teologia para leigos

5 de maio de 2018

A COMUNIDADE CRISTÃ E OS SEUS DIRIGENTES [PAUL HOFFMANN]




Cap. V - DA IGREJA DOS SACERDOTES À IGREJA DO POVO

"Nós somos o povo"
(divisa usada na manifestação de segunda-feira em Leipzig, em 1989)


Nas considerações que vêm a seguir, a minha preocupação principal será verificar como, dentro da perspectiva do Novo Testamento, se poderiam conceber futuramente as comunidades cristãs e, correspondentemente a isso, como se poderiam conceber os dirigentes das comunidades cristãs. Como ensina a experiência histórica, é aqui, na base da Igreja, e não nos escalões superiores da burocracia eclesiástica (ainda que ali se encontrem os centros da administração do poder eclesiástico), que se verificará se a comunidade cristã ainda tem condições de viver na sociedade moderna. Portanto, não se trata de desacreditar o sacerdote como dirigente da comunidade, já que, ele próprio, é o elo mais fraco e, do ponto de vista do direito, na cadeia hierárquica é o mais desprotegido. Trata-se, pelo contrário, de buscar uma forma de serviço sacerdotal que corresponda melhor ao paradigma neotestamentário da comunidade de irmãs e irmãos de Jesus e lhe permita exercer um serviço mais eficiente na comunidade. Isso implica, não só para os sacerdotes envolvidos, mas também para as comunidades, o difícil processo da compreensão mútua e da aprendizagem comum.
O exegeta, pela sua recordação dos dados da tradição neotestamentária, só pode dar contribuição modesta nesta questão. Com maior ou menor habilidade poderá mostrar as perspectivas do Novo Testamento. Todavia, a forma concreta da comunidade futura não será determinada apenas pela sua herança cristã ou pseudo-cristã, mas sim também pelas condições socioculturais da sociedade moderna. A comunidade cristã não constitui uma ilha de bem-aventurança no meio de um ambiente que se prefere apostrofar a si mesmo como ateu. Ela faz parte deste mundo e, quer queira quer não, está de múltiplas maneiras entrelaçada com as oportunidades e as calamidades do mundo. "Não há vida verdadeira no falso". Este aforismo de T. W. Adorno, na sua obra Minima Moralia, vale também para a Igreja cristã.
Consequentemente, o presente esboço, à medida que tenta desenvolver os dados do Novo Testamento com vistas a uma possível configuração futura da Igreja, representa apenas um dos lados de um processo bipolar. Do outro lado, exige-se a consciencialização da situação actual e das suas condições sociais, bem como da conciliação crítica criativa dos dois aspectos. Todavia, a experimentação da Igreja do amanhã só terá sucesso se as comunidades e seus dirigentes se empenharem neste processo de mediação: comprometidos com a inalienável herança de Jesus e solidários consigo mesmos e com o seu mundo actual.

Igreja como povo de Deus a caminho
Ainda que para a passagem do movimento carismático de Jesus à Igreja oficial tenhamos que pressupor leis sociológicas − pois um movimento carismático necessita de institucionalização se quiser sobreviver ao tempo, e, em última instância, necessita da "Igreja-grande-formato" para não se tornar seita e sucumbir ao perigo de se transformar em gueto −, com base na experiência histórica, não se pode esquecer que as formas institucionais originadas dependem das respectivas premissas socioculturais e da constelação histórica. Do ponto de vista puramente sociológico, as formas monárquica e democrática de poder são resultados igualmente possíveis do processo de institucionalização. A história das Igrejas cristãs permite constatar a existência de um vasto leque de alternativas.
Este fato também é passível de interpretação teológica. A pluralidade de formas institucionais está essencialmente relacionada com a historicidade da revelação. A experiência de Deus transmitida por Jesus não visava apenas uma nova relação com Deus, mas também uma nova maneira de convivência humana e, por isso, implicava necessariamente a formação de comunidades. A forma concreta que estas comunidades assumiram foi, sob múltiplos aspectos, consequência do livre jogo das forças históricas, mas ao mesmo tempo também dependeu do impulso original de Jesus que deu, mais ou menos às comunidades cristãs, a sua configuração característica.
Neste sentido as formas originadas têm a sua razão histórica e a sua legitimidade teológica. O cristão crente sempre descobrirá, na caminhada da Igreja através da história, os traços do Espírito que lhe foi prometido. Todavia, esta visão de fé não deverá levar a fechar os olhos às deficiências dependentes justamente do processo histórico. A forma histórica originada pode ser deficiente, quer em relação à herança de Jesus (que deve ser desenvolvida e aprofundada no processo da transmissão), quer em relação ao desafio da situação histórica (por causa de uma acomodação barata a essa situação), quer por cega recusa, que degrada a tradição ao nível de uma letra morta que sufoca a força vital e inovadora do Espírito.
Para a nossa visão cristã isso significa que também hoje devemos ver-nos como "povo de Deus a caminho", numa peregrinação através da história. O êxodo é tema permanente da Igreja. Isso exige de nós a coragem de constante mudança. As palavras de Jesus — "Aquele que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á, aquele que a perder, salvá-la-á." (Mc 8,35) — descrevem a lei da nossa vida pessoal mas também a lei da vida da Igreja.

