negaba con ello la doctrina del
pecado original. Por eso quiero aclarar que nunca negué tal doctrina, sino que
la sostengo y reafirmo, tal como enseña la Iglesia Católica.
8.- Al decir yo
que todos los cristianos, por el hecho de ser bautizados, son sacerdotes de
Jesucristo, algunos han pensado que yo sostenía que todos son igualmente
sacerdotes de Jesucristo en el sentido ontológico. Por eso quiero
aclarar que siempre creí, y que quise decir, que el sacerdocio común de los
fieles y el sacerdocio ministerial son diferentes esencialmente, y participan
de distinta manera del único sacerdocio de Cristo.
Por
lo tanto me retracto de todas estas afirmaciones que no coinciden con lo que
actualmente enseñanza la Iglesia Católica.
En
mi condición de sacerdote de la Iglesia Católica, y por pedido expreso de la
Santa Sede, quiero rectificarme por medio de la presente de las siguientes
afirmaciones que han resultado ser contrarias a las enseñanzas de la Iglesia
Católica, a la que amo, respeto, y deseo seguir permaneciendo unido desde mi
ministerio.
9. Yo había
afirmado en este espacio, que una vez muerto el ser humano, el alma no se
separa del cuerpo. Que tal separación
es una idea de la filosofía griega, que no aparece en el Nuevo
Testamento, de donde tomamos el concepto de resurrección. También había afirmado que la resurrección se produce
inmediatamente después de la muerte, porque después de la muerte no hay tiempo
que esperar. Sin embargo, esto no coincide con las enseñanzas de la
Iglesia Católica, de que, al morir, se produce la separación del alma y del
cuerpo, y mientras el cuerpo cae en corrupción, el alma va al encuentro de Dios
en espera de reunirse con su cuerpo glorificado (CIC 997). Por lo tanto me
retracto de estas afirmaciones que no están de acuerdo con lo que actualmente
enseñanza la Iglesia Católica.
Pbro.
Dr. Ariel Álvarez Valdés, Santiago del Estero (Argentina) POR PEDIDO EXPRESO DE
LA SANTA SEDE
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Pareció
en un momento que el tema se iba a resolver. El obispo Politi estaba contento.
Pero hubo una frase que a él le molestaba… y que en Roma no pudieron aceptar: «por pedido expreso de la Santa Sede».
11 Querían que Ariel se retractara por sí mismo,
por decisión espontánea… Estoy convencido de que hubo un momento en que estaba
casi convencido a firmar «por voluntad propia, sin coacción ninguna», pero, al
final, le pareció que eso era contrario a la verdad. Yo no quise opinar, la
mayoría de los amigos no quisimos influirle nada. Pero algunos le dijeron que
el Vaticano le pedía que mintiera… y que esos habían sido los métodos de la
KGB. El caso es que pensó que así no podía firmar…
LA
CONDENA
Decreto
del Obispo diocesano de Santiago del Estero, monseñor Francisco Polti
Santillán, superior eclesiástico inmediato del presbítero Ariel Álvarez Valdés,
profesor de Teología, emitido con fecha cuatro de agosto del corriente año:
«Vistos
los numerosos intercambios epistolares efectuados con el doctor Ariel Álvarez
Valdés acerca del contenido de muchas de sus reflexiones y propuestas
teológicas publicadas en diversos medios de la Argentina y de otros países.
Considerando:
1. Que algunas de sus afirmaciones causan
perplejidad y llevan a pastores y fieles a preguntarse si dichas afirmaciones
son compatibles con la enseñanza del Magisterio auténtico de la Iglesia.
2. Que el presbítero doctor Ariel Álvarez Valdés
ha reconocido lo fundado de dichas reacciones provocadas por sus escritos y ha
manifestado reiteradamente estar dispuesto a hacer las rectificaciones
pertinentes en sus nuevas publicaciones.
3. Que el interesado también ha manifestado su
disposición de hacer públicas las retractaciones correspondientes a las
cuestiones teológicas que, en sus intervenciones, presentan ambigüedades o
errores.
4. Que, sin embargo, el presbítero doctor Ariel
Álvarez Valdés ha hecho notar que dichas retractaciones serían publicadas a
condición de incluir una mención expresa a que se efectúan por pedido explícito
de la autoridad eclesiástica.
5. Que de ser incluida en el texto dicha
cláusula limitaría severamente la consistencia y la autenticidad de las
retractaciones.
Por
tanto, en virtud de lo establecido en los cánones 772, 812, 823, 824 y la
legislación complementaria de la Conferencia Episcopal Argentina, por las
presentes letras Decreto:
1. A partir del 5 de agosto de 2008 y mientras
no se disponga otra cosa, el presbítero doctor Ariel Álvarez Valdés carece de
licencias para hacer nuevas publicaciones o disponer la reedición de
publicaciones anteriores.
2. A partir del 5 de agosto de 2008, el
presbítero doctor Ariel Álvarez Valdés carece de misión canónica para la
enseñanza de disciplinas teológicas en cualquier nivel de docencia, incluyendo
cursos cortos, conferencias y toda otra actividad análoga.
3.
A partir del 5 de agosto de 2008, el
presbítero doctor Ariel Álvarez Valdés carece de licencias para participar en
la organización y uso de medios de comunicación social, incluyendo internet, ya sea a través de escritos,
grabaciones, filmaciones y cualquier otro tipo de soporte.
4.
Exhorto al presbítero doctor Ariel
Álvarez Valdés a que revise su actitud en espíritu de humildad, obediencia y
comunión, para el bien de toda la Iglesia, y de un mayor y fructuoso servicio
ministerial.
5. Notifíquese a quienes corresponda y, una vez
cumplido, archívese.
©
Y
el trabajo duro se lo dejaron a Monseñor F. Politi Si, le dejaron el trabajo
duro. No se atrevieron a firmar en Roma… El secretario anterior Angelo Amato,
SDB, se fue sin firmar. No sabemos lo que hará el nuevo, cuando tome posesión
(L. Ladaria). Estoy convencido de que tanto A.
Amato como L. Ladaria piensan lo mismo que Ariel Fernández (y que así piensa
también Josph Ratzinger, como teólogo). Pero todos ellos son hombres
de tradición… Piensan que al "pueblo" no se le puede inquietar… Desde
aquí quiero enviarle a Ariel mi amistad y mi solidaridad teológica. Es posible
que yo matizara algunos de sus puntos, pero en el fondo estoy de acuerdo con
ellos... y sobre todo, quiero defender su libertad teológica, dentro de la
iglesia. Me solidarizo plenamente con su esfuerzo por acercar la Biblia al
pueblo. Protesto por el interés que hay de "ocultar" las verdades. Lo
que Ariel dice lo dicen de un modo u otro todos los teólogos, pero en Roma
algunos tienen miedo de que el pueblo sepa, de que el pueblo piense. Dicho todo
eso, a diferencia de algunos que se quieren "borrar" yo creo que
sigue siendo coherente vivir y trabajar desde dentro de la iglesia, como quiere
hacer Ariel. (X. Pikaza)
֎