          Comunidade de irmãs e de irmãos de Jesus
No centro da acção de Jesus está a experiência da bondade incondicional com que Deus se dedica a todo homem e assim torna presente o seu Reino no meio deste mundo mau. Prometendo a justiça de Deus aos pobres e injustiçados, curando os doentes e mantendo a comunhão com os pecadores e difamados, torna experienciável, no concreto, a acção da graça de Deus aos homens e abre-lhes novas possibilidades de vida. Então, só poderemos entender os ensinamentos de Jesus como uma tentativa de motivar os homens para agirem de acordo com essa bondade e assim — nas condições ainda reinantes deste eon — experimentarem a oportunidade de uma nova maneira de convivência. Não obstante a descontinuidade histórica que existe entre a pregação do Reino de Jesus e a Igreja posterior que lhe seguiu, temos aqui o dado primordial da Igreja, como aquela esfera em que poderá ser concretamente experimentada a graça de Deus entre os homens e através dos homens.
Jesus mostra surpreendente sensibilidade para aqueles pontos nevrálgicos das relações inter-humanas nos quais o homem corre o perigo de usar o seu próximo como objecto dos seus interesses ou de tornar-se ele próprio objecto de tal abuso. Assim, não surpreende que a questão do exercício do poder e da dominação sobre os outros seja tema da sua mensagem. Com base na tradição judaico-apocalíptica, Jesus sabe que as condições reinantes à sua época não eram as relações verdadeiras, as mais coerentes: então, para Jesus, Deus transformará os últimos em primeiros e os primeiros em últimos (Mc 10,31 entre outras passagens; cf. também Lc 1,51-53). Mas também aqui Jesus não se deixa ficar pela visão apocalíptica do futuro. Sob o signo do Reino de Deus que desponta, Jesus adverte os primeiros e os grandes, ou aqueles que pretendam sê-lo, a tornarem-se os últimos, escravos (Mc 9,35; 10,42-45; Mt 18,4; 20,25-28; 23,11; Lc 9,48; 22,24-27). Isso significa no mínimo a superação das estruturas de dominação que determinam o mundo, a favor de uma configuração isenta de dominação das relações inter-humanas, pela qual um se torna irmão e irmã do outro. Aqui está o fundamento da ideia mestra da comunidade cristã.
À luz disso, a comunidade cristã/igreja não pode ser concebida senão como comunhão de irmãs e irmãos de Jesus (Mc 3, 34ss). Mateus dá a esta realidade uma expressão inequívoca e válida, quando em 23, 8 enfatiza contra toda a forma de pretensão unilateral de dominação: ''Todos vós sois irmãos". Esta ideia de fraternidade e de renúncia à dominação marca toda a parenese das comunidades cristãs primitivas na admoestação para o amor e para a submissão mútua.[1] Assim, não admira que a Igreja antiga na sua autoconcepção e na sua prática fosse dominada por esta ideia do "amor mútuo" até ao fim da Antiguidade tardia, devendo precisamente a este fato o seu magnetismo para com os de fora. A muita citada frase "Vede como eles se amam" pode parecer banalizante e sentimental. Na verdade ela indica a característica constitutiva da comunidade cristã como de uma comunidade que deve a sua origem ao amor de Deus e que constantemente pode experimentar e deve praticar este amor na força do Espírito - "o vínculo do amor".
O processo de institucionalização, historicamente necessário, sobretudo a formação das estruturas burocrático-autoritárias que hoje caracterizam a Igreja romana, está em contradição com esta experiência eclesial primitiva. Instituição burocrática e fraternidade pela sua própria natureza excluem-se mutuamente, conforme constatou M. Weber com o olhar insubornável do sociólogo. Isso pode explicar o facto de o discurso sobre a fraternidade cristã, medida pela realidade vivida, parecer a muitos apenas uma farsa e olham, "a Igreja", como um frio aparelho de poder, que só pela ideologia é que ainda se distingue de outros sistemas autoritários. A isso se opõe hoje a consciência que, em muitos está novamente despertando, de que pela sua essência a Igreja deveria ser diferente. Mc 10, 43; Mt 20, 26; Lc 22, 26: a expressão "Não seja assim entre vós" assinala esse permanente desafio a que a Igreja não pode fugir. Assim, tudo depende da seguinte questão: conseguirá a Igreja, na sua vida, e inclusivamente nas suas estruturas, dar forma adequada e confiável a esta experiência eclesial original? Para muitos isso poderá parecer a quadratura do círculo. Para a fé significa o despontar do novo mundo de Deus, e neste sentido é um postulado inabdicável da sua esperança.
A realização da ideia da "comunidade fraterna cristã", conforme novamente vem mostrando a história da Igreja, não é isenta de perigos. A comunidade fraterna como "comunhão pessoal-emocional" pode tornar-se um círculo elitista ou uma seita, que, voltando-se sobre si mesma, perde o contacto com a realidade e, como minoria, se retrai num gueto eclesial. Este é um perigo que hoje se pode observar em movimentos carismáticos ou ainda em certas comunidades de vanguarda, mas também é relevante (em matéria de Igreja universal) quando se tenta compensar a silenciosa fuga das massas da Igreja com o discurso sobre o "pequeno rebanho" e, de tal redução, se esperar secretamente a conservação do status quo. Por isso o discurso sobre a comunidade fraterna cristã necessita do corretivo da "grande Igreja", da ecclesia de Deus que inclui todos os homens, do povo de Deus composto por todos os povos. Ou seja, uma visão de Igreja tal como sob muitos aspectos é atestada pelo Novo Testamento: do pragmatismo de Paulo que procura unir as comunidades heleno-cristãs locais entre si mas também uni-las ao cristianismo palestinense, até à visão do Apocalipse de João da tal "multidão incontável de todas as nações, tribos, povos e línguas" (7,9). A existência eclesial, comunitária, não possui finalidade em si mesma, mas está ao serviço daquela acção libertadora universal de Deus, que Jesus de Nazaré anunciou na sua mensagem do reino de Deus e que, pela sua própria actividade, começou a realizar. Portanto, nem a Igreja universal nem a comunidade local podem ser concebidas como sistemas "fechados", mas como sistemas "abertos", que constantemente ultrapassam as suas próprias fronteiras em direcção ao mundo, no qual se quer realizar o reino de Deus como reino de bondade e de paz, de justiça e de liberdade, ainda que neste mundo isso só seja possível como primícia e de modo fragmentado.
Por isso a Igreja não pode evitar os desafios sociais e políticos, da mesma forma como permanece sempre comprometida com a sua origem em Jesus, que deu a sua vida por muitos.

           A comunidade não precisa de muitos mediadores
A exegese mostra: o Novo Testamento não conhece o "sacerdote do culto" no sentido de oferente e mediador entre Deus e os homens, como autoridade da comunidade. O único mediador é o homem Jesus Cristo. Na sua morte — sacerdote e vítima ao mesmo tempo — Jesus, sobretudo conforme ensina a carta aos Hebreus, realizou de uma vez para sempre expiação e conciliação, e abriu para todos o livre acesso a Deus. Esta constatação contém em si uma reserva crítica em relação a qualquer tentativa de entender o presbítero cristão como "sacerdote" no sentido da história das religiões em geral ou no sentido da sociologia eclesial. Esta reserva põe em causa, em primeiro lugar, uma certa ideia de sacerdote muito difundida na piedade popular católica, e que continua a ser cultivada em sermões de «primeira missa» e livros sobre sacerdotes, e que muito influencia as consciências. Com mais razão ainda proíbe ver potenciada esta mediação no bispo ou no Papa. A reserva dirige-se também contra modernas tentativas de, numa espécie de concepção secularizada do sacerdote, atribuir ao presbítero o papel de terapeuta, médico, exorcista ou guru.
Mas a constatação exegética de que falamos também questiona a autoconcepção das comunidades cristãs. Por que carga de água, especialmente os cristãos católicos, projectam tais expectativas de função nos membros do clero? Não indicará, isso, uma grande deficiência da autoconcepção do cristão individual? Não se trata de encontrar culpados. Diante da actual distribuição de papéis nas comunidades, a responsabilidade maior pelas deficiências da fé cabe aos "pastores", não ao "rebanho", ainda que aqueles muitas vezes sejam apenas vítimas da sua socialização. Hoje temos de responder pelas consequências de uma funesta história da "pastoral", que foi determinada pelo medo e pela descrença, e não pela confiança na assistência do Espírito, que é prometido à Igreja como um todo e a todos na Igreja.
Na visão do Novo Testamento cada membro da comunidade deveria ser determinado pela experiência cristã original do livre acesso a Deus: não recebemos o espírito da escravidão, mas o espírito da filiação pelo qual chamamos a Deus pela palavra «Pai»: somos filhas e filhos de Deus, herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo (cf. Rm 8,15-17). Quando o Apocalipse atribui a todos, na comunidade, a dignidade de sumos-sacerdotes e senhores, põe todos os baptizados naquele contacto directo com Deus e naquela soberania senhorial indicada por estas imagens antigas: o homem real e o sumo-sacerdote como a essência do homem redimido, que se tornou independente de intermediários humanos e dominadores terrenos. Ou seja, a comunidade como lugar do contacto directo com Deus e como lugar da liberdade face à dominação.
É somente sobre esta base que se pode buscar uma relação comunitária cristã. A imagem do "pastor e do rebanho", que originalmente se referia a Cristo e aos seus, considerada sob o aspecto da relação entre o sacerdote e a comunidade, aparece não só como inadequada, como também contrária à fé cristã, porque degrada os membros da comunidade a objectos da pastoral. Estes devem ser levados a sério mas como "sujeitos de fé", por mais deficiente que seja a sua autoconcepção cristã. Se muitas vezes parecem ser apenas "subordinados", só o são porque foram postos sob tutela.[2]
Por isso na actual situação de transição, a tarefa principal de todos os responsáveis na comunidade, especialmente do dirigente da comunidade, é o serviço na fé: deve estimular suas irmãs e seus irmãos cristãos para a maturidade (quando esta ainda é pobre ou até esteja em falta) e aceitá-la quando esses irmãos já estruturaram sua vida pessoal e comunitária a partir desta consciência. Deverá entender-se a si mesmo como parceiro numa história de fé comum, na qual antes de mais nada também ele (o que foi ordenado presbítero ou bispo) está inserido com a sua fé e a sua descrença, frequentemente ouvindo e aprendendo, recebendo estímulo e nem sempre ensinando ou encorajando.
Daqui também decorrem algumas consequências para a configuração do culto divino cristão, especialmente para a celebração da eucaristia. Em correspondência com uma falsa ideia de sacerdote, para muitos a Eucaristia é vista demasiado unilateralmente a partir da ideia de «sacrifício». Sem dúvida faz parte desta celebração a memória da morte de Jesus a qual, correctamente entendida, significa a "actualização" da morte de Jesus na cruz, pela qual não cessamos de ser envolvidos na origem da nossa redenção e liberdade. Ora, no centro do culto cristão não está o altar, no qual um "sacerdote" dotado de poder sacral realiza um sublimado ritual sacrificial, mas a mesa ao redor da qual o Kyrios reúne a sua comunidade. Ao participarem todos do mesmo pão e do mesmo cálice tornam-se seu corpo, constituem-se em comunidade de irmãs e irmãos, em nova aliança, na qual lhes é tirado o coração de pedra e lhes é implantado um coração de carne (Ez 36,26; Jr 31,31). Assim, antecipam a visão da refeição do fim dos tempos que Deus quer preparar para todos os povos (Is 25,6), como refeição dos libertados, que aqui se recordam da sua origem na acção libertadora de Jesus e incessantemente se reanimam e se comprometem a empenhar-se, no mundo, contra a situação de injustiça e violência dominante, em favor daquela visão de uma nova humanidade libertada, redimida. Assim, o dia-a-dia do mundo é o lugar do verdadeiro culto divino, onde cada qual deve realizar o serviço da reconciliação entre o homem e Deus e de os homens entre si.
 Com isto não se nega a função de um dirigente responsável pela celebração da eucaristia. Ela apenas necessita de uma integração mais consciente no todo da celebração da ceia do Senhor, cuja base, de acordo com a tradição eclesial, é a Igreja universal, e não o sacerdote individual. Se ele, aqui no contexto de uma acção simbólica religiosa, age "in persona Christi", representa aquele anfitrião que se tornou servidor de todos. Assim a celebração deve ser expressão daquela radical pró-existência de Jesus, que até viveu para os outros a sua própria morte na cruz. O símbolo sacramental está comprometido com este typos primordial. Isso significa que na configuração concreta da acção simbólica deve ser evitado todo gesto que converta a sua intenção original no seu oposto e — consciente ou inconscientemente — reproduza opressão em vez de libertação. Se considerarmos os nossos espaços de culto, a contradição é mais que evidente. Com poucas excepções, arquitectonicamente os espaços de culto não dão uma forma adequada à ideia comunitária da refeição cristã. A sua disposição é muito mais frequentemente expressão das estruturas repressivas que dominam as comunidades cristãs.

       Autoridade é serviço
   Se de acordo com o Novo Testamento o livre encontro entre Deus e a sua comunidade é constitutivo da auto-compreensão cristã, com isso também está mencionada a condição sob a qual se pode falar de direcção e de "autoridade" de direcção na Igreja. (…)


Paul Hoffmann
«Da Igreja dos sacerdotes à Igreja do povo», cap. V (pp. 99-137) de "A herança de Jesus e o poder na Igreja", Paulus, São Paulo/Brasil 1998 (excerto).








[1] Cf. Juan Antonio Estrada, «Igreja, fraternidade laical», blog  A SALA DE CIMA, 13-11-2014: